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O artigo tem por objetivo investigar o processo de construção do discurso nas obras documentais de Eduardo Coutinho, analisando seu método de entrevista e como este afeta o comportamento dos personagens na execução da obra. A hipótese central do trabalho é a de que a intervenção do documentarista no diálogo com as personagens durante a gravação das entrevistas permite a captura de um comportamento autêntico e maior desinibição dessas. Tem como objeto a análise de duas obras deste diretor: Edifício Master (2002) e O fim e o princípio (2006). A proposta deste trabalho é analisar o método de abordagem de Coutinho para com suas personagens. Como são construídas, modificadas e representadas no produto final, o filme.

RÉSUMÉ: Ce travail a pour objectif de comprendre les narratives d'une parcelle d'acteurs sociaux de la Communauté Rémanescente Marron du Muquém, à União dos Palmares – AL, concernant la construction du territoire, l identité et les mémoires que les habitants construisent par rapport à la région, fondées sur l'expérience des événements historiques et des conflits qui ont marqué la collectivité. Cette communauté marron est l'une des 68 présentes en Alagoas certifiée par la Fondation Culturelle Palmares et reconnue en tant que rémanescente de marronnages. La communauté du Muquém a connu divers événements, depuis qu'elle a obtenu sa certification en 2005. Les crues de juin 2010 en font partie et ont suscité des modifications dans l'organisation sociale, culturelle et politique dans la vie de ses habitants. S'impose alors la nécessité de repenser les sens et les significations de l'identité, du territoire et de la mémoire qui perdurent depuis si longtemps et qui sont de plus en plus présents dans la lutte pour les terres et pour le sens de l'appartenance au marrronnage. Des observations sur le terrain et des conversations realisées avec plusieurs interlocuteurs jusqu'au moment présent, se dégage une énorme richesse des mémoires qui contribuent à la compréhension des bases sur lesquelles se fonde la revendication du groupe en tant que marrons, c'est à dire, se reconnaissant comme appartenant à une collectivté ethniquement différenciée. Nous avons donc cherché à approfondir la connaissance des histoires de cette communauté dans la construction de la frontière etnique, dans la reconnaissance politique en tant que communauté marron, dans l'organisation de l'ancien et nouveau Muquém à la suite des inondations, dans la manière de procéder des agents externes et internes pour ce qui est de la formation des associations et des constructions identitaires de la communauté. Agência 1 O presente trabalho tem como objetivo compreender as narrativas de uma parcela de atores sociais da Comunidade Remanescente Quilombola do Muquém em União dos Palmares – AL, sobre a construção do território, identidade e as memórias que os moradores constroem a respeito da região, com base na experiência de acontecimentos históricos e conflitos que marcaram a coletividade. Esta comunidade quilombola é uma das 68 em Alagoas a ser certificada pela Fundação Cultural Palmares e reconhecida como remanescente de quilombos. A comunidade do Muquém passou por diversos acontecimentos, logo após sua certificação em 2005, e a enchente de junho de 2010 é um dos acontecimentos que permitiram e modificaram a organização social, cultural e política na vida dos moradores. Desse modo, surge a necessidade de repensar os sentidos e significados de identidade, território e memória existentes durantes anos e cada vez mais presentes na luta dos espaços pela terra e no sentido de pertença quilombola. Das observações em campo e das conversas realizadas com vários interlocutores até o atual momento, pude perceber a enorme riqueza das memórias que ajuda a compreender as bases sobre as quais se sustenta a reivindicação do grupo como quilombola, isto é, reconhecem-se como pertencentes a uma coletividade etnicamente diferenciada. Portanto, buscou-se aprofundar o conhecimento das histórias dessa comunidade na construção da fronteira étnica, no reconhecimento político enquanto comunidade quilombola, na organização do antigo e novo Muquém pós-enchente, na atuação dos agentes externos e internos na formação das associações e construções identitária da comunidade.