O conhecimento dos mecanismos biológicos da dor não é suficiente para a compreensão das síndromes de dor crônica frequentemente encontradas pelos neurologistas, como lombalgias, cervicobraquialgias e mialgias, nas quais nenhuma anormalidade significativa é encontrada. Aspectos psicológicos, como distúrbios do humor e ansiedade, e aspectos sociais, como ganhos secundários do tipo aposentadorias e indenizações, podem ter papel relevante na iniciação e perpetuação dos sintomas. Fatores psicológicos e sociais produzem um comportamento de doença anormal, caracterizado basicamente por uma desproporção entre sinais objetivos escassos, queixas exacerbadas e alegação de incapacidade. A identificação de um comportamento de doença anormal, através da observação e avaliação dos comportamentos dos pacientes, é um método válido e útil para fins diagnósticos e quanto a natureza das queixas. O médico deve agir de modo a não reforçar as convicções organicistas dos pacientes, orientando-se quanto à propedêutica e tratamento pelos sinais objetivos e não pelo vigor das queixas e alegação de incapacidade. A sociedade deve também abster-se de adotar políticas que estimulam comportamentos de doente anormais. The knowledge of biological pain mechanisms are not sufficient for the understanding of patients with chronic pain syndromes such as low back, cervicobrachial and muscle pain. Psychological and psychosocial aspects play important roles in the setting and perpetuation of symptoms. Mood and anxiety disorders, secondary gains such as early retirement and financial compensations, must all be acknowledged by the physician as possible contributors to the symptoms. Abnormal illness behavior may better characterize patients with chronic pain syndromes. Behavior observation, which is akin to medical practice, is therefore a powerfull tool in the diagnosis and management of these syndromes. Physicians ought be very careful in not reinforcing the patients already strong organic convictions regarding their symptoms, avoiding making decisions based on patients complaints and alleged disabilities, and assigning poorly defined and disputable diagnosis labels. Society needs also to refrain from policies that encourage abnormall illness behaviors.