O que propomos, no presente artigo, é pensar a montagem - e, mais especificamente, a montagem de imagens de arquivo - como processo de mediação entre elas e o espectador. Para isso, recorremos às ideias de Georges Didi-Huberman, para refletir sobre as imagens do sonho e as imagens de arquivo. Ambas, cada uma à sua maneira, carregam vestígios da memória e possuem caráter lacunar. Apenas quando são articuladas no sonho, ou na montagem - no caso do cinema documentário - que se configura um novo sentido. Analisaremos Sem sol, de Chris Marker, em que as imagens de arquivo são montadas de forma a proporcionar uma reflexão sobre a memória e a história. O filme é construído com imagens de arquivo e leituras de cartas de um cinegrafista viajante, o que confere à narrativa um caráter imaginativo, característica essencial da lembrança e da memória. In this article, we propose to reflect upon montage - and, more specifically, on the montage of archival footage - as a process of mediation between images and the viewer. To this end, we use Georges Didi-Huberman's ideas to reflect upon dream images and archival footage, both of which - in their own way - contain vestiges of memory and have a lacunary character. However, only when they are articulated in dreams or in montages - in the case of documentary cinema - do they convey a new meaning. An analysis is made of Chris Marker's film, which is composed of archival footage and readings of letters from a traveling cameraman, giving the narrative an imaginative character, an essential characteristic of recollections and memories.