Trabalho Final do Mestrado Integrado em Medicina apresentado à Faculdade de Medicina Primary fallopian tube carcinoma (PFTC) is rare and often approached together with primary ovarian and peritoneal carcinoma. The most common histological subtype is the high-grade serous subtype, which is also the most frequent in BRCA 1/2 mutation carriers. The etiology is unknown, it is assumed to be multifactorial, highlighting, however, the role of BRCA 1/2 mutations. Currently we realize that the prevalence of PTFC was underestimated with recent evidence suggesting that the vast majority of ovarian carcinomas, highly prevalent in women carrying BRCA mutations, arise from the distal portion of the fallopian tubes.The definitive diagnosis, usually done in the late stages of the disease, is histopathological, but suspicion arises from a combination of clinical and imaging findings. Staging is surgical, but a preoperative imaging evaluation should be performed to plan surgery, identify unresectable disease, and inquire about the benefit of neoadjuvant chemotherapy.Mutations on BRCA 1/2 genes, which are tumor suppressors genes, lead to DNA damage, promoting carcinogenesis. Typically these are germline mutations with autosomal dominant transmission, being considered of high penetrance. Nevertheless, a variety of mutations exist, and not all confer the same susceptibility to cancer. It is thought that a second somatic mutation is required for carcinoma to appear, and this is associated with the genotoxic damage accumulated throughout the patient's life. Being genes expressed in various tissues, it is not clear why there is an increased risk of specific tumors, however recent data suggests that the increased susceptibility for breast and ovarian carcinomas, including primary fallopian tube and peritoneal carcinomas, when compared with other organs, possibly due to the additional genotoxic damage caused by the action of estrogens in these tissues. The therapy is based on surgery followed by adjuvant platinum-based chemotherapy. Currently, maintenance therapy may be considered in selected patients, using new targeted therapies, like anti-VEGF agents (bevacizumab) or PARP inhibitors, that may have great therapeutic potential, particularly in patients with BRCA mutations. The globally accepted preventive strategy for women with BRCA mutations is prophylactic salpingooforectomy. It has proved to reduce the risk of pelvic and breast carcinoma However this technique has some inherent limitations, primarily for women of childbearing age. Therefore, in these patients, the available preventive strategies are limited. The discovery of new preventive strategies or early diagnostic strategies for these women is urgently needed, so they can be offered a more conservative approach, being the salpingectomy with late oophorectomy the most promising of them all. O carcinoma primário das trompas de Falópio (CPTF) é raro e muitas vezes abordado conjuntamente com o carcinoma do ovário e peritoneal primário. O subtipo histológico mais comum é o subtipo seroso de alto grau, sendo este também o mais frequente em portadoras de mutações BRCA 1/2. A etiologia é desconhecida, assume-se multifatorial, destacando-se, no entanto, o papel das mutações BRCA 1/2. Atualmente sabe-se que a prevalência do CPTF foi subvalorizada, com evidências recentes a sugerirem que a grande maioria dos carcinomas do ovário, muito prevalentes em mulheres portadoras de mutações BRCA, tem origem na porção distal das trompas de Falópio.O diagnóstico, maioritariamente em fases avançadas da doença, só é definitivo após análise histopatológica, contudo a suspeita surge por conjugação da clínica e imagem. O estadiamento é cirúrgico, no entanto, uma avaliação pré-operatória imagiológica deve ser realizada para planear a cirurgia, identificar critérios de irressecabilidade e determinar o grau de benefício de eventual quimioterapia neoadjuvante. As mutações nos genes BRCA 1/2, que são genes supressores tumorais, promove a acumulação de alterações no ADN, promovendo a carcinogénese. Tipicamente as mutações são germinativas e de transmissão autossómica dominante, sendo considerados genes de elevada penetrância. Apesar disso, existem variadas mutações, pelo que nem todas conferem a mesma suscetibilidade. Pensa-se que para surgir carcinoma seja necessária uma segunda mutação somática, estando esta associada ao dano genotóxico acumulado ao longo da vida da doente. Sendo genes expressos em variados tecidos, não se percebe concretamente o porquê do risco aumentado de tumores específicos. Todavia, dados recentes sugerem que a maior suscetibilidade dos portadores destas mutações para carcinomas da mama e ovário, incluindo da trompa e peritoneal primário, possa dever-se ao dano genotóxico adicional imputado pela ação dos estrogénios nestes tecidos.Quanto à terapêutica, esta baseia-se na cirurgia seguida de quimioterapia adjuvante à base de compostos de platina. Atualmente pode considerar-se a utilização de terapêuticas de manutenção em doentes selecionados, que pode ser feita com agentes mais recentes e dirigidos, como anti-VEGF (bevacizumab) ou inibidores da PARP, que apresentam um grande potencial terapêutico, particularmente em doente com mutações BRCA. A estratégia preventiva para o CPTF globalmente aceite e comprovada para mulheres com mutações BRCA, é a salpingooforectomia profilática. Comprovadamente reduz o risco de carcinoma pélvico e também o risco de carcinoma da mama. Todavia, a técnica tem algumas limitações inerentes, principalmente em idades férteis, pelo que nestas doentes as estratégias preventivas disponíveis são limitadas. Neste sentido, urge a necessidade da investigação de novas estratégias preventivas ou de diagnóstico precoce, de forma a permitir abordagens mais conservadoras nestas doentes, sendo a salpingectomia com ooforectomia tardia, de todas elas, a mais promissora.