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O presente simpósio pretende reunir trabalhos oriundos de pesquisas em andamento, ou recentemente defendidas, que discutam as dinâmicas sociais, políticas e econômicas presentes no âmbito do Império Ultramarino Português, em especial em suas possessões espalhadas por América, África e Ásia, no contexto do Antigo Regime. Nesse sentido, o ST acolherá estudos teóricos ou aplicados, privilegiando propostas que dialoguem com as diferentes perspectivas teórico-metodológicas que, nos últimos anos, têm buscado estudar os diferentes agentes e instituições daquele período a partir de sua dimensão global (como a História Atlântica, História Conectada, História Comparada, História Global, História Translocal, entre outras). Assim, entre outras questões, este simpósio tem interesse em debater: a atuação dos diferentes agentes, suas trajetórias, circulação e inserção nas hierarquias sociais do Antigo Regime; as redes sociais, de comércio e de poder que articulavam os diferentes atores e instituições; a administração colonial e a pluralidade jurisdicional, abordando questões relacionadas à governança, direito e justiça; a formação e administração do território, políticas de expansão e disputas por fronteiras; as hierarquias sociais, a formação de elites (trans)locais e seu relacionamento com o poder central; o tráfico, comércio e emprego de trabalhadores e trabalhadoras escravizados, assim como as dinâmicas sociais relacionadas à escravidão no período colonial e a agência dos sujeitos escravizados; entre outros temas relacionados.Coordenadores(as):Israel da Silva Aquino (Doutorando PPGH-UFRGS)Manuel Detoni Flores (Mestrando PPGH-UFRGS)Marcus da Silva Dorneles (Mestrando PPGH-UFRGS)Mariana Pereira Gama (Mestranda PPGH-UFRGS)

Os desafios lançados sobre a história nas últimas décadas incentivaram novas reflexões acerca da relação entre indivíduo e sociedade, tentando superar antigos e novos problemas com propostas interdisciplinares. Biografias, indivíduos, trajetórias de vida e memórias tornaram-se objetos mais recorrentes nos trabalhos de historiadores, que passaram a problematizar o lugar da experiência, da subjetividade e da sensibilidade no fazer historiográfico. Os estudos dos “grandes homens”, com seus aspectos totalizantes, foram substituídos por enfoques biográficos que analisam, ao mesmo tempo, contextos históricos, acontecimentos e estruturas que variado de acordo com a multiplicidade dos espaços e tempos. Dessa forma, os estudos biográficos promovem uma reflexão sobre como cada sociedade em diferentes temporalidades “nomeou, compreendeu, re-presentificou e fez significar as ações humanas” (GONÇALVES, 2020, p. 66). Tal enfoque procura compreender a complexidade das redes de relações individuais e coletivas, bem como os agenciamentos dos diversos atores históricos frente às práticas e normas sociais. Nesse sentido, o objetivo desse Simpósio Temático é reunir trabalhos que se dediquem a construção de biografias em suas dimensões individual e coletiva. Busca-se, a partir dos estudos de trajetória, refletir sobre os desafios, possibilidades e limites teórico-metodológicos que o gênero biográfico aciona na investigação do passado. A proposta é enriquecer o debate historiográfico, discutindo o lugar das trajetórias, biografias e das autobiografias nas pesquisas acadêmicas. Convidamos pesquisadores das mais variadas áreas das Ciências Humanas para dialogar sobre as relações entre história, memória, trajetórias de vida e testemunho, a fim de incluir novos temas e abordagens sobre os indivíduos nas suas diversas formas de “fazer-se”.Coordenadores (as):Cecil Vinicius Olivar Oliveira Guerra (Mestrando PPGH-UFRGS)Isabela Nóbrega (Doutoranda PPGH-UFRGS)Paulo Rikardo Pereira Fonseca da Cunha (Doutorando PPGH-UFF)

A presente proposta de Simpósio Temático tem como objetivo reunir pesquisadores e pesquisadoras em diferentes estágios de formação que tenham como tema de estudo a Antiguidade, em três eixos básicos: 1) procurando romper com visões e posturas contaminadas com maior ou menor grau de etnocentrismo/eurocentrismo, a mesa está aberta às pesquisas que se dedicam às diversas culturas do mundo antigo, como Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, Pérsia, Fenícios, Hebreus e culturas do Levante, além de Índia, China, Japão, entre outras, e das inter-relações entre essas culturas; 2) de igual forma nossa mesa temática também abre espaço a estudos que se concentrem sobre a Historiografia da Antiguidade, em diálogo com outras disciplinas como Arqueologia, Filologia, Arte, Teologia, etc; 3) o terceiro eixo traz a questão da recepção da Antiguidade, ou seja, espera-se estudos que tenham como problema de pesquisas as apropriações, ressignificações, recepções e usos políticos, sociais e culturais da Antiguidade na Modernidade e na Contemporaneidade, nas mais diversas linguagens, como Literatura, Teatro, Cinema, Indústria Cultural, Tecnologias Digitais e na Educação.Coordenadores:Matheus Barros da Silva (Doutorando em PPGH-UFRGS)Wellington Rafael Balém (Doutorando em PPGH-UFRGS)

A história indígena é um campo atualmente em expansão na historiografia brasileira, mas ainda com muitas lacunas a serem preenchidas. A partir de 1990 o que conhecemos como Nova História Indígena surge tentando desconstruir uma série de preconceitos a respeito dos povos nativos, buscando enfatizar as diversas estratégias de negociação, resistência e adaptação das sociedades indígenas ao longo dos últimos séculos. Os movimentos sociais organizados pelos povos indígenas foram de extrema importância nessa renovação historiográfica, demonstrando que a atuação dos indígenas no presente está relacionada com a produção do conhecimento sobre os seus passados. A proposta desse S.T. é receber trabalhos que se dediquem a história dos povos nativos em diversos contextos, abrangendo variados recortes temáticos e cronológicos, desde o período colonial até o tempo presente. Priorizam-se trabalhos que demonstrem a ação dos grupos e sujeitos indígenas nos contextos específicos e nas fontes selecionadas (podendo essas serem documentos escritos, orais, iconográficos, entre outros), bem como pesquisas voltadas para o ensino de história indígena que estejam em consonância com a aplicação da Lei 11.645 que torna obrigatória o ensino de história e cultura indígena nas escolas brasileiras e/ou pesquisas, relacionadas à temática, voltadas para a divulgação científica.Coordenadoras(es):Clara Martinez Falcão Pereira (Mestranda PPGH-UFRGS)Lucas de Lucas Samuel (Mestrando PPGH-UFRGS)

Tomando branquitude como a identidade racial branca que é mobilizada nas relações sociais orientada pela ideia de raça enquanto um construto social, como um lugar estrutural de poder não nomeado que tem o poder político-simbólico de nomear grupos/indivíduos não-brancos. Este Simpósio pretende promover um espaço de diálogo acerca da branquitude e das relações raciais no Brasil nos mais diversos aspectos da sociedade e temporalidades, desde uma perspectiva que aborde sistemas institucionais e culturais até trabalhos que abarquem trajetórias de grupos ou indivíduos. Os estudos da branquitude partem da premissa da crucialidade da categoria raça como organizadora das relações de opressão e exploração e de diferentes experiências da vida social. Pensar as branquitudes na História do Brasil é mobilizar estruturas arraigadas que tomam como norma a neutralidade da brancura nos espaços de poder, espaços que abarcam produções de saberes, de políticas e articulações arbitrárias sobre corpos não-brancos. Articulado a isso, está o debate sobre branqueamento e como essa política mobilizou, junto a outros fatores, o Estado nacional a acelerar processos de imigração branca no sul do país, entre outras ações que têm sido mobilizadas desde então. Portanto, os estudos da branquitude tem como eixo voltar-se para o branco como objeto de análise nos estudos sobre raça, investigando como a categoria raça estrutura lugares de poder e gera vantagens para esse grupo. Isto é, investigar a branquitude nos possibilita ensaiar algumas das consequências do racismo, que não os prejuízos causados, e sim as vantagens e privilégios produzidos por esse processo histórico político e social. Convidamos para participar deste S.T pesquisadores e pesquisadoras das mais diversas áreas interessados em debater sobre branquitude na História do Brasil, identidade racial branca, privilégio branco, os significados de ser branco, identidade nacional. O S.T também é aberto para demais trabalhos que articulem outras questões a partir da temática da branquitude na educação, mercado de trabalho, Direito, Mídias e Comunicações, Estética e Cinema, estudos de gênero e classe social.Coordenadoras:Francielle Pinto Andrade (Mestranda PPGH-UFRGS)Jacilene Aguiar Silva (Mestranda PPGH-UFRGS)Marina Albugeri da Silva (Mestranda PPGH-UFRGS)

Ao longo dos séculos, as sociedades africanas empreenderam modos de ver e viver o mundo pautados, em grande parte, pelas suas religiosidades. As práticas religiosas transcendem conjuntos de crenças que nelas existem, elas emergem nos seus modos de vida e em seus >valores culturais e morais. Esta perspectiva de vida nas sociedades africanas vem se ampliando com as conexões de religiões africanas com o Islã, o Cristianismo e o Judaísmo. Deste modo a multiplicidade de práticas religiosas em África ganhou novas formas e diferentes representações. Este simpósio temático tem por objetivo o encontro de pesquisadoras e pesquisadores em todos os níveis de formação acadêmica, e o fomento à discussão de trabalhos que abordem a multiplicidade das formas religiosas do continente africano, suas conexões a níveis local, regional e global e suas representações constituintes ao longo dos séculos, entre assimilações, incorporações e resistências. Deste modo, aceitam-se propostas de apresentações que dialoguem com as mais recentes pesquisas africanistas, reconhecendo a diversidade ontológica e epistemológica das sociedades africanas, e que problematizem abordagens historiográficas de viés eurocêntrico, colonialista ou orientalista. Em se tratando de estudos e pesquisas que tenham como escopo a religião, faz-se indispensável a interdisciplinaridade entre a história, a história da arte, a psicologia e as ciências sociais – sociologia e antropologia.Coordenadores:Gabriel Giacomazzi (Mestrando PPGH-UFRGS)Saido Baldé (Mestrando PPGH-UFRGS)

Entendemos que as resistências, assim como o poder, são móveis, não são idênticas, mas que tem em comum a adoção de formas de defesa e de ação contra o poder dominante. Compartilhamos também da ideia de Maria Kehl (2014, p. 342), de que uma atuação no campo da resistência teria como objetivo “mobilizar a sociedade (ou mobilizar grupos dentro dela), de maneira concertada, em torno de três pontos principais: a defesa e o exercício dos direitos; o enfrentamento da violência e do poder arbitrário; a retirada do consentimento ao governo ditatorial”. Assim, partindo dessas colocações, resolvemos criar este simpósio, que tem como objetivo reunir trabalhos que abordem formas de resistência na década de 70 no Brasil. Cientes do crescimento do revisionismo histórico baseado na negação e manipulação de evidências, acreditamos ser de grande importância para a compreensão da História Contemporânea, pesquisas que entrelacem manifestações culturais e políticas, sejam elas manifestações colaboracionistas, que reiteravam posturas políticas conservadoras, sejam elas manifestações engajadas, que expressavam ações de resistência, voltadas a conquistar direitos políticos ou a serem espaços de fala aos socialmente marginalizados. Neste sentido, convidamos a todos que tenham objeto de pesquisa correlato ao simpósio, a se juntar ao debate.Coordenadores(as):Anne Alves (Doutoranda PPGH/UFRGS)Francielle Pinto Andrade (Mestranda PPGH/UFRGS)Geovane Batista da Costa (Doutorando PPGH/UFRGS)

Desde o início do século XXI, temos vivenciado no Brasil com maior intensidade um giro epistemológico dentro e fora das universidades, e consigo, questionamentos sobre a produção de conhecimentos, representações e valores, visualizando o que está explícito e implícito nessas perspectivas. Assim, é correto pensar que está em ação um pensamento decolonial, cuja essência está no compromisso ético-político com as múltiplas experiências das populações subalternas. Integrando-se a esse contexto, a presente proposta de simpósio temático busca reunir trabalhos em torno da temática dos estudos sobre e do continente africano, a fim de analisar e debater as formas pelas quais os(as) próprios(as) africanas(os) representam suas sociedades nos mais diversos campos: política, cultura, geografia, etc. Destarte, é de sumo interesse do simpósio temático discutir os modos de evocação de memórias coletivas, assim como as problematizações sociais levantadas em relação ao continente africano. Em suma, o que está sendo proposto é a junção de trabalhos que dialoguem com preocupações do campo das ciências humanas, sociais e literárias, que nos permitam refletir sobre experiências africanas.Coordenador:Rafael Barbosa de Jesus Santana (Mestrando PPGH-UFRGS)

Ao longo de sua constituição, a historiografia da ditadura civil-militar brasileira recorrentemente se amparou em bases interpretativas dicotômicas e restritas, que trouxeram à pesquisa histórica discussões enquadradas principalmente nos moldes da branquitude, do elitismo e da cisheteronormatividade, além de limitadas a um recorte regional que privilegiou a região Sudeste. Seja em olhares atentos aos agentes políticos, às mobilizações sociais ou às instituições, esse campo de estudos foi inicialmente tecido dentro de certos limites, que vêm sendo questionados por novas abordagens, dedicadas à compreensão dos anos da ditadura a partir de enfoques diversos. O presente simpósio busca criar um espaço de trocas e discussões sobre pesquisas que tratem da ditadura civil-militar brasileira (1964-1988) a partir de outros sujeitos e sob novos olhares, possibilitando uma leitura mais ampla e plural do período. Serão abrangidos estudos que versem sobre temáticas como a atuação de mulheres, negros e negras, LGBTQIA+s, indígenas e trabalhadores nas mais diversas nuances políticas e sociais; trabalhos que proponham novas perspectivas sobre as experiências e as instituições políticas; que sejam sensíveis à pluralidade das manifestações culturais; que estabeleçam novas discussões para objetos já anteriormente colocados; entre outros enfoques que contribuam para o questionamento das bases excludentes da historiografia do período. Sabendo que essas produções são recorrentemente discutidas em nichos específicos de temas transversais, apartados do contexto político retratado nas pesquisas, este ST é um convite para que novas investigações sejam incorporadas às discussões da história da ditadura. Assim, pretende-se criar uma oportunidade de diálogo, intercâmbio e reconhecimento de novos olhares e abordagens para esse período.Coordenadoras:Bruna Moreira da Silva (Mestranda em História PPGH-UFRGS)Maria Eduarda Magro (Mestranda em História PPGH-UFRGS)Paula da Silva Ribeiro (Mestranda em História PPGH-UFRGS)

Das “catástrofes” do século XX na América Latina, as ditaduras se tornaram objeto de análise privilegiado na historiografia a partir do início dos anos 1980. A abertura de arquivos, os processos judiciais contra agentes do Estado, os testemunhos de vítimas e as políticas de memória criadas nos últimos anos são alguns dos elementos que possibilitaram o desenvolvimento de novas análises e investigações acadêmicas acerca das estruturas de repressão e dos movimentos de resistência contra o autoritarismo vigente. Inserido no Tempo Presente, esse processo histórico é constantemente revisitado e atualizado, trazendo novas perspectivas e questionamentos. Dessa forma, o presente ST busca integrar pesquisas e trabalhos acadêmicos em diferentes estágios de produção, que abordem temáticas relacionadas às ditaduras civil-militares/empresarial- militares latino-americanas, promovendo reflexões e debates sobre as singularidades das experiências ditatoriais, bem como suas conexões e paralelos. Tendo como enfoque principal os modelos de repressão, a conformação dos aparatos repressivos e as múltiplas formas de resistência desenvolvidas pelos grupos opositores às ditaduras, espera-se debater com trabalhos que explorem as mais diversas fontes e perspectivas históricas, podendo levar em conta os períodos pré-golpe e de transição para as democracias, problematizando desde os aspectos do Terrorismo de Estado àqueles associados aos direitos humanos.Coordenadora:Renata dos Santos de Mattos (Doutoranda em PPGH/UFRGS)

Partindo das premissas de que as mídias de massa, sociais, das artes e da literatura são ferramentas que garantem a propagação de informações e a comunicação entre indivíduos, assim como também são capazes de exercerem influência sob a forma como o leitor, o ouvinte ou o expectador pensa e age, acreditamos que as mídias têm um poder relevante na construção das identidades, entendidas por nós como um processo inacabado que se constrói na trama de uma pluralidade social, como um resultado de produção e/ou construção de subjetividade numa relação entre o Eu e o Outro. Sendo assim, propomos este simpósio que intenta reunir pesquisadores e pesquisadoras que trabalhem com mídias e reflitam historicamente como elas abordam questões relacionadas aos imaginários, às representações e às identidades.Coordenadores: Bruno Resende (Doutorando PPGH/UFRGS)Geovane Batista da Costa (Doutorando PPGH/UFRGS)

Este Simpósio Temático tem como objetivo promover um espaço de diálogo acerca dos movimentos sociais, suas incursões e intersecções no campo da história. No Brasil, principalmente, na segunda metade do século XX, a efervescência de grupos e indivíduos com atuações políticas e sociais, deram surgimento aos novos movimentos sociais, com reinvindicações, luta social e forte resistência, que se desenvolveram das mais variadas formas. Desse modo, tencionamos discutir, refletir e problematizar como os desdobramentos da temática impulsionaram novas indagações na historiografia fundamentais para pensarmos as constituições de identidades coletivas e individuais, contestações de múltiplos poderes no âmbito político- institucional, transformação social e cidadã, reformas e revoluções, agenciamento público e político e a história pública. Dessa forma, este S.T. pretende reunir trabalhos que versam sobre os diversos movimentos sociais: negros, indígenas, trabalhadores/as rurais e urbanos/as, feministas, LGBTQIA+, estudantis, ambientalistas entre outros que possibilitem discutir e investigar seus contextos, histórias, identidade coletiva, suas narrativas, debates, ações e instrumentos de lutas e resistências contrapondo as relações de dominação e opressões.Coordenadoras:Jacilene Aguiar Silva (Mestranda PPGH – UFRGS)Manuela Perondi Pavoni (Mestranda PPGH – UFRGS)

Cronologicamente constituída, pela historiografia, entre os séculos V e XV, o período chamado de “Idade Média” vem ganhando novas reflexões e tendo antigas concepções revisitadas teórica e metodologicamente. O estudo da Idade Média, dessa forma, mudou de maneira significativa e tem ganhado fôlego por meio da inserção de novos temas, reflexões teóricas e metodológicas, além de uma renovação nos enfoques geográficos e culturais para além das balizas ocidentais eurocentradas. Além disso, vê-se o medievo – e aquilo que se imagina sobre ele – ser utilizado, na contemporaneidade, sob a forma de narrativas que viabilizam projetos políticos e culturais extremistas, excludentes e xenofóbicos, dentro e fora do Brasil. Dessa forma, a presente proposta de Simpósio Temático objetiva abarcar pesquisadores e pesquisadoras inseridos/as nas temáticas medievais, centrados em um ou mais dos seguintes eixos: i) pesquisa em fontes do período (século V ao XV), nos seus mais diversos temas e abordagens teórico-metodológicas, além da diversidade de recortes geográficos: Europa, Ásia, África; ii) pesquisa sobre os métodos e ferramentas de ensino de História Medieval, seu potencial pedagógico, nos diversos níveis e modalidades da educação básica; iii) os usos do passado medieval – ou do imaginário sobre esse passado – na contemporaneidade, nas suas manifestações políticas, culturais e dentro da área da história pública, como produções literárias, cinematográficas entre outras. Com base nesse eixo de propostas, buscamos ampliar os temas circundantes à História Medieval, ampliando as múltiplas possibilidades de pesquisa bem como sua divulgação científica a fim de corroborar com a construção de uma historiografia mais comprometida com uma história menos excludente.Coordenadoras(es):Gabrielle Marques (Mestranda PPGH – UFRGS)Yuri Leonardo Stelmach (Mestrando PPGH – UFRGS)Zaida C. B. de L. Nicolau (Mestranda PPGH – UFRGS)

Como nos fala Paul Ricoeur, contamos histórias porque as vidas humanas têm necessidade e merecem ser contadas. Contamos, além do mais, porque construímos a nós mesmos na constante interação entre linguagem e mundo. As narrativas configuram e refiguram nossas temporalidades, nossa constituição fragmentária; convocam o outro e nos convidam à alteridade. A escrita, além de comunicar, também experiencia, denuncia, sepulta, perpetua, salva o que quer ser lembrado da corrosividade do tempo – e assim se apresenta enquanto médium e metáfora da memória. Para além de um externalizar, as narrativas também surgem enquanto possibilidade, tensão entre semelhança e diferença: nascem as ficções para sanar vontades, viver outras vidas, tomar o mundo e transformá-lo em “como-se”; partir da realidade para transgredi-la. E por estar presente na base das experiências humanas, o narrar interessa à História enquanto discurso que, sempre localizado temporalmente em um presente, é dotado de historicidade. Este simpósio temático procura reunir pesquisadoras e pesquisadores que tematizem em seu fazer historiográfico as variadas modalidades discursivas, contemplando autobiografias, testemunhos, ficções e demais gêneros literários como romances, contos e poemas. Ou ainda, que investiguem a relação entre História e Literatura, documento e ficção, narrativas testemunhais e seus limites, o narrar e a memória e problematize suas metodologias de análise.Coordenadoras:Débora Faccin (Mestranda PPGH-UFRGS)Júlia Bolognini Klassmann (Mestranda PPGH-UFRGS)

Esta proposta de simpósio pretende reunir historiadores que pesquisam sobre conflitos do cotidiano envolvendo trabalhadores e trabalhadoras (trabalho livre ou compulsório, no meio rural ou urbano) entre os séculos XIX e XX. O objetivo principal é abrir uma janela que nos permita problematizar o disciplinamento, a vigilância e a repressão contínua exercidas pelas autoridades (patronais, políticas, eclesiásticas, policiais e judiciárias) sobre os trabalhadores e trabalhadoras. Serão acolhidos trabalhos que, exemplificativamente, recomponham trajetórias, reflitam sobre padrões de valores morais e comportamentais, investiguem mecanismos de criminalização criados e recriados na interação entre os indivíduos e o Estado, analisem processos de constituição de mecanismos de controle e disciplinarização de determinados grupos étnico-raciais sociais, etc. A produção de estudos recentes a respeito das experiências dos trabalhadores livres, libertos e escravos, sob a perspectiva do historiador Sidney Chalhoub, tem permitido a reflexão sobre temas como o trabalho, a noção de justiça, o exercício da liberdade e da cidadania, o sentido e usos do Direito, etc., todos ainda fundamentais, em particular em um momento de profundas transformações sociais e de emergência de discursos autoritários. Nesse sentido, esse Simpósio Temático contribuirá para a continuidade desses estudos, de forma interdisciplinar, entre os campos da História, do Direito e das Ciências Sociais. Coordenadores:Anderson Romário Pereira Corrêa (Doutorando em História PPGH/UFRGS)Camila Melo Silveira da Silva (Doutoranda em História PPGH/UFRGS)Érico Teixeira de Loyola (Doutorando em História PPGH/UFRGS)

O Simpósio Temático pretende agrupar trabalhos de pesquisadores/as com formações diversas (graduandos/as, pós-graduandos/as, mestres/as, doutores/as) e demais interessados/as pelos estudos do Pós-Abolição. Ana Maria Rios e Hebe Mattos, em importante artigo para o campo de estudos, criticam as análises historiográficas que até a década de 1990 enfatizavam apenas a marginalização dos libertos no mercado de trabalho no pós-abolição. Assim, o pós-abolição como questão específica, destacam Rios e Mattos, “se diluía na discussão sobre o que fazer com o ‘povo brasileiro’ e a famosa ‘questão social’” (RIOS; MATTOS, 2004, p. 170). A mudança significativa de cenário ocorreria no decorrer dos anos seguintes com tendo sido constituído no XXVII Simpósio Nacional de História da Anpuh (Natal, 2013), o Grupo de Trabalho Nacional Emancipações e Pós-Abolição. O manifesto de fundação do GT Emancipações e Pós-Abolição salienta que se a década de 1980 representou um marco para a historiografia da escravidão, os anos 2000 foram decisivos para a configuração e consolidação da historiográfica do pós-abolição, uma vez que os últimos anos assistiram a publicação de livros, realização de encontros nacionais e internacionais e a formação de grupos de pesquisa nas diversas regiões do país. O estudo das sociedades pós-emancipação, conforme Frederick Cooper, Thomas Holt e Rebecca Scott em obra fundamental para a constituição do campo de pesquisa, afirmam que este não se trata apenas de uma questão temporal, mas também espacial e conceitual (COOPER; HOLT; SCOTT, 2005, p. 42-43). O que está “além da escravidão”, conforme apontam os autores, é um campo de disputas de longa duração. Ana Maria Rios e Hebe Mattos observam o campo aberto para os estudos do pós- abolição, passando a incluir uma variedade de preocupações como o papel do Estado, dos ex-senhores, as condições sociais do trabalho escravizado às vésperas do término da escravidão. Além disso, permite também investigar a recontextualização dos conceitos de cidadania e liberdade e seus significados para diferentes sujeitos sociais (RIOS; MATTOS, 2004, p. 172). O presente ST pretende abrigar uma diversidade de comunicações que trabalham com os seguintes temas: o pós-abolição como problema histórico e historiográfico; experiências negras de cidadania e liberdade; significados da liberdade; racialização das relações sociais; trabalho livre e escravizado; biografias e trajetórias; associativismo e imprensa negra; intelectuais negros (as); cultura e religiosidade; territórios negros urbanos; campesinato negro; atuação política e resistência negra na ditadura civil-militar; análise interseccional sobre o pós-abolição.Coordenadoras(es):Greice Adriana Neves Macedo (Doutoranda PPGH – UFRGS)Nathália Ketlen Dias Oliveira (Mestranda PPGH – UFRGS)Vinícius Reis Furini (Mestrando PPGH – UFRGS)

As reflexões contemporâneas sobre o fazer historiográfico e o estatuto da disciplina têm apontado para um conjunto de tensionamentos advindos de variados espaços, das críticas internas, e externas, de suas premissas fundacionais e fronteiras disciplinares até iniciativas nocivas de completa deslegitimação do campo. Entre estes últimos, estão os discursos negacionistas e apologéticos sobre períodos autoritários, fortalecidos nos últimos anos no Brasil e ao redor do mundo; e, ataques anti-democráticos à legitimidade do saber histórico produzido em instituições de ensino e pesquisa pelos profissionais da história. Em posições ético-políticas radicalmente opostas, há várias décadas discursos de memória são enunciados na esfera pública por parte de coletivos subalternos, reivindicando a centralidade das noções de raça e gênero para a compreensão da história nacional e das relações de poder. Como sabemos, tais demandas sociais manifestaram-se também nos espaços acadêmicos por meio de perspectivas epistemológicas, teórico metodológicas pós-coloniais, decoloniais, feministas, e assim por diante, deslocando a universalidade da matriz eurocêntrica do moderno conceito de história. Em suma, as últimas décadas foram marcadas por disputas políticas e sociais relacionadas à expansão de espaços de produção de narrativas e representações – democráticas e anti-democráticas – do passado. Essa conjuntura têm suscitado reflexões e debates historiográficos sobre as condições de legitimação do estatuto disciplinar e profissional da história, bem como sobre a função social dos historiadorxs no mundo contemporâneo. Em vista disso, esse simpósio temático busca reunir trabalhos com base em estudos empíricos de usos políticos do passado na esfera pública (memórias, esquecimentos, patrimônios, comemorações, temas sensíveis, discursos, negacionismos, revisionismos, passado prático, políticas de tempo, culturas de passado, regimes de historicidade etc.), assim como reflexões e propostas de problematização e comunicação da produção do conhecimento histórico em suas distintas dimensões teórico-metodológicas, epistemológicas e historiográficas (indisciplinarização da história, história pública, história digital, pós humanismo, antropoceno, problemas da colonialidade, epistemologias do sul, profissão e mercado de trabalho, etc.).Coordenadores:Lúcio Geller Junior (Mestrando em História – PPGH-UFRGS)Pedro Henrique Batistella (Mestrando em História – PPGH-UFRGS)Vicente da Silveira Detoni (Doutorando em História – PPGH-UFRGS)

Para Maria Yedda Linhares, a História Agrária é um lugar de encontro entre a história social e a geografia, buscando de maneira sistemática desenvolver novas abordagens centradas no estudo das estruturas e das paisagens agrárias, bem como da organização do espaço rural. Com base nesta perspectiva, este simpósio propõe discutir as possibilidades de pesquisa no campo, englobando discussões acerca das tendências existentes na História Agrária, bem como debates relacionados à estrutura agrária, meios de acesso, posse e direitos de propriedade da terra; cercamentos de propriedade, hierarquias sociais, escravismo, trabalho livre e as formas de resistências camponesas. Uma vez que as questões relativas à terra ainda são sensíveis e a distribuição fundiária segue profundamente desigual e sendo fonte de inúmeros conflitos, os pesquisadores da área têm renovado e ampliado metodologias, problemáticas e corpus documentais para compreender o universo agrário ao longo do tempo. Neste sentido, propomos o simpósio como um espaço de divulgação de trabalhos e troca de ideias, anseios, interpretações e metodologias, a fim de qualificar a discussão sobre o rural na história.Coordenadoras(es):Fernanda Chemin Schmitt (Mestranda em História PPGH-UFRGS)Giovane Zuanazzi (Mestrando em História PPGH-UFRGS)Vanessa Ames Schommer (Mestranda em História PPGH-UFRGS)