A crise financeira iniciada no contexto americano há uma década, ocorrida em paralelo com a digitalização da economia e do trabalho, intensificou a precariedade laboral, colocando desafios acrescidos à representação política e coletiva da classe trabalhadora. Na Europa, nomeadamente em Portugal, essas transformações e as políticas de austeridade produziram alterações significativas ao nível das relações industriais, fomentando diversas ações de protesto. A par da ação dos sindicatos, emergiram vários atores coletivos que se situam no espectro dos movimentos sociais em rede, sublinhando a relevância de respostas coletivas no caso dos trabalhadores precários. Com base em pesquisas empíricas que recorreram à observação participante e a entrevistas em profundidade, neste artigo são apresentados dois estudos de caso, um confederal e outro setorial, que confrontam fatores de cooperação e tensão entre sindicatos e organizações emergentes de trabalhadores precários, no quadro do combate à precariedade laboral imposta pela austeridade. O nosso objetivo é identificar, com base nessas clivagens e aproximações, possíveis caminhos para o fortalecimento da identidade coletiva dos trabalhadores dando especial atenção ao segmento dos precários, pela sua importância enquanto parte integrante da força de trabalho, ao mesmo tempo que é enfatizado o papel dos recursos de poder e das novas tecnologias na emergência de respostas inovadoras. The fnancial crisis that brook out in the American context one decade ago, which occurred in parallel with economy and labour digitalization, intensifed labour precariousness, presented further challenges to the political and collective representation of the working class. In Europe, namely in Portugal, those transformations and austerity policies produced signifcant changes on the industrial relations level, fostering several protest actions. Simultaneously to trade unions action, several collective actors that can be placed within the network social movements’ spectrum have emerged, underlining the relevance of collective responses in the precarious workers’ case. Relying on empirical researches that fell back upon participant observation and in-depth interviews technics, in this article two case studies are presented, one confederal and other sectorial, that put in evidence the existence of cooperation and tension elements between trade unions and precarious workers’ emerging organizations in the context of the struggle against labour precariousness imposed by austerity. Our goal is to identify, based on those cleavages and approximations, possible roads for the invigoration of workers’ collective identity paying special attention to precarious segments, given their importance as part of the work force, while emphasizing the role of power resources and new technologies in the emergence of innovative responses. La crise fnancière née en Amérique il y a dix ans, survenue aux côtés de la digitalisation de l’économie et du travail, a intensifé la précarité du travail et posé des défs accrus à la représentation politique et collective de la classe ouvrière. En Europe, notamment au Portugal, ces transformations et les politiques d’austérité ont produit des modifcations signifcatives au niveau des relations de travail, donnant lieu à plusieurs actions de protestation. Parallèlement à l’action syndicale, des acteurs collectifs ont émergé en tant que mouvements sociaux en réseau, soulignant l’importance des réponses collectives concernant le précariat. Partant de recherches empiriques basées sur de l’observation participante et des entretiens en profondeur, cet article présente deux études de cas, l’un confédéral et l’autre sectorielle, qui démontrent l’existence d’éléments de coopération et de tension entre syndicats et organisations émergentes de travailleurs précaires, dans le cadre de la lutte contre la précarité du travail imposée par l’austérité. Il s’agit pour nous d’identifer les chemins possibles de renforcement de l’identité collective des travailleurs précaires, signalant en même temps le rôle des ressources de pouvoir et des nouvelles technologies dans l’émergence de réponses novatrices de la part des structures d’organisation collective et de représentation des travailleurs. La crisis fnanciera iniciada en el contexto estadounidense hace una década, en paralelo con la digitalización de la economía y del trabajo, intensifcó la precariedad laboral, planteando desafíos añadidos a la representación política y colectiva de la clase obrera. En Europa, concretamente en Portugal, esas transformaciones y la política de austeridad generaran alteraciones importantes en las relaciones industriales, fomentando acciones de protesta. Paralelamente a los sindicatos, varios actores colectivos del espectro de los movimientos sociales en red aparecieron, subrayando la signifcación de las respuestas colectivas en el caso de los trabajadores precarios. Teniendo por base investigaciones empíricas que se replegaron sobre técnicas de observación participante y entrevistas en profundidad, son presentados dos estudios de caso que señalan elementos de cooperación y de tensión entre sindicatos y las organizaciones de trabajadores precarios en el contexto de la austeridad. Nuestro objetivo es identifcar, a partir de las fracturas y acercamientos, caminos posibles para el fortalecimiento de la identidad colectiva de los trabajadores prestando especial atención al segmento precario, por su importancia como parte integrante de la fuerza de trabajo, al mismo tiempo que es señalado el papel de los recursos de poder y de las nuevas tecnologías en la emergencia de respuestas innovadoras.