O tema de tese que agora se apresenta teve por base um estágio que colocou em parceria o Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC) da Universidade de Aveiro (UA) e o Grupo Mota Soluções Cerâmicas, S.A. (MCS). O trabalho centrou-se na caracterização de uma pasta de porcelana cordierítica, destinada ao fabrico de louça utilitária de porcelana com resistência ao choque térmico superior à da porcelana tradicional. Neste enquadramento, o documento contempla: i) uma breve apresentação da empresa, ii) uma revisão bibliográfica acerca da porcelana e da capacidade de resistência ao choque térmico de materiais cerâmicos, iii) uma breve referência e análise a diagramas de fases ternários, com particular detalhe para o diagrama sílica – alumina – magnésia, do qual faz parte a cordierite, iv) uma descrição da influência que o coeficiente de expansão térmica dos materiais tem na sua resistência ao choque térmico e em particular de que forma se espera que a cordierite aumente a resistência ao choque térmico da porcelana, e v) a caracterização físico-química de uma pasta de porcelana cordierítica, a partir de ensaios laboratoriais, nomeadamente microscopia eletrónica de varrimento (SEM), difração de raios X (DRX), análise térmica dilatométrica (DIL), densidades pelo princípio de Arquimedes e por picnometria de hélio, ensaios mecânicos de resistência à flexão, deformação piroplástica e, finalmente, análise de cor (espaço de cores CEILab). A pasta foi cozida segundo seis curvas distintas, em atmosfera oxidante e temperatura máxima de 1.330, 1.350 e 1.370 ºC, com e sem tratamento térmico a 1.150 ºC no arrefecimento. Estas condições de cozedura permitiram a cristalização de cordierite em teores mássicos superiores a 50%. Como consequência, o valor do coeficiente de expansão térmica da pasta atingiu valores médios (100 a 650 ºC) próximos de 3,5x10⁻⁶ ºC⁻¹, mais baixos que os da porcelana tradicional, de 5,0x10⁻⁶ ºC⁻¹, aproximadamente. A resistência mecânica da pasta refletiu-se em valores de módulo de resistência mecânica muito elevados, que chegaram a atingir 90 MPa. A proeminência desta característica foi acompanhada de um elevado grau de brancura, com valores de L superiores a 90. Estas características da pasta, juntamente com outras tantas descritas neste relatório, indicam que esta formulação poderá produzir, sob as condições de cozedura adequadas, louça utilitária de porcelana resistente ao choque térmico. The thesis subject now presented is based on a partnership between the Materials and Ceramics Engineering Department (DEMaC) of University of Aveiro (UA) and the Mota Ceramics Solutions Group, S.A. (MCS). The internship was focused on the characterisation of a cordieritic porcelain intended to produce porcelain tableware with a higher value of thermal shock resistance when compared to the traditional porcelain. In that context, the present report accounts for: i) a brief note related to the company, ii) a literature review on porcelain and on shock thermal resistance of ceramic materials, iii) a brief analysis of ternary phase diagrams, with special attention to silica – alumina – magnesia phase diagram, as it contains the cordierite phase, iv) a review on the impact that thermal expansion coefficient of a material has on its thermal shock resistance and how the incorporation of the cordierite phase is expected to increase this last property, and v) the physical and chemical characterisation of cordieritic porcelain, by experimental techniques such as scanning electronic microscopy (SEM), X-ray diffraction (DRX), dilatometric thermal analyses (DIL), density by Archimedes principle and helium pycnometry, module of rupture (MOR), pyroplastic deformation and, finally, CIELab analysis. The porcelain bodies were fired under six different conditions, upon the maximum temperatures of 1.330, 1.350 and 1.370 ºC, with and without a thermal treatment, at 1.150 ºC during the cooling stage. As a result, the bodies were composed of cordierite in more than 50 wt.%. For that reason, it’s mean thermal expansion coefficient (from 100 to 650 ºC) went down to 3,5x10⁻⁶ ºC⁻¹, smaller than the coefficient of traditional porcelain, typically situated around 5,0x10⁻⁶ ºC⁻¹. In terms of mechanical strength, the ceramic bodies presented values of MOR up to 90 MPa. This characteristic was followed by its whiteness, distinguished by a L parameter higher than 90. These four characteristics, joined by many others described in the present report, indicate that this formulation could produce, under the right firing conditions, porcelain tableware resistant to thermal shocks. Mestrado em Engenharia de Materiais