As práticas de saúde experimentam já há algum tempo uma crise de legitimidade cuja superação parece não depender apenas de respostas técnicas, mas exige uma revisão mais radical de seus pressupostos e estratégias. Esta exigência requer rever também o próprio arsenal teórico que instrui a reflexão crítica e as investigações empíricas sobre essas práticas. O presente estudo busca explorar as contribuições que pode trazer a esse processo a Teoria da Luta por Reconhecimento, de Axel Honneth. Nesse sentido, são expostas as linhas gerais dessa teoria e apontadas implicações para o pensar/pesquisar em saúde. Ressalta-se a potencialidade deste quadro, especialmente no que se refere ao campo dos direitos e da estima social, de explicitar processos de desrespeito e, em consequência, conflitos no campo da saúde; de alienação como barreira ao reconhecimento de si e do outro; e de promover diálogos reconstrutivos entre quadros teóricos que facilitam a apreensão articulada de processos subjetivos e sociais, o que é relevante para a construção de efetivo cuidado em saúde.