Orientador: Cesar Cabello dos Santos Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas Resumo: OBJETIVO: Comparar o padrão de densidade mamográfica em três grupos populacionais de mulheres (índigenas Terena e não indígenas, com ou sem câncer de mama). SUJEITOS E MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo analítico para avaliar as densidades mamográficas de três grupos: indígenas Terena (índias); não indígenas sem câncer de mama (não-câncer) e não indígenas com câncer de mama (câncer), atendidas no Centro Especializado Municipal da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande -MS, no período de janeiro de 2003 a janeiro de 2005. Foi analisada uma amostragem de 50 índias, 49 não-câncer e 52 com câncer de mama. As mamografias foram interpretadas segundo classificação de Wolfe - N1P1 (não densa) e P2DY (densa) e pelo método de digitalização indireta de imagens - percentual fibroglandular maior ou igual 19,4% (nível III). Os dados foram analisados através dos testes qui-quadrado, exato de Fisher, ANOVA (seguida de Tukey) ou Kruskall-Wallis (seguido de Wilcoxon) e odds ratio (IC95%). Para a análise multivariada utilizou-se regressão logística com critérios de seleção stepwise. RESULTADOS: Segundo a classificação de Wolfe, o risco de as mulheres com câncer terem mamas densas, quando comparadas às índias, foi de 4,20 (1,81-9,73) e quando comparadas às sem câncer foi de 4,09 (1,76-9,49). Ao ser ajustado por faixa etária e menopausa, o risco passou para 5,77 (2,04-16,34) e para 1,62 (0,59-4,45) respectivamente. Ao ser ajustado por paridade, tempo de amamentação, faixa etária e menopausa, o risco das mulheres com câncer terem mamas mais densas do que as índias foi de 2,11 (0,5-8,9). Pela digitalização indireta de imagens, o risco de mama nível III (percentual fibroglandular maior ou igual a 19,4%) nas mulheres com câncer foi de 9,2 (3,48-24,33), quando comparadas às indígenas, e de 4,17 (1,71- 10,19) quando comparadas às não-câncer. Ao ser ajustado por faixa etária e/ou menopausa, o risco da mulher com câncer passou para 1,94 (0,65-5,47) quando comparada às não-câncer, e para 9,50 (3,2-28,19) comparada às indígenas. Ao ser ajustado por menopausa, tempo de amamentação, paridade e índice de massa corporal (IMC), o risco de ter mamas densas da mulher com câncer passou para 5,30 (1,64-17,32) comparada às indígenas. CONCLUSÕES: As mulheres com câncer de mama apresentaram mamas mais densas que as dos outros dois grupos, de acordo com os dois métodos de avaliação de densidade. Segundo Wolfe, os três grupos teriam o mesmo risco de mamas densas (P2DY) se possuíssem idade, menopausa, paridade e tempo de amamentação semelhantes. No entanto, ao serem avaliadas pela digitalização indireta das mamografias, as mulheres indígenas tiveram mamas menos densas, não somente devido ao seu padrão reprodutivo de muitos filhos e tempo de amamentação prolongado, mas talvez pela própria etnia indígena Abstract: OBJECTIVE: To compare mammographic density patterns in three population groups of women in Mato Grosso do Sul, southwestern Brazil (indigenous Terena, and non-indigenous women with or without breast cancer). SUBJECTS AND METHODS: An analytical retrospective study was conducted to evaluate three groups: non-indigenous women with and without breast cancer and cancer-free indigenous Terena women. Mammograms were evaluated according to Wolfe¿s criteria - N1P1 (no dense) and P2DY (dense) and by digital imaging - level III: percentage of fibroglandular superior or equal to 19.4%. Data analysis made use of the chi-squared test, Fisher¿s exact test, ANOVA (followed by Tukey¿s) or Kruskal¿Wallis (followed by Wilcoxon¿s) and odds ratio estimation (95% Cl). Stepwise logistic regression was used for multivariate analysis. RESULTS: As evaluated by Wolfe¿s criteria, the relative risk of dense breast occurrence in nonindigenous women with breast cancer was 4.20 (1.81-9.73) in relation to cancerfree indigenous women and 4.09 (1.76-9.49) in relation to cancer-free nonindigenous ones. When adjusted for age and menopause, these two values changed to 5.77 (2.04-16.34) and 1.62 (0.59-4.45), respectively. When adjusted for parity, lactation, age and menopause, the relative risk of dense breast occurrence in non-indigenous women with breast cancer decreased to 2.11 (0.50-8.9) in relation to cancer-free indigenous women. As evaluated by digital imaging, the relative risk of level III breast occurrence in non-indigenous women with breast cancer was 9.20 (3.48-24.33) in comparison with cancer-free indigenous women and 4.17 (1.71-10.19) when compared with cancer-free nonindigenous ones. When adjusted for age and/or menopause, the relative risk of level III (percentage of fibroglandular superior or equal to 19.4%) breast occurrence in non-indigenous women with breast cancer changed to 1.94 (0.65-5.47) as compared with cancer-free non-indigenous women and to 9.50 (3.20-28.19) when compared with cancer-free indigenous ones. When adjusted for parity, lactation, menopause and BMI, the relative risk of dense breast occurrence in non-indigenous women with breast cancer changed to 5.30 (1.64-17.32) in relation to cancer-free indigenous women. CONCLUSIONS: Non-indigenous women with breast cancer had denser breasts than those in the other two groups, according to both density evaluation methods. Evaluation under Wolfe¿s criteria showed that all three groups would have similar mammographic densities if they were similar in age and menopausal, parity and lactation status. However, when evaluated by indirect digitalization of mammographies, indigenous women had less dense breasts, not only due to their reproductive pattern of having many children and breastfeeding for a prolonged period, but also because of their own Indigenous ethnic grou Doutorado Tocoginecologia Doutor em Tocoginecologia