Trabalho final de mestrado integrado em Medicina área científica de Nutrição Clínica, apresentada á Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra O chocolate é um produto alimentar derivado do cacau. Outrora usado com fins medicinais, o seu consumo ficou associado a obesidade, problemas dentários e diabetes. O sentimento prazeroso que desperta em quem o consome faz com que por vezes, seja ingerido em elevada quantidade e o género preferido não seja o melhor para a saúde. Atualmente, cada vez mais se associam efeitos benéficos ao seu consumo, estando isto a criar, de novo, uma procura desmedida deste produto, procura essa, que deve ser travada e racionalizada. Com este trabalho de revisão pretendi realizar uma análise global dos malefícios e benefícios associados ao consumo de chocolate sobre a saúde humana. Procurei também perceber qual a melhor forma de regular a sua ingestão, em relação com diversos fatores (ex.: prática de exercício físico e tipo de alimentação realizada), com o objetivo final de que os benefícios obtidos suplantassem os malefícios e fossem alcançadas melhorias na saúde dos seus consumidores. Para a sua realização selecionei artigos científicos, disponíveis na base de dados “Pubmed” e “b-on”, que obtive através das seguintes palavras-chave: “chocolate”, “lipids”, “healthy diet”, “oxidative stress”, “antioxidants”, “nitric oxid” e “stearic acid”. O chocolate é rico em hidratos de carbono e gorduras saturadas que levam a uma elevada ingestão calórica, o que pode proporcionar aumento de peso e o desenvolvimento de patologias como HTA, dislipidémia ou IC. Em contraposição, outros componentes, nomeadamente as gorduras monoinsaturadas e os flavanoles, conferem-lhe um elevado poder antioxidante, pelo que o seu consumo pode proporcionar benefícios à saúde humana, a nível cardiovascular ou na prevenção de neoplasias, por exemplo. Crê-se que possa melhorar a função endotelial, a resistência à insulina, a distimia e a líbido; reduzir a pressão arterial, o nível de colesterol plasmático e estados inflamatórios. Parece ainda modular a função plaquetária, conferir proteção contra queimaduras solares e prevenir o envelhecimento precoce da pele. A quantidade e a qualidade do chocolate ingerido podem ser ajustadas segundo diversos fatores como a predisposição genética para determinadas doenças, a alimentação diária, a prática de exercício físico, o metabolismo específico de cada indivíduo e o seu IMC. A sua dosagem pode ser controlada e avaliada também em função dos restantes nutrientes alimentares, constituintes da alimentação diária, considerando ainda o momento do dia em que é consumido de modo a não exceder as suas doses diárias recomendadas ou seja, mantendo um plano alimentar isoenergético. Face às exigências de mercado atuais e ao elevado processamento sofrido pelo cacau torna-se importante escolher um chocolate com o maior teor em cacau possível e por conseguinte, com a menor percentagem de gorduras saturadas e hidratos de carbono. Conjugando todos estes fatores, o chocolate negro pode fazer parte de uma dieta rica, variada e equilibrada, sem alteração do plano alimentar diário. Deste modo, pretende-se que os benefícios suplantem os malefícios, tão comummente enraizados no conhecimento popular. Diversos estudos têm sido realizados, mas ainda são necessários resultados mais conclusivos. Novos estudos devem tornar-se mais precisos e com resultados prospetivos, para que os efeitos do consumo do chocolate sejam melhor esclarecidos e se possa falar de uma dose diária limite, estando esta dependente e relacionada com o benefício que se espera obter. Com um conhecimento tão aprofundado, espera-se informar a população acerca dos melhores métodos de consumo e qual o melhor chocolate a ser consumido. Desta forma, pretende-se evitar a ideia generalizada e errónea de que todos os chocolates/restante doçaria produzem os mesmos efeitos que o chocolate negro. Chocolate is an eatable cacao derivative. Once used with medicinal purposes, its consumption was associated with obesity, dental problems and diabetes. The pleasant feeling that arouses in those who consume it causes, sometimes, an indiscriminate and high amount of ingestion with the preferred type of chocolate not always being the best for health. Nowadays, there have been increasingly reports associating beneficial effects with its consumption, creating, over again, an immoderate search for this product, which must be stopped and rationalized. The present review intended to carry out a comprehensive analysis of harms and benefits associated with chocolate consumption on human health. It is also tried to understand the best way to regulate its ingestion, taking different factors into account (e.g.: physical exercise and diet type), aiming that the benefits can supplant the harms and health improvement can be reached in its consumers. Therefore, scientific articles were selected, available in “Pubmed” and “b-on” database, using the following key-words: “chocolate”, “lipids”, “healthy diet”, “oxidative stress”, “antioxidants”, “nitric oxid” and “stearic acid”. Chocolate is rich in carbohydrates and saturated fats leading to a high caloric intake which can provide weight gain and the development of diseases such as high blood pressure, dyslipidaemia or heart failure. In contrast, other components, namely monounsaturated fats and flavanols, give it a high antioxidant power, so its consumption can provide benefits to human health, at cardiovascular level or cancer prevention, for example. It is believed that it can improve endothelial function, insulin resistance, dysthymia and libido; it also decreases blood pressure, plasmatic cholesterol level and inflammatory states. Moreover, it appears to modulate platelet function, confer protection against burns and prevent premature skin aging. Quantity and quality of ingested chocolate could be adjusted according to various factors, such as genetic predisposition to certain diseases, daily diet, physical exercise, specific metabolism of each individual and their BMI. Furthermore, its dosage could be controlled and evaluated taking into account other dietary nutrients, constituents of the diet, considering as well the day moment in which it is consumed so that, it won’t exceed its recommended daily doses, in other words, maintaining a isoenergetic diet plan. Facing the current market requirements and the high processing suffered by cacao, it is also important to choose a chocolate with the highest cacao content possible and, consequently, with the lowest percentage of saturated fats and carbohydrates. Combining all these factors, black chocolate may be part of a rich, varied and balanced diet, without changing the diary diet plan. In this way benefits may supplant harms, contrary to what is popular knowledge. Several studies have been conducted but there is still a need for more conclusive results. New studies should become more accurate and with prospective results, aiming at better understanding the effects of chocolate’s consumption and at establishing a limit daily dose, being this dependent and related to the benefits that are expected to arise. With a thorough knowledge on the matter, it is largely looked forward to correctly inform the population about the best methods of consumption and what is the best chocolate to consume, so that there is not a mistaken belief that all chocolates/remnant sweets produce the same beneficial effects as black chocolate