1. 'Viver sempre junto' : uma abordagem etnográfica das escolhas e protagonismos políticos quilombolas no sul do Brasil
- Author
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Santos, Vanessa Flores dos and Jardim, Denise Fagundes
- Subjects
Political prominence ,Quilombos ,Quilombola communities ,Políticas públicas ,Piratini (RS) ,Acesso ao ensino superior ,Public policies ,Antropologia social ,Comunidades quilombolas - Abstract
Este trabalho tem por objetivo incidir a respeito de variadas experiências sociais que congregam formas de protagonismos políticos engendradas por lideranças negras e comunidades quilombolas, e as escolhas por caminhos distintos no que diz respeito a suas avaliações e decisões quanto aos diálogos com esferas do poder público e acessos às políticas públicas. Considerando as condições de possibilidade de projetos e interlocuções que chegam e acontecem em cada localidade, também o trabalho etnográfico junto a comunidades remanescentes de quilombo é posto em avaliação, ao contrastar a receptividade ou não dos grupos à própria pesquisa emergem acúmulos de experiências distintas no manejo das vidas em comum e das novas relações nas lutas por reconhecimento social e reparação histórica. Partindo de uma primeira experiência em que não foi possível prosseguir no empreendimento etnográfico pretendido, este primeiro movimento aponta a uma maneira possível de negociar relações e pertencimentos etnicorraciais, priorizando uma autonomia pretendida nas interlocuções já existentes no local. Num segundo movimento, a experiência etnográfica junto a pessoas e famílias que compõem o Rincão da Faxina tem desdobramentos no olhar e problematizar variadas esferas da vida. Dos projetos de desenvolvimento que chegam à cidade de Piratini, assim como a uma abertura ao novo e dinâmico das interlocuções difíceis e possíveis com o poder público, a visibilidade destas experiências negras na região da campanha gaúcha aponta a deslocamentos geracionais e dinâmicas familiares. Das movimentações geracionais dentre lugares de trabalho e moradia pelos distritos rurais e cidade, ao investimento pretendido na política educacional por meio do acesso a vagas para quilombolas no ensino superior, valores familiares e comunitários como o “viver sempre juntos” e disputas por legitimidades estão em jogo. This paper revolves around a variety of social experiences that congregate forms of political prominence engendered by black leaders and quilombola communities. It also addresses the different paths that were taken in the evaluation and decisions making regarding the dialogues with governmental spheres and the access to public policies. Taking into consideration the conditions of possibility for projects and interlocutions that attain and occur in each locality, the ethnographic work itself was also called into question and analysed. By contrasting different local groups’ receptivity or not to this research, the accumulation of diverse experiences in the handling of shared lives and of new relationships within the fight for social recognition and historical reparation comes into light. Starting from an initial ethnographic experience in which the continuity of the desired ethnographical initiative wasn’t made possible, a first movement points to a possible way of negotiating relationships and ethnic-racial belonging, one that prioritizes a sought autonomy in the already existent local interlocutions. In a second movement, the ethnographic experience with people and families that form the Rincão da Faxina has outspreads in the looking and problematizing of diverse life’s domains. From the development projects that arrive at the town of Piratini, to the opening to the new and dynamic of the hard and possible interlocutions with public authorities, the visibility of this black experiences in the states’ campanha region points to generational displacements and family dynamics. From the generational movements between working and living areas along the rural districts and the town, to the sought after investment in educational policies through an access to affirmative actions to quilombolas at universities, family and community values such as “to always live together” and disputes for legitimacy are at stake.
- Published
- 2016