Disserta??o de Mestrado em Gerontologia Social apresentada na Escola Superior de Educa??o do Instituto Polit?cnico de Viana do Castelo Contexto e objetivos. O aumento exponencial do n?mero de pessoas mais velhas na popula??o acompanhado do aumento da longevidade humana coloca um conjunto de desafios ? Sociedade, ?s fam?lias e, em particular, aos filhos adultos das pessoas mais velhas. Cada vez mais os adultos, particularmente os da meia-idade, s?o chamados a assegurar alguma forma de cuidado aos seus familiares idosos. Este fen?meno tem-se acentuado de tal forma que, alguma literatura no dom?nio, assume mesmo este tipo de cuidados como uma tarefa desenvolvimental da meia-idade (ex., Gans & Silverstein, 2006). Os adultos de meia-idade s?o fundamentais para o apoio e ajuda aos pais idosos (Morais, Faria, & Fernandes, 2019; Oliveira, 2011). Paralelamente, as transforma??es societais trouxeram implica??es para a organiza??o e funcionamento das fam?lias, verificando-se o prolongamento da coabita??o filhos-pais, muitas vezes acentuada por situa??es de separa??o conjugal ou div?rcio dos filhos adultos que regressam ? casa dos pais (Silva, 2008; Putney & Bengtson, 2001). Estas transforma??es s?o acompanhadas de uma maior relev?ncia da carreira/profiss?o na vida dos adultos, em particular dos de meia-idade. Neste sentido, os adultos de meia-idade encontram-se, simultaneamente, envolvidos em diferentes esferas da vida, nomeadamente o cuidado aos pais idosos, o cuidado aos filhos, e a consolida??o da carreira (Infurna, Gerstorf & Lachman, 2020). Neste contexto, na literatura tem emergido o conceito de double e triple caregiving para dar conta do desafio maior colocado ? meia-idade, isto ?, a capacidade de assegurar cuidados a descendentes (filhos), ascendentes (pais) e elementos da comunidade no ?mbito do exerc?cio de profiss?es no dom?nio dos cuidados formais. A simultaneidade de pap?is, assim como as exig?ncias e desafios associados, tem grandes implica??es para os n?veis de bem-estar experienciados por estes adultos. Para al?m disso, requerem o desenvolvimento de recursos intra e interindividuais nucleares ? capacidade adaptativa, nomeadamente ao n?vel da resili?ncia. Al?m disso, a literatura (Lachman, 2015) chama a aten??o para as lacunas na investiga??o sobre esta fase da vida que assume um lugar cr?tico na resposta ?s necessidades de uma popula??o idosa em r?pido crescimento (DePasquale, 2019). Face ao exposto, analisar aspetos como resili?ncia e bem-estar na meia-idade ? altamente relevante, particularmente no atual contexto de pandemia. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo explorar as rela??es entre resili?ncia e bem-estar em adultos em condi??o de double e triple caregiving que trabalham em respostas sociais de retaguarda ? velhice. M?todo. Trata-se de um estudo explorat?rio, que contou com 44 participantes com idades compreendidas entre os 25 e os 59 anos (M=42,14; dp=8,37), predominantemente mulheres (95,5%). Os participantes foram avaliados com um protocolo constitu?do por Escalas de Bem-estar Psicol?gico (Ryff-18; Ryff, 1989b; Ryff & Keys, 1995; vers?o portuguesa de Novo, Silva & Peralta, 1997), Escala de Resili?ncia (Wagnild & Young, 1987; vers?o portuguesa de Deep & Pereira, 2012), e um Question?rio Sociodemogr?fico. Os dados foram recolhidos com recurso a autoadministra??o, via on line atrav?s da plataforma GoogleForms. Resultados e conclus?o. Os resultados permitiram verificar que, em rela??o ao bem-estar psicol?gico, foram registados valores mais altos na dimens?o Crescimento pessoal e na Aceita??o de si e valores mais baixos no Dom?nio do meio e na Autonomia. Relativamente ? resili?ncia, os participantes apresentam valores mais elevados na Perseveran?a e Sentido de vida e mais baixos na Serenidade e Autossufici?ncia e Autoconfian?a. Por fim, verificam-se associa??es positivas e estatisticamente significativas entre as dimens?es da Escala da Resili?ncia e as dimens?es Autonomia e Crescimento Pessoal da Escala de Bem-estar Psicol?gico. A dimens?o Dom?nio do meio da Escala de Bem-estar Psicol?gico parece n?o evidenciar nenhuma associa??o com as dimens?es da Escala de Resili?ncia. Relativamente ? compara??o entre adultos mais jovens e adultos mais velhos, verifica-se que os participantes mais velhos (46 e mais anos) apresentam melhores resultados nas duas vari?veis em an?lise quando comparados com os participantes mais jovens (35-45 anos). O presente estudo, apesar de explorat?rio, constitui um contributo para o conhecimento sobre a vida adulta em particular sobre os adultos envolvidos em cuidados m?ltiplos, salientando a relev?ncia do bem-estar e da resili?ncia nesta fase da vida e das suas implica??es para a qualidade do processo de envelhecimento. Context and aim. The exponential increase in the number of older people in the population accompanied by the increase of human longevity poses several challenges to society, families and, in particular, the adult children of older people. More and more adults, particularly middle-aged adults, are being called upon to provide some form of care to their elderly relatives. This phenomenon has become so pronounced that literature in the field even assumes this type of care as a developmental task of middle age (e.g., Gans & Silverstein, 2006). Middle-aged adults are essential to support and help their elderly parents (Morais, Faria, & Fernandes, 2019; Oliveira, 2011). In parallel, societal transformations have brought implications for the organization and functioning of families, with the extension of child-parent cohabitation, often accentuated by situations of marital separation or divorce of adult children who return to their parents' home (Silva, 2008; Putney & Bengtson, 2001). These transformations are accompanied by a greater relevance of career/profession in the lives of adults, particularly middle-aged adults. In this sense, middle-aged adults are simultaneously involved in different spheres of life, namely caring for their aging parents, caring for their children, and consolidating their careers (Infurna, Gerstorf, & Lachman, 2020). In this context, the concept of double and triple caregiving has emerged in the literature to account for the major challenge of midlife, i.e., the ability to provide care for offspring (children), ascendants (parents) and community members within the scope of formal caregiving professions. The simultaneity of roles, as well as the associated demands and challenges, have major implications for the levels of well-being experienced by these adults. In addition, they require the development of intra- and inter-individual resources core to adaptive capacity, namely at the level of resilience. In addition, the literature (Lachman, 2015) draws attention to the gaps in research on this stage of life, which assumes a critical place in meeting the needs of the rapidly growing elderly population (DePasquale, 2019). Thus, analysing aspects such as resilience and well-being in midlife is highly relevant, particularly in the current pandemic context. In this context, this study aims to explore the relationships between resilience and well-being in adults with double and/or triple caregiving, working in social responses to old age. Method. This is a exploratory study, with 44 participants aged between 25 and 59 years (M=42.14; SD=8.37), predominantly women (95.5%). Participants were assessed using a protocol consisting of Psychological Well-Being Scales (Ryff-18; Ryff, 1989b; Ryff & Keys, 1995; Portuguese version by Novo, Silva & Peralta, 1997), Resilience Scale (Wagnild & Young, 1987; Portuguese version by Deep & Pereira, 2012), and a Sociodemographic Questionnaire. Data were collected using self-administration, via on line through the GoogleForms platform. Results and conclusion. The results show that, in relation to psychological well-being, higher scores were found in the Personal growth and Self-acceptance dimensions and lower scores in Mastering the environment and Autonomy. Regarding resilience, participants show higher values in Perseverance and Sense of Life and lower values in Serenity and Self-Reliance and Self-Confidence. Finally, positive and statistically significant associations were found between the dimensions of the Resilience Scale and the Autonomy and Personal Growth dimensions of the Psychological Well-Being Scale. The environment domain dimension of the Psychological Well-Being Scale does not seem to show any association with the dimensions of the Resilience Scale. Regarding the comparison between younger and older adults, we found that older participants (46 and older) showed better results in the two variables under analysis when compared to younger participants (35-45 years old). Although this study is exploratory, it contributes to the knowledge about adult life, particularly about adults involved in multiple care, highlighting the relevance of well-being and resilience at this stage of life and its implications for the quality of the aging process.