Dissertação de mestrado em Farmacologia Aplicada, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), também conhecida por ecstasy, é uma droga com elevado potencial de abuso, associada a ambientes nocturnos e recreativos, cujo consumo é mais frequente entre a população jovem. O consumo de MDMA tem vindo a ser associado a eventos cardiovasculares, desde taquicardia, hipertensão, vasoconstrição e arritmias, até enfarte agudo do miocárdio e morte súbita. Um dos maiores efeitos adversos provocados pelo ecstasy é a hipertermia, que pode desencadear arritmias, falha renal, rabdomiólise e coagulação vascular disseminada. Para além disto, a hipertermia está também associada à peroxidação lipídica e formação de radicais livres. O metabolismo da MDMA envolve N-demetilação a MDA. MDMA e MDA são Odemetilados a N-metil- -metildopamina (N-Me- -MeDA) e -metildopamina ( -MeDA), respectivamente. Na presença de glutationa (GSH), formam-se conjugados glutationil, 5- (GSH)- -MeDA e 5-(GSH)-N-Me- -MeDA. Estes metabolitos provaram ser mais tóxicos que o próprio MDMA. Neste trabalho, pretende-se avaliar os efeitos contráteis da MDMA e dos seus metabolitos, -MeDA, 5-(GSH)- -MeDA e 5-(GSH)-N-Me- -MeDA, na artéria mamária interna humana, a 37ºC e a 40ºC. A MDMA apresenta afinidade para o subtipo de receptores 5-HT2A, podendo ser estes os responsáveis pela vasoconstrição induzida pela droga. Os resultados mostram que a MDMA e -MeDA induzem contracções dosedependentes na artéria mamária interna humana, a 37ºC e a 40ºC. Em hipertermia (40ºC), a -MeDA provou ter maior actividade intrínseca e maior potência que a MDMA. Tanto a MDMA como a -MeDA provocaram um desvio da curva da 5-HT para a direita, sugerindo um agonismo parcial. Os metabolitos 5-(GSH)- -MeDA e 5-(GSH)-N-Me- -MeDA não induziram efeito contráctil na artéria, mas provocaram um desvio da curva da 5-HT para a direita, o que parece indicar um antagonismo do tipo não competitivo. 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), also known as ecstasy, is a drug with high potential of abuse associated with recreational environments, whose consumption is most common among young people. The consumption of MDMA has been associated with cardiovascular events, tachycardia, hypertension, vasoconstriction, arrhythmias and acute myocardial infarction even sudden death. An adverse effect caused by ecstasy is hyperthermia, which can trigger arrhythmias, renal failure, rhabdomyolysis and disseminated intravascular coagulation. In addition, the hyperthermia is also associated with lipid peroxidation and free radical formation. The metabolism of MDMA involves N-demethylation to MDA. MDMA and MDA are O-demethylenated to N-methyl- -methyldopamine (N-Me- -MeDA) and -methyldopamine ( -MeDA), respectively. In the presence of glutathione (GSH), glutathionyl adducts are formed: 5-(GSH)-α-MeDA and 5-(GSH)-N-Me-α-MeDA. These metabolites have proved to be more toxic than MDMA. In this research, we evaluated the contractile effects of MDMA and its metabolites, -MeDA, 5-(GSH)- -MeDA and 5-(GSH)-N-Me- -MeDA, in the human internal mammary artery at 37 ºC and 40 ºC. MDMA shows affinity for 5-HT2A subtype of receptors, they may be responsible for drug-induced vasoconstriction. The results show that -MeDA and MDMA induced dose-dependent contractions in human internal mammary artery at 37 ºC and 40 ºC. In hyperthermia (40 °C), -MeDA proved to have higher intrinsic activity and potency than MDMA. MDMA and -MeDA shift the 5-HT concentration-response curve to the right, suggesting a partial agonism. 5-(GSH)- -MeDA and 5-(GSH)-N-Me- -MeDA showed no contractile effect on artery, but causes a shift of the 5-HT curve to the right, which may indicate non-competitive antagonism.