O Brasil ocupa o terceiro lugar do mundo em população prisional, com um terço apenas no estado de São Paulo. Apesar de o país possuir uma Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade, sua implementação ainda demonstra sinais de insuficiência. No sistema prisional, as prevalências de doenças ainda são, provavelmente, subnotificadas, a considerar que rotinas de atendimento de equipes de saúde e de rastreamento e seguimento de doenças crônicas nem sempre são estabelecidas no cárcere. Ademais, há poucos estudos que priorizam doenças crônicas não transmissíveis no ambiente prisional. Trata-se de estudo transversal, quantitativo e descritivo, que estimou a prevalência de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia, síndrome metabólica e obesidade, além do perfil sociodemográfico e hábitos de vida das pessoas privadas de liberdade (PPL), do sexo masculino, que estavam reclusas na Penitenciária I de Serra Azul (PI). Das 1943 PPL foram sorteadas 202 pessoas provenientes de todos os raios, que responderam a questionários padronizados e realizaram exames laboratoriais, no período de junho a dezembro de 2019. Os dados foram analisados por meio de frequências absolutas, medidas de tendência central; para correlação de variáveis foram aplicados os testes de Fisher, Qui-quadrado, Cramer, Kendall ou regressão logística. O perfil sociodemográfico consistiu em maioria com menos de 40 anos de idade (70,79%), pardos ou pele de cor preta, com grau de instrução predominante de ensino fundamental incompleto (56,93%). O tabagismo (cigarro de palha e filtro) foi relatado por 49% dos sentenciados, semelhante à prevalência prévia à prisão (53,97%). Considerou-se, ainda, o ambiente de alto risco para tabagismo passivo. O uso de álcool e drogas reduziu após a reclusão, com provável impacto de medidas restritivas do sistema prisional. A autoavaliação de saúde predominou como \"boa\" ou \"regular\", e 41,6% nunca tinham sido atendidos por equipe de saúde na PI. Obtiveram-se prevalências de hipertensão arterial em 24,8%, dislipidemia em 54,5%, obesidade em 13,37%, diabetes em 2,5% e síndrome metabólica em 18,83%. Houve aumento de detecção de todas as doenças avaliadas, comparado a dados de prevalência prévios da Penitenciária, principalmente quanto dislipidemia. Outros achados indicam superlotação da PI, com difícil acesso à saúde, com prevalência de doenças crônicas subnotificadas e de padrão em geral mais elevado que a mesma faixa etária da população que vive fora do ambiente prisional. Brazil ranks third highest prison population rate in the world, one third of it in the state of Sao Paulo. Although there is a National Policy of Health Care for these inmates in Brazil, its implementation still is insufficient. In the prison system, the prevalence of chronic diseases is probably still underreported, considering that routines of health care professionals\' teams toward the screening of chronic diseases are not well established in prison. There are few studies that prioritize chronic non-communicable in this population. This is a cross-sectional, quantitative and descriptive study, that estimated the prevalence of systemic arterial hypertension, diabetes mellitus, dyslipidemia, metabolic syndrome and obesity, in addition to the sociodemographic profile and life habits of inmates, male, who were imprisoned in Penitentiary I in Serra Azul (PI). Among the 1943 finite populatition, 202 people were selected by lot, from all rays, answered standardized questionnaire and performed laboratory tests during the period from June to December 2019. Data were analyzed using absolute frequencies, measures of central tendency; for correlation of variables, the Fisher, Chi-square, Cramer, Kendall or logistic regression tests were used. The sociodemographic profile consists of a majority under 40 years of age (70.79%), brown or black skin, with a predominant education level of incomplete elementary education (56.93%). Smoking was reported by 49% of those interviwed and similar to the prevalence before prison (53.97%). The high-risk environment for passive smoking was also considered. The use of alcohol and drugs decreased after imprisonment, with a likely impact of restrictive measures in the prison system. Self-rated health prevailed as \"good\" or \"regular\", and 41.6% had never been seen by a health team in PI. Prevalence of arterial hypertension was obtained in 24.8%, dyslipidemia in 54.5%, obesity in 13.37%, diabetes in 2.5% and metabolic syndrome in 18.83%. There was a significant increase in general disease deteccion, compared to previus data of the Penitenciary, mainly for dyslipidemia. The findings indicate overcrowding of PI, with difficult access to health and prevalence of chronic diseases underreported, in general higher than the same age group of the population living outside the prison environment.