Casos de pacientes com coinfecção de tuberculose e estrongiloidíase são pouco estudados e relatados. No entanto, ambos quadros patológicos possuem cenário relevante na epidemiologia da saúde pública apresentando populações vulneráveis coincidentes. Diante do aumento da incidência de tuberculose em regiões tropicais e subtropicais, regiões nas quais existe uma alta prevalência de parasitas gastrointestinais, sobretudo da estrongiloidíase, nosso objetivo foi realizar o diagnóstico coprológico, imunológico e molecular da estrongiloidíase humana. Para isso, aprimoramos o diagnóstico sorológico e salivar através da detecção de imunocomplexos IgG anti ? S. stercoralis. Além disso, através de um teste rápido e sensível, Dot-ELISA, realizamos o diagnóstico salivar para detecção de IgA específico. Utilizando a biologia molecular, foi possível comparar o diagnóstico imunológico, soro e saliva, com o diagnóstico molecular nas fezes, através de dois primers, gênero e espécie específico. A partir desses dados, realizamos um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo e incluímos os pacientes com tuberculose, no diagnóstico imunológico e molecular. Calculamos através do software GraphPad, área sob a curva, índice geral de acurácia diagnóstica, índice Kappa e as correlações entre os diferentes testes diagnósticos. Para o teste de quimiluminescência os resultados foram interpretados com a ajuda do programa Image Quant. Nossos resultados demonstraram que, a detecção de imunocomplexos IgG no soro foi de 3% (n=30) para o grupo I (indivíduos saudáveis) e 93% (n=30) para o grupo II (copropositivos para S. stercoralis), enquanto que, para a saliva, a detecção foi de 20% grupo I e 30% grupo II. O Dot-ELISA para detecção de IgA na saliva em pacientes positivos para S. stercoralis (n=10), apresentou resultados semelhantes ao teste ELISA, com sensibilidade de 70% e 60% e especificidade de 85% e 90%, respectivamente. A comparação entre o diagnóstico imunológico e molecular demonstrou que 97,1% dos 35 indivíduos copropositivos para S. stercoralis foram positivos para IgG sérica e 19 54,3% foram positivos para IgA salivar. Em relação à análise molecular, ambos os primers demonstraram positividade em 100% das amostras. Dos prontuários disponíveis para a análise dos pacientes, 86 casos eram positivos para tuberculose, sendo a maioria do sexo masculino (76%) com faixa etária entre 2 e 91 anos. Os principais sinais clínicos apresentados foram tosse, febre e perda de peso. Em relação à forma clínica, 67% dos pacientes apresentaram a forma pulmonar, e 33% a forma não pulmonar. Casos positivos para tuberculose em associação com HIV/AIDS corresponderam a 37%. Em relação ao imunodiagnóstico em pacientes portadores de tuberculose, a detecção de IgA foi de 34% para o grupo I (n=50) e 66% para o grupo II (n=50), na saliva. Enquanto que IgG na saliva para o grupo I foi de 46% e IC-IgG 38%. Já no grupo II foi de 52% e 62%, respectivamente. No soro observamos 36% de positividade para IgA no grupo I e 60% grupo II. Em relação a detecção de IgG e IC-IgG no soro, grupo I foi de 46% e 34%, respectivamente. No Grupo II 58% para IgG e 68% para IC-IgG. Quanto ao diagnóstico molecular, a positividade foi de 30,7% (16/52), tanto pela qPCR quanto pela cPCR. Os valores de Cts variaram de 32.6-40.9 (média 38.2). Com isso, o uso do diagnóstico molecular juntamente com o imunodiagnóstico, podem ser considerados como uma ferramenta complementar na triagem da estrongiloidíase, especialmente, considerando a gravidade da coinfecção neste grupo de pacientes. Casos de pacientes em coinfecção com tuberculose e estrongiloidíase são pouco estudados e relatados, no entanto, a realização de exames que complementem o diagnóstico rápido e preciso dessas infecções são essenciais para o bom prognóstico dos pacientes. Cases of patients with co-infection of tuberculosis and strongyloidiasis are poorly studied and reported; however, both pathologies have a relevant scenario in the epidemiology of public health, presenting vulnerable populations. In view of the increased incidence of tuberculosis in tropical and subtropical regions, where there is a high prevalence of gastrointestinal parasites, especially strongyloidiasis, our objective was to carry out the coprological, immunological and molecular diagnosis of human strongyloidiasis. For this, we improved the serological and salivary diagnosis through the detection of immunocomplex IgG anti - S. stercoralis. In addition, through a rapid and sensitive Dot-ELISA test, we performed the salivary diagnosis for specific IgA detection. Using molecular biology, it was possible to compare the immunological diagnosis, serum and saliva, and the molecular diagnosis in the feces, through two primers, genus and specific species. From these data, we conducted an epidemiological, descriptive and retrospective study and included patients with tuberculosis, both in immunological and molecular diagnosis. We calculated using the GraphPad software, area under the curve, general index of diagnostic accuracy, Kappa index and correlations between the different diagnostic tests. For the chemiluminescence test the results were interpreted using the Image Quant program. Our results demonstrated that the detection of serum IgG immunocomplexes was 3% for group I (healthy individuals) (n=30) and 93% for group II (copropositives for S. stercoralis) (n=30), whereas, for saliva, the detection was of 20% group I and 30% group II. The Dot-ELISA for the detection of IgA in saliva in S. stercoralis positive patients (n=10), presented results similar to the ELISA test, with sensitivity of 70% and 60% and specificity of 85% and 90%, respectively. The comparison between immunological and molecular diagnosis showed that 97.1% of the 35 copropositive individuals for S. stercoralis were positive for serum IgG and 19 54.3% were positive for salivary IgA. In relation to the molecular analysis, both primers demonstrated positivity in 100% of the samples. From the charts available for the patients analysis of the patients, 86 cases were positive for tuberculosis, the majority being male (76%) with ages ranging from 2 to 91 years. The main clinical signs presented were cough, fever and weight loss. Regarding the clinical form, 67% of the patients presented the pulmonary form, and 33% the non-pulmonary form. Positive cases for tuberculosis in association with HIV/AIDS accounted for 37%. Regarding immunodiagnosis in patients with tuberculosis, the IgA detection was 34% for group I (n=50) and 66% for group II (n=50), in saliva. While saliva IgG for group I was 46% and 38% for IC-IgG. In group II, it was 52% and 62%, respectively. In serum we observed 36% positivity for IgA in group I and 60% group II. Regarding the detection of IgG and IC-IgG in saliva, group I was 46% for IgG and 34% for IC-IgG. In Group II 58% for IgG and 68% for IC-IgG. Regarding the molecular diagnosis, the positivity was 30.7% (16/52), both by qPCR and by cPCR. Cts values ranged from 32.6-40.9 (mean 38.2). Therefore, the use of molecular diagnostics and iimmunological diagnosis can be considered as a complementary tool in the screening of strongyloidiasis, especially considering the severity of coinfection in this group of patients. Cases of patients in co-infection with tuberculosis and strongyloidiasis are poorly studied and reported; however, examinations that complement the rapid and accurate diagnosis of these infections are essential for the good prognosis of patients.