OBJECTIVE: To estimate the prevalence of severe physical punishment of children/adolescents in a low-income community, and to examine child mental health problems as a potential correlate. METHOD: This study is a Brazilian cross-sectional pilot study of the World Studies of Abuse in Family Environments. A probabilistic sample of clusters including all eligible households (women aged 15-49 years, son/daughter < 18 years) was evaluated. One mother-child pair was randomly selected per household (n = 89; attrition = 11%). Outcome (severe physical punishment of children/adolescents by mother/father) was defined as shaking (if age < 2 years), kicking, choking, smothering, burning/scalding/branding, beating, or threatening with weapon. Three groups of potential correlates were examined: child/adolescent (age, gender, physical/mental health); mother (education, unemployment, physical/mental health, harsh physical punishment in childhood, marital violence); father (unemployment, drunkenness). Severe marital violence was defined as kicking, hitting, beating or use of /threat to use a weapon. The following standardized questionnaires were applied by trained interviewers: World Studies of Abuse in Family Environments Core Questionnaire, Child Behavior Checklist, Self-Report Questionnaire. RESULTS: Outcome prevalence was 10.1%. Final logistic regression models identified two correlates: maternal harsh physical punishment in childhood (total sample, OR = 5.3, p = 0.047), and child/adolescent mental health problems (sub-sample aged 4-17 years, n = 67, OR = 9.1, p = 0.017). CONCLUSIONS: Severe physical punishment of children/adolescents is frequent in the studied community. The victims have a higher probability of becoming future perpetrators. When intrafamilial violence occurs, child/adolescent mental health may be compromised.OBJETIVO: Estimar a prevalência de punição física grave de crianças/adolescentes em comunidade de baixa renda e examinar problemas de saúde mental nas crianças/adolescentes como um potencial fator associado. MÉTODO: Este trabalho é um estudo piloto brasileiro de corte transversal do World Studies of Abuse in Family Environments. Foi avaliada uma amostra probabilística de conglomerados, incluindo todos os domicílios elegíveis (mulheres de 15-49 anos, filho/filha < 18 anos). Uma dupla mãe-filho foi aleatoriamente selecionada por domicílio (n = 89; perda amostral = 11%). O desfecho clínico (punição física grave de crianças/adolescentes por mãe/pai) foi definido como sacudir/chacoalhar (se < 2 anos), chutar, esganar, sufocar, queimar, espancar ou ameaçar com arma. Três grupos de potenciais fatores associados foram examinados: criança/adolescente (idade, sexo, problemas de saúde física/mental); Mãe (escolaridade, desemprego, problemas de saúde física/mental, punição severa na infância, violência conjugal); Pai (desemprego, embriaguez). Violência conjugal grave foi definida como chute, soco, espancamento ou uso/ameaça de uso de arma. Os seguintes questionários padronizados foram aplicados por entrevistadores treinados: World Studies of Abuse in Family Environments Core Questionnaire, Child Behavior Checklist, Self-Report Questionnaire. RESULTADOS: Prevalência do desfecho clínico foi de 10,1%. Modelos finais de regressão logística identificaram dois fatores associados: experiência materna de punição severa na infância (amostra total, OR = 5,3, p = 0,047) e problemas de saúde mental na criança/adolescente (sub-amostra de 4-17 anos, n = 67, OR = 9,1, p = 0,017). CONCLUSÕES: A punição física grave de crianças/adolescentes é freqüente na comunidade estudada, sendo que as vítimas têm probabilidade aumentada de se tornarem futuros agressores. Quando ocorre violência intrafamiliar, a saúde mental das crianças e adolescentes pode estar comprometida.