O Sistema de Triagem de Manchester (STM) é utilizado na classificação de pacientes nos prontos socorros de Minas Gerais, Brasil. O STM define a prioridade clínica e o tempo recomendado de atendimento do paciente desde a entrada na unidade até o atendimento médico. O objetivo deste estudo foi analisar o valor de predição do STM em relação à evolução clínica dos usuários de um hospital do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. Trata-se de um estudo observacional prospectivo realizado com pacientes admitidos no Pronto Socorro (PS) da Santa Casa de Caridade de Diamantina-MG que passaram pelo processo de classificação de risco. Foram excluídos os pacientes transferidos para outro hospital, os que receberam alta ou faleceram antes das 24 horas da coleta de dados e os menores de 18 anos. A coleta de dados foi realizada através de questionário semi-estruturado. Para mensurar a gravidade dos pacientes (desfecho primário) foi utilizado o Therapeutic Intervention Scoring System 28 (TISS-28). Foram avaliados os desfechos secundários: óbito, alta/transferência e tempo de permanência hospitalar. Para a caracterização dos pacientes foram utilizadas estatísticas descritivas com análise de frequência e inferencial. A associação entre as variáveis qualitativas foi feita pelo teste qui-quadrado. A relação entre a média de pontuação recebida no TISS-28 e o tempo de permanência em cada grupo de classificação foi verificada pelo teste de Kruskall-Wallis. Foi adotado nível de significância de p 0,05. Posteriormente, foi realizado teste de Mann-Whitney. A força de associação entre variáveis foi calculada pelo Odds Ratio (OR), intervalo de confiança de 95%. Para controlar variáveis de confusão foi realizada a regressão logística. Dos 577 pacientes classificados, 335 (58,1%) eram do sexo masculino, média de idade de 58,7 anos. Os pacientes foram classificados nas cores vermelha (3,6%), laranja (27,4%), amarelo (46,3%), verde (10,7%), azul (0,2%), branca (11,8%). Em relação aos encaminhamentos, o PS foi usado pela população como a principal porta de acesso ao serviço de saúde (38,3%). As principais queixas foram: mal estar no adulto (22,5%), dispneia em adulto (14,0%), dor abdominal em adulto (10,0%), alterações de comportamento (5,9%). A média de pontuação no TISS-28 nos pacientes classificados na cor vermelha foi de 27,9 pontos, na cor laranja de 17,1 pontos, na cor amarela de 14,7 pontos, na cor verde de 13,5 pontos e na cor branca de 12,2 pontos. Os pacientes classificados na cor vermelha tinham 10,7 vezes mais chances de ter uma pontuação acima de 14 no TISS-28 do que nas demais cores. Quanto ao desfecho final, 83,5% ganhou alta. Proporcionalmente, foi encontrado mais óbitos nos pacientes classificados nos grupos de classificação de pacientes mais graves: 42,8% vermelho, 17,0% laranja e 8,9% amarelo. Entre os pacientes verdes, 9,6% evoluiu para o óbito e, 7,3% dos brancos, também tiveram esse mesmo desfecho. Pacientes classificados como vermelho tinham 5,9 vezes mais chances de evolução para óbito quando comparados aos classificados nas outras cores. Quanto ao tempo de permanência hospitalar, a média de dias de internação decresce na mesma ordem de complexidade dos pacientes: vermelho (10,6 dias), laranja (8,5 dias), amarelo (6,9 dias), verde (6,9 dias), branco (4,9 dias). Pacientes de alta prioridade de atendimento tinham 1,5 vezes mais chances de ficar internado mais de 5 dias do que os de baixa prioridade clínica. Conclui-se que o STM se mostrou um bom preditor para a gravidade clínica, para os desfechos secundários alta/transferência e óbito e, também, para o tempo de permanência hospitalar. The Manchester Triage System (MTS) is used in the classification of patients in the emergency rooms of Minas Gerais, Brazil. The MTS defines the clinical priority and recommended time of patient care from the entrance drive to the doctor in attendance. The aim of this study was to analyze the predictive value of the MTS to the clinical evolution of the patients of a hospital in Jequitinhonha Vale in Minas Gerais. This is a prospective observational study of patients admitted to the Emergency Department (ED) of the Santa Casa of Diamantina - MG that passed through the rating process. Patients transferred to another hospital, those who died or were discharged before 24 hours of data collection and those under the age of 18 years old were excluded. Data collection was conducted through semi-structured questionnaire. In order to measure the severity of patients (primary outcome) the Therapeutic Intervention Scoring System (TISS-28) was used. Secondary outcomes were evaluated: death, discharge/transfer and length of hospital stay. Descriptive statistics and inferential frequency analysis were used to characterize patients. The association between qualitative variables was performed by chi- square test. The relationship between the average score received in TISS-28 and time spent in each classification group was tested by Kruskal-Wallis test. Significance level of p 0.05 was adopted. Subsequently the Mann-Whitney test was applied. The strength of association between variables was estimated by odds ratio (OR), confidence interval of 95%. In order to control confounding variables, a logistic regression was performed. From the 577 patients classified 335 (58.1%) were male, mean age 58.7 years. Patients were classified in colors red (3.6%), orange (27.4%), yellow (46.3%), white (10.7%), blue (0.2%), white (11.8%). In relation to referrals, the PS was used by the population as the main gateway to the health service (38.3%). The main complaints were: malaise in adults (22.5%), dyspnea in adults (14.0%), abdominal pain in adults (10.0%), behavioral changes (5.9%). The mean TISS-28 score in patients classified in red was 27.9 points, in orange 17.1, in color yellow 14.7 points, 13.5 points in green and 12,2 points in white. Patients classified in red had 10.7 times more chances to have a score above 14 in TISS-28 than in the other colors. As to the final outcome, 83.5% was discharged. Proportionally was found more deaths among patients in the group of most severe classification: 42.8% red, 17.0% orange and 8.9% yellow. It was found that 9.6% of green patients died during follow up, and 7.3% of whites also had the same outcome. Patients classified as red were 5.9 times more chances of progression to death compared to those classified in other colors. Regarding the time of hospitalization the average length of hospital stay decreased in the same order of complexity of patients: red (10.6 days), orange (8.5 days), yellow (6.9 days), green (6.9 days), white (4.9 days). Patients high priority treatments were 1.5 times more chance to be hospitalized for more than 5 days of low clinical priority. We conclude that the MTS has proved to be a good predictor of clinical severity, for high/transfer and death secondary outcome and also for the hospital stay.