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Abstract Background: Arboviral diseases are a group of infectious diseases caused by viruses transmitted by arthropods, mainly mosquitoes. These diseases, such as those caused by the dengue (DENV), Zika (ZIKV), chikungunya (CHIKV), and yellow fever (YFV) viruses, have a significant impact worldwide. In this context, entomological surveillance plays a crucial role in the control and prevention of arboviruses by providing essential information on the presence, distribution, and activity of vector mosquitoes. Based on entomological surveillance, transovarian transmission provides information regarding the maintenance and dissemination of arboviruses. The objective of this study was to detect these arboviruses in Goiânia, Goiás, and analyze the occurrence of transovarian transmission. Methods: Aedes aegypti eggs were collected from different regions of Goiânia and cultivated under controlled laboratory conditions until the emergence of adult mosquitoes. Adult females were grouped into pools containing their heads and thoraxes. These pools were subsequently evaluated using reverse-transcription quantitative polymerase chain reaction (RT-qPCR) assay. Results: A total of 157 pools (N=1570) were analyzed, with two pools testing positive for CHIKV and one pool testing positive for ZIKV, indicating that the offspring resulting from transovarian transmission are potentially infectious. Conclusions: In summary, the demonstration of the vertical transmission mechanisms of CHIKV and ZIKV in A. aegypti serves as an alert to health authorities, as these diseases are still underreported, and their primary urban vector has likely acquired this capacity, contributing to the dissemination of these infections.

Abstract Background Arboviruses are a group of viruses transmitted to vertebrate hosts by certain blood-feeding arthropods. Among urban vectors of arboviruses, mosquitoes of the genus Aedes are the most common. However, other mosquitoes may be susceptible to infection and involved in the transmission, such as Mansonia spp. Therefore, this study aimed to investigate whether Mansonia humeralis can be infected with the Mayaro virus (MAYV). Methods These insects were collected from 2018 to 2020 in chicken coops of rural communities in Jaci Paraná in Porto Velho, Rondônia, Brazil, while performing blood-feeding on roosters. The mosquitoes were randomly grouped in pools from which the head and thorax were macerated and checked for the presence of MAYV by quantitative reverse transcription polymerase chain reaction (RT-qPCR). The positive pools were used to infect the C6/36 cell line, and on different days post-infection, the supernatant of the infected cells was subjected to viral detection by RT-qPCR. Results A total of 183 pools of female mosquitoes were tested, of which 18% were positive for MAYV; some samples from insect pools inoculated into C6/36 cells showed in vitro multiplication capacity between 3 and 7 days post-infection. Conclusions This is the first report of Ma. humeralis mosquitoes that are naturally infected by MAYV, indicating that these vectors may be potential transmitting agents of this arbovirus. Graphical Abstract

Introdução/Objetivo: A chikungunya tem se tornado uma preocupação global de saúde pública devido ao seu aumento na incidência e distribuição geográfica, resultando em surtos epidêmicos. Um desafio significativo no combate à chikungunya é o diagnóstico preciso devido à sobreposição de sintomas com outras doenças febris. O diagnóstico é comumente feito por RT-qPCR (Reação em Cadeia da Polimerase quantitativa em Tempo Real com Transcrição Reversa), no entanto esta técnica ainda é muito onerosa. Considerando essa limitação, desenvolvemos e validamos um método de diagnóstico molecular rápido e com resultado visual baseado na técnica LAMP para detecção de CHIKV. Métodos: Os primers para LAMP (Amplificação mediada por Loop) foram projetados para o gene estrutural (E1) usando Primer Explorer V5 seguindo as instruções do desenvolvedor e posteriormente curado manualmente. O ensaio foi realizado usando WarmStart Colorimetric LAMP para um volume final de 15 µL. A otimização do ensaio foi realizada incubando as reações em um termobloco e variando temperatura e tempo. A sensibilidade foi determinada empregando amostras com carga viral quantificada por RT-qPCR. RNA de outros arbovírus foram analisados para determinar a especificidade. Os resultados foram avaliados visualmente observando mudança de cor da reação. Amostras clínicas foram usadas para validação do teste Resultados: O teste desenvolvido detecta CHIKV em até 30 minutos, com um limite de detecção de 66 cópias. Nenhuma reatividade cruzada com CHIKV, DENV, ZIKV, MAYV e OROV foi observada demonstrando 100% de especificidade. As análises estatísticas mostram que o teste alcançou uma sensibilidade de 80,43% (95% CI: 66,09% a 90,64%), especificidade de 100% (95% CI: 90,00% a 100,00%) e uma precisão de 88,89% (95% CI: 79,95% a 94,79%). Em termos de concordância entre RT-qPCR e LAMP, o teste mostrou uma concordância substancial com um valor Kappa de 0,069. Conclusão: O teste molecular rápido desenvolvido possui alta sensibilidade e especificidade para detectar o vírus chikungunya. Ele não requer equipamentos caros e pode ser facilmente implementado sem a necessidade de operadores altamente treinados em diagnóstico molecular. O teste fornece um diagnóstico rápido e econômico.

Introdução/objetivo: Arboviroses são uma classe de doenças transmitidas por vetores hematófagos infectados por vírus. O Brasil, por ser um país tropical, possui características que permitem o desenvolvimento tanto de vetores quanto de vírus patogênicos. Para o sucesso dessas infecções, é necessária a capacidade desses vírus de sobreviver no vetor e, consequentemente, infectar um hospedeiro humano. Nesse processo, vários mecanismos de interação patógeno e hospedeiro estão envolvidos. Entretanto, alguns dados da literatura têm demonstrado que a expressão de pequenos RNAs regulatórios denominados microRNAs pode regular genes do hospedeiro para inibir a replicação viral ou ainda ter como alvos regiões do genoma desses vírus. Portanto, o presente trabalho visa descrever o perfil de expressão de miRNAs em células Vero após a infecção com o vírus Mayaro (MAYV). Métodos: As células VERO (ATCC n° CCL-81) foram infectadas com a cepa de MAYV (GenBank KT818520.1) em um MOI de 5:1 em diferentes tempos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 24 horas) é os ensaios de MTT, azul de tripan e imagens de campo claro com microscópio foram realizados. Análises in silico com miRNAs de células do hospedeiro, caracterizados como responsivos à infecção pelos arbovírus Dengue, Zika e Chikungunya, foram analisadas quanto à complementariedade a regiões UTR do genoma de diferentes isolados de MAYV, por meio de ferramentas de bioinformática como RNAhybrid, miRBase e BLAST. Resultados: No ensaio de MTT, a viabilidade média das amostras nos tempos de infecção de 3, 4, 6 e 24 horas foi de 95%, 87%, 81% e 80%, respectivamente. Na contagem por azul de tripan, a porcentagem de células viáveis entre os tempos permaneceu em torno de 90% até as 3 horas iniciais pós-infecção, e posteriormente, nos tempos de 4, 5, 6 e 24 horas, a viabilidade permaneceu em torno de 85%, sendo que em 24 horas tivemos a menor taxa, com 82%. O efeito citopático começou a ser detectado após 6 horas de infecção. Com relação às análises in silico, vários miRNAs, como mir-744-5p, mmu-mir-27b-5p, mmu-mir-423-5p e mmu-mir-193b-3p, apresentaram homologia com regiões do genoma do MAYV que codificam proteínas, como NSP1, 2, 3 e 4, e glicoproteínas. Conclusão: Nesse sentido, os dados demonstram a capacidade de infecção do vírus em células Vero. Além disso, as análises in silico indicam que miRNAs produzidos por células de mamíferos também podem ser complementar a regiões UTR de proteínas do MAYV.

Introdução/objetivos: Arboviroses são um conjunto de doenças transmitidas por artrópodes, como Dengue (DENV), Zika (ZIKV), Chikungunya (CHIKV) e Oropouche (OROV), responsáveis por causar diversas epidemias no Brasil. Mosquitos Aedes aegypti é o principal vetor de arboviroses e possui a capacidade de transmissão vertical, na qual a prole já nasce infectada com o vírus. Esse mecanismo contribui para a persistência do vírus em períodos interepidêmicos. Goiânia é a cidade mais populosa da região central do Brasil, e o clima tropical semiúmido contribui para a proliferação do vetor de arboviroses, fazendo com que o município registre anualmente aumento de casos de arboviroses e alertas para epidemias nas regiões da cidade. Diante disto, este estudo teve como objetivo analisar a ocorrência de transmissão vertical dos arbovírus DENV, ZIKV, CHIKV e OROV em Ae. Aegypti coletados nas regiões Norte, Noroeste e Sudoeste de Goiânia. Métodos: Ovos de Ae. Aegypti foram coletados nas regiões Norte, Noroeste e Sudoeste da cidade de Goiânia, Goiás, pelos agentes da Secretaria de Vigilância Sanitária do estado de Goiás (SVS/GO) entre Janeiro e setembro de 2022, com o auxílio de ovitrampas. Os ovos foram cultivados até a eclosão dos mosquitos adultos em condições controladas de laboratório. Após a sexagem dos mosquitos, fêmeas de Ae. Aegypti foram agrupadas em pools contendo cabeça e tórax para análise da glândula salivar, realizadas por RT-qPCR. Resultados: Foram analisados um total ​​1.570 (157 pools) fêmeas de Ae. Aegypti, na qual 2 pools foram positivos para CHIKV na região Norte e um pool positivo para ZIKV na região Sudoeste de Goiânia, sugerindo que a descendência resultante da transmissão vertical é potencialmente infecciosa, visto que a ocorrência de replicação viral em diferentes regiões anatômicas do mosquito. Nenhum pool foi positivo para DENV, apesar dos alertas de casos no município. OROV também não foi detectado neste estudo, e não houve alertas para esta arbovirose na cidade. Conclusão: Este estudo revela a ocorrência de transmissão vertical de arboviroses em Ae. Aegypti nas regiões de Goiânia, o que pode estar contribuindo para a circulação e persistência desses vírus na cidade. Órgãos de saúde devem intervir com medidas de controle vetorial, eliminando criadouros dos vetores e evitando a ampla disseminação dessas doenças nas regiões que apresentam riscos, prevenindo futuras epidemias.

O potencial epidêmico do vírus Oropouche (OROV) demonstra a necessidade urgente de novos métodos de diagnóstico que possam ampliar os testes e fornecer resultados em menos tempo. A amplificação isotérmica mediada por transcrição reversa (RT-LAMP) é uma técnica molecular que possui alta especificidade, sensibilidade, rápida detecção e baixo custo, e está sendo amplamente utilizada no diagnóstico molecular. Portanto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e padronizar a técnica colorimétrica RT-LAMP para detecção do OROV. Reações de RT-LAMP foram realizadas utilizando o kit WarmStart LAMP colorimétrico 2x Master Mix, e o resultado foi determinado por avaliação visual através da mudança de cor do indicador de pH fenol vermelho. A concentração final dos reagentes, assim como a determinação da temperatura e tempo de reação otimizados. Um tempo máximo de reação de 25 minutos e a temperatura ideal de 67°C foram estabelecidos. O teste demonstrou alta sensibilidade em comparação com a RT-qPCR, sendo capaz de detectar cerca de uma cópia do vírus em poucos minutos e uma especificidade de 100% contra diversas arbovírus como Dengue, Zika, Chikungunya e Mayaro. A RT-LAMP para o vírus OROV é um diagnóstico inédito e de grande importância para auxiliar hospitais e centros de saúde ao redor do mundo no diagnóstico desse patógeno, que muitas vezes é confundido com outras arboviroses. Além disso, poderia ser uma ferramenta útil para vigilância epidemiológica do OROV, alertando a população sobre os possíveis riscos de surtos endêmicos desse vírus no país e auxiliando no controle desse patógeno negligenciado.

Abstract Despite the advance of vaccination worldwide, epidemic waves caused by more transmissible and immune evasive genetic variants of SARS-CoV-2 have sustained the ongoing pandemic of COVID-19. Monitoring such variants is expensive, as it usually relies on whole-genome sequencing methods. Therefore, it is necessary to develop alternatives that could help identify samples from specific variants. Reverse transcription loop-mediated isothermal amplification is a method that has been increasingly used for nucleic acid amplification, as it is cheaper and easier to perform when compared to other molecular techniques. As a proof of concept that can help distinguish variants, we present an RT-LAMP assay capable of detecting samples carrying a group of mutations that can be related to specific SARS-CoV-2 lineages, here demonstrated for the Variant of Concern Gamma. We tested 60 SARS-CoV-2 RNA samples extracted from swab samples and the reaction showed a sensitivity of 93.33%, a specificity of 88.89% and a kappa value of 0.822 for samples with a Ct ≤ 22.93. The RT-LAMP assay demonstrated to be useful to distinguish VOC Gamma and may be of particular interest as a screening approach for variants in countries with poor sequencing coverage.

Abstract Iron is an essential nutrient for all organisms. For pathogenic fungi, iron is essential for the success of infection. Thus, these organisms have developed high affinity iron uptake mechanisms to deal with metal deprivation imposed by the host. Siderophore production is one of the mechanisms that fungal pathogens employ for iron acquisition. Paracoccidioides spp. present orthologous genes encoding the enzymes necessary for the biosynthesis of hydroxamates, and plasma membrane proteins related to the transport of these molecules. All these genes are induced in iron deprivation. In addition, it has been observed that Paracoccidioides spp. are able to use siderophores to scavenge iron. Here we observed that addition of the xenosiderophore ferrioxamine B FOB) to P. brasiliensis culture medium results in repression (at RNA and protein levels) of the SidA, the first enzyme of the siderophore biosynthesis pathway. Furthermore, SidA activity was reduced in the presence of FOB, suggesting that P. brasiliensis blocks siderophores biosynthesis and can explore siderophores in the environment to scavenge iron. In order to support the importance of siderophores on Paracoccidioides sp. life and infection cycle, silenced mutants for the sidA gene were obtained by antisense RNA technology. The obtained AsSidA strains displayed decreased siderophore biosynthesis in iron deprivation conditions and reduced virulence to an invertebrate model.

Introdução: As Variantes de preocupação (VOC - Variants of Concern) são variantes do vírus SARS-CoV-2 que possuem uma maior capacidade de infecção, algum nível de escape de anticorpos, diminuição na eficácia de tratamentos e/ou possível impacto nos métodos de diagnóstico. Estas variantes podem ser responsáveis por novos surtos e sua prevalência deve ser monitorada na população. O método padrão ouro para monitoramento de variantes é o sequenciamento genético, que apesar de ser extremamente robusto, necessita de reagentes caros e de pessoal extremamente capacitado. A técnica de Amplificação Isotérmica Mediada por Loop com transcriptase reversa (RT-LAMP) é uma técnica barata, de fácil aplicação e com potencial de distinguir amostras que contenham pequenas regiões com mutações e/ou SNPs. Objetivos: O objetivo do estudo é diferenciar e identificar amostras que contenham dois conjuntos de mutações definidoras de linhagem: a deleção de nove nucleotídeos localizada na posição 11288 e as mutações L18F, T20N e P26S no gene que codifica a proteína Spike. Com a identificação das amostras que possuem esses dois conjuntos de mutações, é possível inferir a que variante pertencem. Métodos: Desenhamos dois conjuntos de primers capazes de detectar duas regiões com mutações no genoma do SARS-CoV-2. Para a reação de RT-LAMP utilizamos o kit colorimétrico WarmStart desenvolvido pela empresa New England Biolabs (NEB) e obtivemos o resultado em 70 minutos. Para visualização das reações, utilizamos o aplicativo PhotoMetrix Pro em um celular Xiaomi (Redmi Note 8). A diferenciação de amostras negativas e positivas se dá pela mudança de cor no tubo da reação, de rosa (negativa) para amarela (positiva). Todas as amostras analisadas haviam sido previamente sequenciadas. Resultados: A técnica é capaz de amplificar amostras que possuem as mutações alvo com um limite de detecção de ct 23. Em amostras com até essa quantidade de cópias, a sensibilidade do teste é de 81,82%, a especificidade de 100,00% e a acurácia de 88,89%. O teste apresenta potencial para ser usado para triagem de amostras em locais onde o sequenciamento não está disponível. Conclusão: A técnica de RT-LAMP pode ser utilizada para detecção de mutações em amostras de SARS-CoV-2, e a presença destas mutações podem indicar que as amostras pertencem à uma variante específica. Com estes dados, é possível inferir a prevalência da variante ao longo do tempo na população, mesmo sem o aparato de sequenciamento.

Introdução: Em 2019 iniciou-se há pandemia da Covid-19, causada pelo Coronavírus (SARS-CoV-2) (Zhoe, P et al., 2020). SARS-Cov-2, pertence ao gênero Betacoronavirus e família Coronaviridae (Coronaviridae Study Group, 2020). A origem provável deste vírus ainda é desconhecida, porém amostras de morcegos apresentaram vírus com sequências similares a de SARS-Cov-2 (Zhou, P et al., 2020). Os morcegos estão entre os mamíferos mais abundantes, sabe-se que estes animais são hospedeiros de muitos vírus causadores de doença em humanos (Chan et al., 2013; Su et al., 2016; Corman et al., 2018). O objetivo do trabalho é investigar em populações de morcegos a presença de vírus da família Coronaviridae e correlacionar com o ambiente que estes animais estão colonizando. Métodos: Morcegos de três estados brasileiros (Goiás, Minas Gerais e Tocantins), foram estudados. As coletas foram realizadas em áreas urbanas, mata nativa ou parques ecológicos, foram obtidas amostras de guano ou de orofaringe. As amostras foram submetidas a extração de RNA (Kit beads, Thermo), RT-qPCR (kit GoTaq®, Promega) oligonucleotídeos e sondas foram usados para identificação de Sars-Cov2 (N1, N2 e N3) e Bat-Sars-Cov (N3) (IDT). A reação foi realizada com o instrumento AriaMX (Agilent). O teste Z foi empregado para as análises estatísticas. Resultados: Os resultados parciais do trabalho indicam que, 17,52% das amostras foram positivas e 82,47% negativas para os genes de Sars-Cov2 ou Sars-Cov-Bat. Os valores de amplificação foram elevados. No entanto, para a amostra Phyllostomus hastatus o valor do ciclo de amplificação foi de 24, 27 para o iniciador N3. Dentre as guildas ecológicas analisadas, o maior número de amostras foi obtido em morcegos frugívoros 79,29% dos animais. A maior proporção de morcegos frugívoros positivos foi Platyrrhinus lineatus (27,7%). Para morcegos hematófagos e onívoros, o percentual de casos positivos foi de 15% e 6,6% respectivamente. A maior proporção de casos positivos foi observada em morcegos nectarívoros, 75% das amostras. Não houve diferença na proporção de casos positivos para amostras de guano ou swab-orofaríngeo ou entre morcegos machos e fêmeas (valor Z -0,66). Conclusão: De modo geral os dados indicam para a presença de vírus da família Coronaviridae entre morcegos, nectarívoros abrigam estes vírus em maior proporção e estes animais estão em áreas urbanas indicando a necessidade de realizar o monitoramento dos morcegos e das variantes de Sars-Covs circulantes.

Introdução: São conhecidos como arbovírus, os patógenos capazes de infectar vertebrados e invertebrados, através da picada de um vetor artrópode (Casseb et al., 2013). Entre os anos de 1961 até 2019, no américa latina a estimativa é que ocorreram cerca de mais de 500 mil casos de febre de Oropouche, sendo que 99,76% dos casos ocorreram no Brasil. O vírus Oropouche pertencente à família Bunyaviridae é transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis (de Melo, 2020). O primeiro isolamento no Brasil ocorreu em 1960 do sangue de uma preguiça (Bradypus tridactylus) (Azevedo et al., 2007). Devido à grande semelhança do VORO com outras arboviroses como a Dengue, as infecções hemorrágicas são muito similares, o que dificulta o diagnóstico nos hospitais, o que afeta a notificação epidemiológica (Mor, 2021). Em consequência do grande número de subnotificações, ainda não há abordagens preventivas especificas contra o vírus (Pinheiro et al., 1982). O objetivo desse artigo foi rastrear a presença do vírus Oropouche no estado de Goiás, e mapear as regiões mais afetadas. Metodologia: Trata-se de um estudo laboratorial com pacientes do CAIS Jardim Novo Mundo em Goiânia, Goiás, que apresentavam sintomas característicos à infecção por arbovírus. Para a pesquisa, foram feitas coletas de soro de 155 pacientes de 2017 a 2020. Das 155 amostras, 79 foram submetidas a extração do RNA viral, utilizando o kit MagMAX Viral/Pathogen Nucleic Acid Isolation seguindo as orientações do fabricante. Depois de obter o RNA viral foi realizado a RT-qPCR. As sequências dos oligonucleotídeos e sondas para identificação do vírus Oropouche foram adquiridas pela empresa IDT (Integrated DNA Technologies, Coralville, IA, USA). Resultados: O presente estudo está em andamento, foram realizadas as extrações de RNA de 79 amostras de soro de pacientes com suspeita de infecção por arboviroses, após a extração foi realizada a RT-qPCR. O resultado da PCR mostrou amplificação em todas as amostras utilizando o controle endógeno RNAse P humana, porém nenhuma amostra positiva para o vírus Oropouche foi identificada até o momento. Conclusão: O rastreio do vírus na região central do Brasil possibilita a investigação dos genótipos circulantes, e a divulgação desses dados na literatura será de grande impacto devido a sua baixa notificação no país e pelo fato de que a febre de Oropouche é a segunda doença febril mais incidente no Brasil.

Introdução: O atual surto de COVID-19 tornou-se uma séria ameaça à saúde das pessoas em todo o mundo. SARS-CoV-2 é facilmente transmitido através do contato com aerossóis, gotículas e fômites de pessoas infectadas. No entanto, SARS-CoV-2 também foi detectado em amostras de fezes, sugerindo uma possível contaminação fecal oral. A epidemiologia baseada em águas residuárias é uma ferramenta de monitoramento do perfil microbiológico de uma comunidade que pode contribuir para a identificação de patógenos, auxiliando na tomada de decisões, previamente aos surtos epidemiológicos. Objetivo: Este estudo monitorou a presença de SARS-CoV-2 em águas residuárias no município de Goiânia, Goiás, Brasil; estimou a prevalência da infecção correlacionando com os dados de COVID-19 clinicamente confirmados; desenvolveu um aplicativo baseado em linguagem Python para auxiliar na tomada de decisões. Métodos: Amostras de esgoto afluente e efluente foram coletadas durante os meses de janeiro a agosto de 2021 na estação de tratamento de águas residuais Dr. Hélio Seixo de Britto. A concentração viral foi realizada usando polietilenoglicol. O RNA viral foi extraído empregando o kit MagMAX’. A detecção das regiões N1 e N2 do RNA viral foi realizada por RT-qPCR. A prevalência de infecção foi estimada através da equação: NPI=CGFVαβε, a qual foi utilizada no desenvolvimento de um aplicativo para predição de números de infectados a partir da carga viral quantificada nas amostras de esgoto usando a linguagem Python. Resultados: Das 55 amostras coletadas 24 (43,63%) foram positivas, sendo 13 amostras de esgoto afluente e 15 amostras de esgoto efluente. Isto demonstra que SARS-CoV-2 não é totalmente eliminado mesmo após o tratamento. 16 amostras foram positivas para N1 (8 afluentes e 8 efluentes) e 14 amostras foram positivas para N2 (6 afluentes e 8 efluentes). Comparando o número de infectados preditos em nosso estudo com os casos relatados pelo órgão de vigilância, observa-se que a identificação de SARS-CoV-2 em esgoto consegue melhor dimensionar a dinâmica de infecção. Conclusão: A presença do RNA SARS-CoV-2 em esgotos confirma a potencialidade da vigilância ambiental como ferramenta de monitoramento, complementando a vigilância clínica.

Introdução: Mosquitos do gênero Mansonia spp. são abundantes em regiões em que ocorreram modificações ecológicas promovidas pelo homem, como construções de usinas hidrelétricas, em razão do aumento de macrófitas, indispensáveis na reprodução deste mosquito. Entretanto, não são descritos como vetores de doenças, apesar de algumas espécies serem relatadas como naturalmente infectadas com alguns arbovírus como Mayaro e Chikungunya, não foram realizados estudos de competência vetorial (Aitken, 1960; Diallo, 2012). O objetivo deste trabalho foi avaliar a susceptibilidade e potencial de transmissão de mosquitos Mansonia humeralis quanto aos arbovírus Dengue, Mayaro, Chikungunya e Zika vírus. Metodologia: Os mosquitos foram coletados em galinheiros enquanto realizavam o repasto sanguíneo em galos, no município de Jaci Paraná, Rondônia, Brasil. Fêmeas de M. humeralis foram selecionadas e separadas em pools de 10 indivíduos contendo cabeça e tórax. Os pools foram testados quanto a presença dos arbovírus Dengue, Mayaro, Chikungunya e Zika vírus por RT-qPCR e alguns pools positivos foram selecionados para o isolamento viral em cultura de células C636 (CRL-1660 - Aedes albopictus). Após 3 e 7 dias de cultivo celular, o sobrenadante das células foi coletado para confirmação do isolamento viral por RT-qPCR. Resultados: Este trabalho está em andamento, sendo os seguintes resultados preliminares. Foram montados 140 pools (N = 1.400) contendo cabeça e tórax de fêmeas de mosquitos M. humeralis, destes, 133 foram testados para o arbovírus Mayaro, sendo 33 positivos (33/140), 62 pools testados para Dengue, sendo 08 positivos (08/62) e 48 pools testados para Chikungunya e Zika vírus,sendo ambos negativos. Os sobrenadantes obtidos do cultivo viral foram positivos para o vírus Mayaro, apresentando aumento da carga viral em 7 dias de cultivo, confirmando que os pools obtidos pelo mosquito M. humeralis estavam infectados pelo arbovírus Mayaro e que este ainda possuía capacidade de replicação viral in vitro. Conclusão: Este é o primeiro relado de mosquitos M. humeralis naturalmente infectados com os arbovírus Dengue e Mayaro. Os resultados indicam o potencial vetorial dos mosquitos M. humeralis na transmissão destas arboviroses, visto a infecção na glândula salivar. Portanto, faz se necessário medidas eficazes de controle destes mosquitos no distrito de Jaci Paraná (RO).

Inducing immunogenic cell death (ICD) during cancer therapy is a major challenge that might significantly improve patient survival. The purpose of this study was to develop a theranostic nanocarrier, capable both of conveying a cytotoxic thermal dose when mediating photothermal therapy (PTT) after its intravenous delivery, and of consequently inducing ICD, improving survival. The nanocarrier consists of red blood cell membranes (RBCm) embedding the near-infrared dye IR-780 (IR) and camouflaging Mn-ferrite nanoparticles (RBCm-IR-Mn). The RBCm-IR-Mn nanocarriers were characterized by size, morphology, surface charge, magnetic, photophysical, and photothermal properties. Their photothermal conversion efficiency was found to be size- and concentration-dependent. Late apoptosis was observed as the cell death mechanism for PTT. Calreticulin and HMGB1 protein levels increased for in vitro PTT with temperature around 55 °C (ablative regime) but not for 44 °C (hyperthermia), suggesting ICD elicitation under ablation. RBCm-IR-Mn were then intravenously administered in sarcoma S180-bearing Swiss mice, and in vivo ablative PTT was performed five days later. Tumor volumes were monitored for the subsequent 120 days. RBCm-IR-Mn-mediated PTT promoted tumor regression in 11/12 animals, with an overall survival rate of 85% (11/13). Our results demonstrate that the RBCm-IR-Mn nanocarriers are great candidates for PTT-induced cancer immunotherapy.

Zinc is one of the main micronutrients for all organisms. One of the defense mechanisms used by the host includes the sequestration of metals used in fungal metabolism, such as iron and zinc. There are several mechanisms that maintain the balance in the intracellular zinc supply. MicroRNAs are effector molecules of responses between the pathogen and host, favoring or preventing infection in many microorganisms. Fungi of the Paracoccidioides genus are thermodimorphic and the etiological agents of paracoccidioidomycosis (PCM). In the current pandemic scenario world mycosis studies continue to be highly important since a significant number of patients with COVID-19 developed systemic mycoses, co-infections that complicated their clinical condition. The objective was to identify transcriptomic and proteomic adaptations in Paracoccidioides brasiliensis during zinc deprivation. Nineteen microRNAs were identified, three of which were differentially regulated. Target genes regulated by those microRNAs are elements of zinc homeostasis such as ZRT1, ZRT3 and COT1 transporters. Transcription factors that have zinc in their structure are also targets of those miRNAs. Transcriptional and proteomic data suggest that P. brasiliensis undergoes metabolic remodeling to survive zinc deprivation and that miRNAs may be part of the regulatory process.

Copper is an essential micronutrient for the performance of important biochemical processes such as respiration detoxification, and uptake of metals like iron. Studies have shown that copper deprivation is a strategy used by the host against pathogenic fungi such as Cryptoccocus neoformans and Candida albicans during growth and development of infections in the lungs and kidneys. Although there are some studies, little is known about the impact of copper deprivation in members of the Paracoccidioides genus. Therefore, using isobaric tag labeling (iTRAQ)-Based proteomic approach and LC-MS/MS, we analyzed the impact of in vitro copper deprivation in the metabolism of Paracoccidioides brasiliensis. One hundred and sixty-four (164) differentially abundant proteins were identified when yeast cells were deprived of copper, which affected cellular respiration and detoxification processes. Changes in cellular metabolism such as increased beta oxidation and cell wall remodeling were described.

Paracoccidioides spp. are thermally dimorphic fungi that cause paracoccidioidomycosis and can affect both immunocompetent and immunocompromised individuals. The infection can lead to moderate or severe illness and death. Paracoccidioides spp. undergo micronutrients deprivation within the host, including iron. To overcome such cellular stress, this genus of fungi responds in multiple ways, such as the utilization of hemoglobin. A glycosylphosphatidylinositol (GPI)-anchored fungal receptor, Rbt5, has the primary role of acquiring the essential nutrient iron from hemoglobin. Conversely, it is not clear if additional proteins participate in the process of using hemoglobin by the fungus. Therefore, in order to investigate changes in the proteomic level of P. lutzii cell wall, we deprived the fungus of iron and then treated those cells with hemoglobin. Deprived iron cells were used as control. Next, we performed cell wall fractionation and the obtained proteins were submitted to nanoUPLC-MSE. Protein expression levels of the cell wall F1 fraction of cells exposed to hemoglobin were compared with the protein expression of the cell wall F1 fraction of iron-deprived cells. Our results showed that P. lutzii exposure to hemoglobin increased the level of adhesins expression by the fungus, according to the proteomic data. We confirmed that the exposure of the fungus to hemoglobin increased its ability to adhere to macrophages by flow cytometry. In addition, we found that HSP30 of P. lutzii is a novel hemoglobin-binding protein and a possible heme oxygenase. In order to investigate the importance of HSP30 in the Paracoccidioides genus, we developed a Paracoccidioides brasiliensis knockdown strain of HSP30 via Agrobacterium tumefaciens-mediated transformation and demonstrated that silencing this gene decreases the ability of P. brasiliensis to use hemoglobin as a nutrient source. Additional studies are needed to establish HSP30 as a virulence factor, which can support the development of new therapeutic and/or diagnostic approaches.

Paracoccidioides is a genus of thermodimorphic fungi that causes paracoccidioidomycosis. When in the host, the fungus undergoes several challenges, including iron deprivation imposed by nutritional immunity. In response to the iron deprivation triggered by the host, the fungus responds in a ternary manner using mechanisms of high affinity and specificity for the uptake of Fe, namely non-classical reductive iron uptake pathway, uptake of host iron proteins, and biosynthesis and uptake of siderophores. This triple response resembles the rhythmic structure of a waltz, which features three beats per compass. Using this connotation, we have constructed this review summarizing relevant findings in this area of study and pointing out new discoveries and perspectives that may contribute to the expansion of this “little iron waltz”.