Enquadramento: A síndrome de burnout associada ao stresse tem sido documentada em profissionais de saúde de muitas especialidades, sendo o pré-hospitalar um ambiente altamente stressante. Portanto, este estudo foi realizado para estudar os determinantes do burnout em enfermeiros que exercem no pré-hospitalar Objetivos: Identificar as variáveis sociodemográficas e socioprofissionais que interferem no burnout em enfermeiros do pré-hospitalar; determinar se o apoio em relação aos amigos interfere no burnout em enfermeiros do pré-hospitalar; verificar se existe relação ente as variáveis contextuais ao trabalho e oburnout em enfermeiros do pré-hospitalar; verificar se existe relação entre o estilo de vida e o burnout em enfermeiros do pré-hospitalar; verificar se existe relação entre as variáveis contextuais à saúde e o burnout em enfermeiros do pré-hospitalar; determinar se existe relação entre o burnout em enfermeiros do pré-hospitalar e a inteligência emocional. Métodos: Estudo quantitativo, com corte transversal, descritivo analítico-correlacional. Os dados foram colhidos junto de 139 enfermeiros a exercerem no INEM a nível de Portugal continental, maioritariamente do género masculino (60,4%) e na faixa etária dos 30-39 anos (56,8%). O instrumento de recolha de dados contém um questionário de caracterização sociodemográfica e profissional, estilos de vida, contexto de trabalho, a Escala de Apgar Familiar (Smilkstein, 1978), versão portuguesa de Agostinho e Rebelo (1988), o Inventário de Burnout de Maslach (MBI), Maslach e Jackson (1978), versão de Carlotto e Câmara (2004) e a Escala de Inteligência Emocional validada para a população portuguesa por Rego e Fernandes (2005). Resultados: As estatísticas relativas ao burnout indicam uma média mais elevada para a realização pessoal (M=4,14±1,03), seguindo-se a exaustão emocional (M=2,22±1,18). Os enfermeiros do género masculino têm níveis superiores de despersonalização (p=0,019). Os enfermeiros que residem no mesmo concelho onde trabalham têm maiores níveis de exaustão emocional e de despersonalização (p=0,048). Os participantes inseridos em famílias com maior funcionalidade apresentam níveis inferiores de exaustão emocional (p=0,003) e de despersonalização (p=0,04) e níveis superiores de realização profissional (p=0,002). Os enfermeiros com um contrato por tempo indeterminado têm níveis de exaustão emocional e de despersonalização inferiores (p=0,003). Os enfermeiros que deixariam a instituição onde trabalham, caso pudessem, apresentam maior exaustão emocional, maior despersonalização e menor realização profissional (p=0,000). Os enfermeiros muito satisfeitos com o seu trabalho revelam mais realização profissional, menor exaustão emocional e menor despersonalização (exaustão emocional p=0,000; despersonalização p=0,000; realização profissional p=0,000); os que têm muito boas relações com os colegas de trabalho revelam menor exaustão emocional, sendo os que admitem ter más relações com os colegas de aqueles que apresentam mais despersonalização, com maior realização profissional os enfermeiros que têm muito más relações com os colegas de trabalho, (exaustão emocional p=0,000; despersonalização p=0,000; realização profissional p=0,008); com maior exaustão emocional os enfermeiros que consideram o seu trabalho bastante stressante e com maior realização profissional os que avaliam o seu trabalho como pouco stressante (exaustão emocional p=0,000). Os enfermeiros que já recorreram ao serviço de psicologia do INEM e/ou outro apresentam um nível de exaustão emocional e de despersonalização superior, revelando mais realização profissional (exaustão emocional p=0,040); os enfermeiros que consideram a sua saúde como “muito boa” têm menores níveis de exaustão emocional, enquanto os que consideram a sua saúde como “pouco boa” apresentam maiores níveis de exaustão emocional (p=0,001), aqueles que manifestam mais despersonalização avaliam a sua saúde como “pouco boa” e os que a avaliam como “muito boa” revelam mais realização profissional. O autocontrolo perante as críticas, a empatia, a compreensão das emoções próprias, o auto-encorajamento, a compreensão das emoções dos outros e o autocontrolo emocional são variáveis preditoras de burnout. Conclusão: O ambiente de trabalho determina as tensões físicas, sociais e mentais, que afetam a saúde dos enfermeiros. A equipa de enfermagem do pré-hospitalar, devido à natureza peculiar do seu trabalho, está exposta às tensões de situações de emergência que podem afetar a sua saúde, resultando em burnout. Abstract Background: Stress-related burnout syndrome has been documented in health professionals in many specialties, with prehospital being a highly stressful environment. Therefore, this study was conducted to study the determinants of burnout in prehospital nurses Objectives: To identify sociodemographic and professional variables that interfere with burnout in prehospital nurses; to determine if support for friends interferes with burnout in prehospital nurses; verify if there is a relationship between the contextual variables at work and oburnout in prehospital nurses; to verify if there is a relationship between lifestyle and burnout in prehospital nurses; to verify if there is a relation between the contextual variables to health and burnout in prehospital nurses; to determine if there is a relationship between burnout in prehospital nurses and emotional intelligence. Methods: Quantitative study, with cross-sectional, analytical-correlational descriptive. Data were collected from 139 nurses working in the INEM in mainland Portugal, mostly male (60.4%) and in the age group of 30-39 (56.8%). The data collection instrument contains a sociodemographic and professional characterization questionnaire, lifestyles, work context, the Family Apgar Scale (Smilkstein, 1978), the Portuguese version of Agostinho and Rebelo (1988), the Maslach Burnout Inventory (MBI), Maslach and Jackson (1978), Carlotto and Câmara version (2004) and the Emotional Intelligence Scale validated for the Portuguese population by Rego and Fernandes (2005). Results: Burnout statistics indicate a higher mean for personal performance (M=4.14±1.03), followed by emotional exhaustion (M=2.22±1.18). Male nurses have higher levels of depersonalization (p=0.019). Nurses residing in the same municipality where they work have higher levels of emotional exhaustion and depersonalization (p=0.048). Participants enrolled in families with greater functionality presented lower levels of emotional exhaustion (p=0.003) and depersonalization (p = 0.04) and higher levels of professional achievement (p=0.002). Nurses with an indeterminate contract have lower levels of emotional exhaustion and depersonalization (p=0.003). Nurses who would leave the institution where they work, if they could, present greater emotional exhaustion, greater depersonalization and lower professional achievement (p=0.000). Nurses very satisfied with their work show more professional achievement, less emotional exhaustion and less depersonalization (emotional exhaustion p=0.000; depersonalization p=0.000; professional achievement p=0.000); those who have very good relations with work colleagues reveal less emotional exhaustion, being those who admit to having bad relations with the colleagues of those who present more depersonalization, with greater professional achievement the nurses who have much worse relations with the work colleagues, (emotional exhaustion p=0.000, depersonalization p=0.000, professional achievement p=0.008); with more emotional exhaustion, nurses who consider their work to be quite stressful and with greater professional achievement are those who evaluate their work as less stressful (emotional exhaustion p=0.000). Nurses who have already applied to the INEM psychology department and/or others present a level of emotional exhaustion and superior depersonalization, revealing more professional achievement (emotional exhaustion p=0.040); nurses who consider their health as "very good" have lower levels of emotional exhaustion, while those who consider their health as "poor" have higher levels of emotional exhaustion (p=0.001), those with more depersonalization their health as "poor" and those who rate it as "very good" show more professional achievement. Self-control over criticism, empathy, understanding of one's emotions, self-encouragement, understanding of others' emotions, and emotional self-control are predictors of burnout. Conclusion: The work environment determines the physical, social and mental tensions that affect nurses' health. The prehospital nursing team, due to the peculiar nature of their work, is exposed to the tensions of emergency situations that can affect their health, resulting in burnout.