Luiz Gustavo Machado, Daiane Silva Resende, Paola Amaral de Campos, Melina Lorraine Ferreira, Iara Rossi, Iolanda Alves Braga, Caio Augusto Martins Aires, Alexandre Marcio Boschiroli, Maria Tereza Freitas Tenório, Maria Maryllya Ferreira Francisco, Raniella Ramos de Lima, Paulo Pinto Gontijo-Filho, and Rosineide Marques Ribas
Introdução/Objetivo: Com o passar dos anos, tornou-se alarmante o uso excessivo e inapropriado de antimicrobianos no ambiente hospitalar, particularmente em países de baixa e média renda como o Brasil. O estudo teve como objetivos investigar as práticas de prescrição de antimicrobianos em pacientes hospitalizados em 58 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de adultos brasileiras, de hospitais terciários e não terciários. Métodos: Foi realizado estudo multicêntrico através de inquéritos de prevalência pontual em 58 UTIs localizadas nas cinco regiões do Brasil: 6 UTIs no Norte, 10 no Nordeste, 2 no Centro-Oeste, 39 no Sudeste e 1 no Sul. Os hospitais coparticipantes foram selecionados de forma aleatória. As instituições foram organizadas de acordo com o tipo (hospital universitário ou não universitário) e porte (< 200 leitos, 200-400 leitos, > 400 leitos). Foram consideradas todas as prescrições de antimicrobianos administradas em pacientes internados no dia da coleta de dados e sua finalidade (terapêutica ou profilática). Resultados: Foram incluídos 664 pacientes no estudo, dos quais 70,3% faziam uso de pelo menos um antimicrobiano, 46,0% recebiam tratamento direcionado para IRAS e apenas 38,5% dos casos baseavam-se em critérios microbiológicos. A prevalência de IRAS variou entre 32,1% e 83,3% e o uso de antibióticos entre 53,1% e 83,3%. Hospitais de ensino com > 400 leitos e aqueles com tamanho de 201-400 leitos tiveram as taxas mais altas de uso de antibióticos com 75,0% e 70,2%, respectivamente, já o tratamento empírico foi mais frequente em hospitais com < 200 leitos (75,6%) e que não eram de ensino (72,6%). Em geral, o tratamento foi mais comumente direcionado para pneumonia (47,5%) e infecções da corrente sanguínea (33,1%). Glicopeptídeos (43,1%) e Polimixinas (39,0%) foram mais frequentes em Hospitais Universitários, β-Lactâmicos em combinação com um inibidor (75,2%), cefalosporinas de amplo espectro (70,0%) e carbapenêmicos (68,1%) em Hospitais não Universitários. Conclusão: Nosso estudo fornece dados alarmantes sobre o consumo de antibióticos em UTIs de adultos brasileiras, onde infelizmente grande parte dos pacientes são submetidos a tratamento empírico e com isso possivelmente sua adequação deve ser rara devido à ausência de critérios microbiológicos. Esses resultados devem encorajar uma reavaliação do uso de antimicrobianos nos hospitais do país. Apoio: FAPEMIG/PPSUS, CNPq, CAPES.