PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO Pollock, Rauschenberg e Cage. Formas residuais do pictórico na era da reprodução técnica aborda uma trajetória de pequenos colapsos da autonomia do campo pictórico como efeito das mediações da reprodução da imagem, no contexto norte-americano entre o final da década de 1940 e a década de 1950. É uma época caracterizada por dois movimentos fundamentais, que afetam o discurso crítico e a produção artística: o fim da era da mecânica – o cinema é uma máquina modernista – e o início da eletrônica – que inaugura as possibilidades da televisão e do vídeo. Jackson Pollock e Robert Rauschenberg operam nesse momento de transição e, ao longo da tese, são testadas possíveis relações entre, por um lado, certa desagregação do campo pictórico em Pollock e, por outro, a tentativa de reorganização da pintura a partir da integração do índice fotográfico operada por Rauschenberg. Nesse contexto, a figura de John Cage, além de introduzir o primeiro Rauschenberg, é um contraponto interessante a Pollock: por um lado, o compositor torna-se porta-voz das poéticas antiautorais de Marcel Duchamp e da busca por uma suposta transparência das sensações do corpo, que encontra sua matriz na tradição do pensamento zenbudista, por outro, sua poética ainda traz as marcas de certo idealismo. Isso revela um contexto histórico no qual tanto a definição de um campo autônomo da arte quanto a dissolução entre arte e vida tornam-se perspectivas vãs frente à emergência do mercado – da cultura, das imagens, da arte, da moda e dos objetos de consumo –, que atravessa todas as instâncias de produção e recepção da obra. A busca pelo esgarçamento do pictórico nas virtualidades do fotográfico se dará através de referências a temas centrais da filosofia benjaminiana e à teoria do Olhar de Jaques Lacan, autores que colocam certa ênfase no resíduo, na sobra e nas ruínas. Pollock, Rauschenberg and Cage. Residual Forms of the Pictorial in the Age of Technical Reproduction describes a trajectory of small collapses in the pictorial field in the North American context between the late 1940s and the 1950s. This is an era characterized by two fundamental movements affecting critical discourse and artistic production: the end of the era of mechanics – cinema is a modernist machine – and the transition to the electronic media – television and video. This thesis explores relations between a disaggregation of the pictorial field in Pollock Jackson and Robert Rauschenberg s attempts to reorganize painting based on the integration of the photographic index. John Cage is crucial in this context. If, on the one hand, the composer becomes a spokesman for Marcel Duchamp s antiauthoritarian poetics and the search for a supposed transparency of the sensations of the body, which finds its matrix in the tradition of Zen-Buddhist thought, on the other, his poetics still bears the marks of a certain idealism, revealed by a historical context in which both the definition of an autonomous field of art and the dissolution of art and life become vain perspectives in the face of the emergence of the market – of culture, images, art, fashion and consumer objects –, traversing all instances of production and reception of the work. With references to themes from Benjaminian philosophy and the theory of the Gaze of Jaques Lacan, both emphasizing residues, remains and ruins, we examine the fraying of the pictorial in the virtualities of the photographic.