Objetivou-se investigar a associação entre o sódio com a pressão arterial (PA), o estado nutricional e o perfil lipídico de mulheres hipertensas. Para tanto, realizou-se um estudo transversal analítico, entre 2014 e 2015, com mulheres entre 20 e 59 anos, hipertensas e não diabéticas, atendidas em unidades de saúde de Maceió, Alagoas. Abordaram-se aspectos socioeconômicos, demográficos, clínicos e de estilo de vida. Aferiram-se medidas antropométricas e de PA. Realizaram-se exames laboratoriais (colesterol total – CT, triglicerídeos) e estimou-se a composição corporal, através de dados obtidos pela bioimpedância elétrica. A coleta de urina de 24 horas, considerada o método padrão-ouro para a avaliação da ingestão de sódio, foi utilizada. Na análise dos dados, empregaram-se técnicas estatísticas descritivas, testes de associação pelo qui-quadrado de Pearson, correlação de Pearson e regressão linear. Adotou-se um nível de significância de 5%. Foram avaliadas 173 mulheres hipertensas, entre 28 e 59 (48,8±7,7) anos, predominantemente não brancas (83,2%), em uso de medicação anti-hipertensiva (94,2%) e com ingestão de sódio entre 0,76g e 13,0g (3,66±1,94g), estando 81,5% com consumo superior aos 2g/dia recomendados. Distribuindo as mulheres hipertensas segundo a ingestão de sódio em tercis, ficaram abaixo do 1º tercil e acima do 3º tercil, aquelas que apresentaram ingestão menor que 2,60g e maior que 4,21g, respectivamente. Não foram encontradas diferenças nas características dessas mulheres, de acordo com essa distribuição. Não houve associação dos extremos de ingestão de sódio (3º tercil) com PA, estado nutricional e perfil lipídico. Investigando-se a influência da ingestão de sódio e de variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e antropométricas no CT das mulheres hipertensas avaliadas, encontrou-se que ingestão de sódio (β= -3,30; p= 0,03) e idade (β= 1,43, p= 0,001) foram as variáveis que explicaram estatisticamente as variações no CT. Categorizando-se essas mulheres segundo o excesso de peso (índice de massa corporal – IMC≥25,0kg/m²), evidenciou-se que, naquelas que apresentaram essa condição, essas duas variáveis independentes, idade e ingestão de sódio, explicaram estatisticamente as variações no CT. Esses resultados levaram a concluir que a ingestão de sódio e o CT apresentaram relação inversa, indicando que a restrição desse micronutriente pode elevar os níveis desse lipídio. Por outro lado, nessa amostra, o sódio não esteve associado a PA, o que talvez tenha ocorrido porque o estudo foi desenvolvido com mulheres, em sua maioria em tratamento com medicamento hipotensor, o que pode ter influenciado ou mascarado essa relação. Sabendo-se do desafio de portadores de hipertensão frente à adesão à dieta hipossódica e, ainda, que essa dieta pode causar problemas metabólicos, a realização de outros estudos, que visem elucidar os efeitos da restrição de sódio no tratamento anti-hipertensivo e explorar a necessidade dessa restrição, se faz necessária. The objective of this study was to investigate the association of sodium with blood pressure (BP), nutritional status and lipid profile of hypertensive women. A cross-sectional study was carried out between 2014 and 2015 with hypertensive and non-diabetic women, aged 20 to 59 years, recruited at the primary healthcare units of Maceió, Alagoas. Socioeconomic, demographic, clinical and lifestyle data were obtained. Anthropometric data and BP were measured. Biochemical tests (total cholesterol – TC and triglycerides) were performed and body composition was estimated by bioimpedance. The 24-hour urine collection, which is considered the standard gold standard for the evaluation of sodium intake, was used. Data analysis included descriptive statistical techniques, Pearson chi-square test, Pearson correlation and linear regression. A significance level of 5% was adopted. A total of 173 hypertensive women, aged 28 to 59 (48.8±7.7) years, predominantly non-white (83.2%) and using antihypertensive medication (94.2%) were investigated. Sodium intake ranged from 0.76g to 13.0g (3.66±1.94). 81.5% of the hypertensive women were with sodium intake higher than the 2g/day recommended. Categorizing sodium intake in tertiles, below the 1st tertile and above the 3rd tertile were the hypertensive women who ingested less than 2.60g and more than 4.21g of sodium, respectively. No differences were found in the characteristics of these women, according to these categories. There was no association between sodium intake below the 1st tertile and above the 3rd tertile and changes in BP, nutritional status and lipid profile. Investigating the influence of sodium intake and sociodemographic, lifestyle and anthropometric variables on TC of the hypertensive women evaluated, sodium intake (β = -3.30, p = 0.03) and age (β = 1.43, p = 0.001) were the variables that explained statistically the variations in the TC. When hypertensive women were categorized according to the excess weight (body mass index - BMI ≥ 25.0 kg/m²), it was found that, in those who presented this condition, these two independent variables, age and sodium intake, explained statistically the variations in the TC. These results led to the conclusion that sodium intake and TC showed an inverse relationship, indicating that the restriction of this micronutrient can raise levels of this lipid. On the other hand, in this sample, sodium was not associated with BP, which may have occurred because the study was developed with women mostly on hypotensive medication, which may have influenced or masked this relationship. Considering the challenge of hypertensive patients in relation to adherence to low sodium diet and knowing that this diet can cause metabolic disorders, further studies are required to elucidate the effects of sodium restriction on antihypertensive treatment and to explore the need for this restriction.