O pós-modernismo, vertente literária da literatura contemporânea, encontrou na América Latina vários adeptos da sua estética, os quais descobriram nela uma forma inovadora de expressar muito da realidade histórica e contemporânea das suas nações e, consequentemente, do continente em que pertencem. Dois exemplos são as obras Respiração Artificial (1980), do argentino Ricardo Piglia, e Em liberdade (1981), do brasileiro Silviano Santiago, objetos desta pesquisa, que revelam uma linguagem pós-moderna carregada de críticas sociais e políticas frente ao passado histórico de suas nações e, ao mesmo tempo, representando o momento de produção e recepção das duas narrativas. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar as obras, na perspectiva teórica da literatura comparada, mostrando seus pontos de convergência e seus possíveis diálogos, o contexto extradiegético e intradiegético representado e, sobretudo, verificando como e por meio de quais estratégias linguísticas os escritores representam a história das suas nações e do seu continente. Para tal, foram utilizados como aporte teórico os seguintes nomes: Sandra Nitrini (2015), Tânia Franco Carvalhal (2006; 2011), Eduardo Coutinho (2003; 2011), Luiz Costa Lima (1986; 1989; 2006), Benedito Nunes (1988), Antônio Esteves (2010), Linda Hutcheon (1989; 1991), Fernando Aínsa (1994), Fernando Alegría (1986), Zygmunt Bauman (1998), Umberto Eco (1985; 1991), Carlos Fuentes (2011), Leyla Perrone-Moisés (2016), Wander Mello Miranda (2009; 2010), entre outros. Essa análise permitiu refletir que, embora retratem períodos passados, estes foram usados como artifício para aludir metaforicamente sobre o período presente vivenciado pelos autores, marcado por governos ditatoriais, autoritários e violentos. Portanto, Piglia e Santiago evidenciam também que a história, muitas vezes, se repete sob novos disfarces, daí a necessidade de uma ressignificação do passado, do presente e seus discursos. Essas reflexões são suscitadas por meio de vários recursos expressivos da estética pós-moderna, como a autorreferencialidade, a metaficção historiográfica e o pastiche, que tornam suas obras mais complexas e labirínticas, cabendo ao leitor um papel fundamental na atribuição de sentido. Sob esta ótica, Em liberdade e Respiração Artificial conseguem evidenciar o quanto a literatura e a historiografia são discursos criados pelo homem e possuem relações, sendo que a nenhum deles cabe o papel de detentor absoluto da verdade. Postmodernism, a literary part of contemporary literature, has found in Latin America several followers of its aesthetics that have discovered in it an innovative way of expressing the historical and the contemporary reality of their nations and, consequently, of the continent that they belong. Two examples are; Respiração Artificial (1980), by the Argentinean Ricardo Piglia, and Em liberdade (1981), by the Brazilian Silviano Santiago, objects of this research, which reveals a postmodern language full of social and political criticisms in relation to the historical past of their nations and, at the same time, representing the production and reception moment of these narratives. So, the objective of this research was to analyze, in the perspective of the comparative literature theory, the convergence points in the narratives and the possible dialogues between them, also the extradiegetic and intradiegetic context represented and, mainly, verifying how and through which linguistic strategies the writers represent their nations and continents history. For this, the theoretical basis were the contributions of this following names: Sandra Nitrini (2015), Tânia Franco Carvalhal (2006; 2011), Eduardo Coutinho (2003; 2011), Luiz Costa Lima (1986; 1989; 2006), Benedito Nunes (1988), Antônio Esteves (1986), Zygmunt Bauman (1998), Umberto Eco (1985; 1991), Carlos Fuentes (2011), Leyla Perrone-Moisés (2016), Wander Mello Miranda (2009; 2010), among others. This analysis allowed us to reflect, although the narratives portray past periods of the history, these past periods are used as an artifice to allude metaphorically about the present period experienced by the authors, marked by dictatorial, authoritarian and violent governments. Therefore, Piglia and Santiago also show that the history often repeats itself under new covers. Because of this, there is a need for a resignification of the past, present and its discourses. These reflections are brought through many expressive resources belong to the postmodern aesthetics, such as self-referentiality, historiographic metafiction and the pastiche, that make their works more complex and labyrinthine, giving to the reader a fundamental role in the process of the meaning construction. From this point of view, Em liberdade and Respiração Artificial can reveal how much literature and historiography are discourses created by man and have relations with each other, and none of them has the monopoly on truth.