Tomando por base as principais reflexões de Michel Foucault sobre o ato de escrever, o presente ensaio discorre sobre a correlação intrínseca entre os modos de escrita e de vida nas escolas, apontando para uma agonística em operação diuturna nas práticas escriturais levadas a cabo nesse quadrante. Isso significa que, no interior dos procedimentos de escrita, embatem-se forças superlativas, tanto no sentido da investida unificadora dos modos de subjetivação aí implicados, quanto na direção de uma transfiguração radical desses mesmos modos, tendo em vista a sua multiplicação. Adensando a discussão teórica, tematiza-se a escrita de si, tal como formulada por Foucault, como um esforço escultural desmedido em favor de uma dispersão, uma rarefação e, então, uma elisão subjetivas. Em seguida, interpelam-se analiticamente três argumentos recorrentes acerca da escrita escolar: sua categorização segundo gêneros, sua função examinatória e sua subordinação à leitura. Por meio de tal exame crítico, visa-se desestabilizar as bases de justificação de um tipo de apropriação representacional e cientificista dos fazeres escriturais escolares, bem como fabular cenários divergentes de seu mainstream. Por fim, intenta-se perspectivar a escrita como circunstância propícia à estilização existencial daquele que escreve, tendo em mente, com Foucault, o imprescindível esforço de resistência e de autocriação ética diante dos jogos subjetivadores típicos das práticas escolares. Trata-se do inextricável movimento de diferença e de variação que uma escrita não cativa das convenções pedagógicas da época faculta e, ao mesmo tempo, exige de todo aquele que por ela envereda.Drawing on Foucault's main reflections about the act of writing, the present essay expounds the intrinsic correlation between ways of writing and ways of living at schools, pointing out the daily agony involved in the writing practices conducted in these contexts. This means that, within the procedures of writing, superlative forces are in battle, both in the sense of the unifying attack of the subjectivation modes implied therein, and in the direction of a radical transfiguration of these same modes aiming at their multiplication. Deepening the theoretical discussion, the text approaches the question of self writing, as formulated by Foucault, as a disproportionate sculptural effort in favor of a subjective dispersion, rarefaction and, then, elision. Next, three recurring arguments about school writing are analytically questioned: its categorization in genres, its examining function, and its subordination to reading. With this critical examination, the purpose is to destabilize the bases for justifying a kind of representational and scientificist appropriation of the school writing activities, as well as to conjure up scenarios divergent from the mainstream. Lastly, it is also an objective here to view writing as a circumstance propitious to the existential styling of the writer, having in mind, with Foucault, the indispensible effort of resistance and ethical self-creation in the face of the subjectivation games typical of school practices. It is the inextricable movement of difference and variation that a writing liberated from the pedagogical conventions of the time affords and, at the same time, demands of all those who pursue it.