O processo de adoecimento por uma doença genética, crônica e degenerativa, como a anemia falciforme, requer mudanças nos hábitos de vida, além de cuidados contínuos e prolongados, fazendo com que estas pessoas necessitem dos serviços de saúde com frequência. Isso faz com que se tornem mais frágeis e vulneráveis ao sofrimento físico e emocional, o qual demanda uma assistência à saúde ampliada, integral e complexa. Para isso, se faz necessária a utilização de tecnologias e sua implementação nos serviços de saúde. Considerando-se a tecnologia leve como instrumento potente para viabilizar assistência à saúde de qualidade, é oportuno destacar a comunicação como uma de suas ferramentas, sendo algo inerente ao ser humano, que deve estar presente no processo relacional entre pacientes, profissionais, instituições e familiares. Neste estudo, objetivou-se analisar as evidências disponíveis na literatura científica a respeito da comunicação entre profissionais de saúde e pessoas com anemia falciforme. Trata-se de uma revisão integrativa cuja busca dos estudos primários foi realizada nas bases de dados PubMed, LILACS, Embase e CINAHL. A amostra foi composta por quatro estudos primários, agrupados, por afinidade temática, em duas categorias: “A dor como algo invisível e mal compreendido pelos profissionais de saúde” e “Facilitadores e dificultadores para a comunicação entre profissionais de saúde e pessoas com anemia falciforme”. Os dados evidenciam que, por se tratar de algo subjetivo e que não pode ser mensurado com precisão, o autorrelato da dor não é compreendido e bem aceito pelos profissionais de saúde. Devido à demanda das pessoas com anemia falciforme por medicamentos potentes para o alívio da dor, muitos profissionais acreditam que elas são viciadas em opioides. Além disso, a própria presença da dor dificulta o relato e a comunicação destes indivíduos com a equipe de saúde. É importante que haja uma comunicação eficaz dentro das famílias, comunidade e serviços de saúde com vistas ao conhecimento da transmissão genética da anemia falciforme bem como dos sinais e sintomas de agravos da doença. A comunicação eficaz pode prevenir hospitalizações e diminuir reinternações, proporcionando satisfação e contentamento de pacientes e familiares. A falta de conhecimento da própria doença pelas pessoas acometidas, a dificuldade em transitar entre os serviços de saúde e o tratamento inadequado da dor contribuem para que adoecido e família tenham experiências e desfechos negativos na assistência à saúde. Outro aspecto dificultador para a comunicação entre profissionais de saúde e pessoas com anemia falciforme refere-se ao preconceito racial vivenciado por esses indivíduos, por serem em sua maioria da cor negra. O uso adequado das tecnologias em saúde como a comunicação é indispensável para que o indivíduo possa compreender e ser compreendido em sua totalidade, frente às relações construídas. A fim de alcançar uma assistência de qualidade, o cuidado deve estar voltado não somente para as questões técnico-científicas, mas também para as questões emocionais que dizem respeito às competências humanas. The process of a genetic, chronic, and degenerative illness, such as sickle cell anemia, demands changes in one’s life habits, in addition to continuous and prolonged care. This means that people with the disease require health services often, making them more helpless and vulnerable when confronted with physical and emotional pain, demanding a broad, integral, and complex health care. Considering light technologies as potent instruments to enable a quality health care, it is appropriate to highlight that one of these is communication, which is inherent to humans and should be a part of the relations between patients, professionals, institutions, and families. This study aimed to analyze the evidences available in scientific literature about the communication between health professionals and people with sickle cell anemia. This is an integrative review that searched for primary studies in the databases PubMed, LILACS, Embase, and CINAHL. The sample included four primary studies, grouped in two categories, according to thematic affinity: “Pain as invisible and misunderstood by health workers” and “Facilitators and obstacles to the communication between health workers and people with sickle cell anemia”. The data shows that, since pain is subjective and cannot be measured precisely, the pain self-report is not understood nor is it well-received by health workers. Due to the demand from people with sickle cell anemia for potent pain-relief medication, many health workers believe they are addicted to opioids. Furthermore, the pain itself makes it more difficult for these individuals to communicate with the health team. It is important for families, community, and health services to communicate well, in order to transmit knowledge about the genetic transmission of sickle cell anemia, as well as that of the signs and symptoms of health problems brought forth by the disease. An effective communication can prevent hospitalizations and diminish rehospitalizations, providing satisfaction and contentment to patients and their relatives. The fact that those affected lack knowledge about their own disease, their difficulty in going through health services, and the inadequate treatment of pain contribute for the diseased and their families to have negative experiences and outcomes in their health care. Another aspect that makes the communication between health professionals and workers with sickle cell anemia more difficult involves the racial prejudice these individuals experience, since most of them are black. The adequate use of health technologies, such as communication, is indispensable for the individual to understand and be understood completely, considering the relations they built. For a quality assistance to become a reality, care must not turn only towards technical-scientific issues, but also to emotional issues, related to human competences. El proceso de una enfermedad genética, crónica y degenerativa, como la anemia de células falciformes, exige cambios en los hábitos de la vida y cuidados continuos y prolongados. Así, esas personas necesitan de los servicios de salud con frecuencia, tornándose más frágiles y vulnerables al sufrimiento físico y emocional y exigindo una asistencia a la salud amplia, integral y compleja. Para eso es necesaria la utilización de tecnologías y su implementación en los servicios de salud. Considerando la tecnología leve como poderoso instrumento para posibilitar una asistencia a la salud de cualidad, vale destacar la comunicación como una de esas tecnologías, ya que es inherente al ser humano y debe estar presente en el proceso relacional entre pacientes, profesionales, instituciones y familiares. El objetivo de ese estudio fue analizar las evidencias disponibles en la literatura científica a respecto de la comunicación entre profesionales de salud y personas con anemia de células falciformes. Es una revisión integrativa que buscó a sus estudios primarios en las bases de datos PubMed, LILACS, Embase, y CINAHL. Cuatro estudios primarios formaron la muestra, e se los agrupó por afinidad temática, en dos categorías: “El dolor como algo invisible y mal comprendido por los profesionales de salud” y “Facilitadores y dificultadores de la comunicación entre profesionales de salud y personas con anemia de células falciformes”. Los datos muestran que, como es algo subjetivo, que no se puede medir precisamente, el autoinforme del dolor no es comprendido ni aceptado bien por los profesionales de salud. Personas con anemia de células falciformes piden medicamentos potentes para aliviar el dolor y, por eso, muchos profesionales acreditan que son adictas a los opioides. Además, la presencia del dolor hace difícil el relato y comunicación con el equipo de salud. Una comunicación eficaz dentro de las familias, comunidad, y servicio de salud es necesaria para que se pueda diseminar conocimiento sobre la transmisión genética de la anemia de células falciformes, así como los señales y síntomas de la enfermedad. Una comunicación eficaz puede prevenir internaciones y disminuir reinternaciones, trayendo satisfacción y contentamiento a pacientes y familiares. La falta de conocimiento de las personas con respecto a su propia enfermedad, su dificultad en transitar entre servicios de salud, y tratamientos inadecuados del dolor contribuyen para que el enfermo y su familia tengan experiencias y resultados negativos en la asistencia a la salud. Otro aspecto que dificulta la comunicación entre profesionales de la salud y personas con anemia de células falciformes es el prejuicio racial contra esos individuos, ya que son, en su mayoría, negros. La utilización adecuada de las tecnologías en salud, como la comunicación, es indispensable para que el individuo pueda comprender y ser comprendido en su totalidad, frente a las relaciones construidas. Para alcanzar una asistencia de cualidad, es necesario que el cuidado considere no solo cuestiones técnico-científicas, como también emocionales, relacionadas a las competencias humanas.