Em um mundo marcado pela velocidade de circulacao de mercadorias, pessoas e, sobretudo do capital, nao ha como escapar de uma sensacao de um tempo presente que se eterniza. No entanto, a despeito da unificacao de mercados e da construcao de uma economia mundial, presenciamos no periodo historico que vai do final do seculo XX ao inicio do seculo XXI, a importância, cada vez maior, da memoria, da historia, do passado e das recordacoes individuais e coletivas. Essa forca historicista tem desejado e orientado a conservacao e transmissao de um patrimonio cultural comum de cunho material ou imaterial. Deste modo, podemos identificar por parte de autoridades governamentais, pela da acao politica de camadas de intelectuais, ou atraves da pressao de grupos identitarios, uma especie de obsessao memorialista, cujo objetivo consciente ou nao, e a preservacao da identidade de uma determinada comunidade. O desejo de conservacao e preservacao teria aumentado na medida em os diferentes grupos de pressao e as camadas intelectuais desconfiariam dos projetos de futuro, das promessas do desenvolvimento economico e das dadivas dos diferentes modelos de utopias comunitarias. No entanto, na discussao sobre o que se deve conservar e preservar, nao e a memoria e a identidade historica dos grupos subalternizados, mas sim aquelas de grupos dominantes com forte capacidade de exercer pressao social e coletiva. O presente trabalho se debruca sobre um exemplo concreto, a revitalizacao de uma praca no coracao do centro historico da cidade do Rio de Janeiro e procura refletir sobre o papel fundamental da preservacao do patrimonio cultural material ou intangivel como um instrumento de preservacao da identidade historica e cultural dos diferentes grupos que dividem o espaco urbano. O trabalho pretende assim revelar como os interesses politicos e culturais de determinados grupos podem iluminar alguns objetos de valor cultural e afetivos, mas, ao mesmo tempo produzir sombras outros tantos que sao fundamentais para a memoria coletiva de grupos com menor poder de pressao e representacao social. Ao se ocupar do exemplo recente do processo de revitalizacao do centro da cidade do Rio de Janeiro, o artigo tema intencao de destacar a importância da discussao do patrimonio cultural como politica publica. Palavras-chaves : paisagem cultural, patrimonio, espaco, memoria, identidade Abstract In spite of the unification of markets and the construction of a worldwide economy, we witnessed, during the historical period between the end of the 20th and the beginning of the 21st centuries, the ever-growing importance of the memory, the history, the past, and of the individual or collective reminiscences. This historical force has desired and oriented the conservation and transmission of a common cultural heritage, be it material or immaterial. Therefore, we are able to identify, on the part of governmental authorities, by means of the political actions of the intellectual segments or through the pressure by identity groups, a sort of memoirist obsession, whose objective, is to preserve the identity of a given community. However, during the discussion regarding what should be conserved and preserved, the conclusions reached was that it was not the memoirs and the historical identity of subordinate groups, but those of dominant groups, capable of exerting social and collective pressure. This paper examines a concrete example: the revitalization of a plaza in the historical center of Rio de Janeiro, Brazil, seeking to reflect on the fundamental role of preservation to our cultural heritage. This study aims, therefore, to reveal how the public and cultural interests behind given groups may highlight some objects of cultural or affective value, but, at the same time, undermine many others that are also fundamental for the memory of collective groups of lesser power and social representation. Keywords : cultural landscape, cultural heritage, space, memory, identity