Objetivos. O objetivo deste estudo caso-controle foi identificar fatores prognósticos para desfecho do tratamento da tuberculose pulmonar em 297 pacientes (Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil) entre 1994 e 1999. Materiais e métodos. Foram considerados casos indivíduos com alta por óbito, abandono ou falência do tratamento. Os controles foram indivíduos com alta por cura. Foram realizadas análises uni e multivariada com as variáveis independentes sexo; idade; escolaridade; hábito de fumar; hábito de ingerir álcool; tratamento anterior para tuberculose; resposta ao teste tuberculínico; sorologia para HIV; grau de resistência aos antimicrobianos; resultado da pesquisa direta de bacilos álcool-ácido-resistentes; esquema terapêutico utilizado. Além disso, repetiram-se as análises uni e multivariada considerando como casos apenas os óbitos e os indivíduos com falência do tratamento. Resultados. A ingestão excessiva de álcool (OR = 2,58; P = 0,014), a co-infecção pelo HIV (OR = 3,40; P = 0,028), o a tratamento anterior para tuberculose (OR = 4,89; P < 0,001) e resistência a duas ou mais drogas antituberculose (OR = 3,49; P = 0,017) foram fatores de risco para o insucesso do tratamento. Na segunda análise multivariada, excluindo os casos de abandono, não houve associação entre a o ingestão excessiva de álcool e desfecho do tratamento, mantendo-se as demais associações, o que sugere uma estreita relação entre o abandono do tratamento e o etilismo. Conclusões. Os fatores prognósticos para insucesso do tratamento da tuberculose pulmonar entre os indivíduos estudados estão interrelacionados, sendo de natureza biológica, clínica e social. Devem ser identificados no início do tratamento para que sejam implementados procedimentos diferenciados de acompanhamento, tais como tratamento diretamente supervisionado, de forma a fortalecer o controle da tuberculose em nível local.