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Esta pesquisa teve como objeto de estudo as abordagens da diferença cultural no currículo de ciências pela pesquisa em educação em ciências, tomando como referência os conceitos de multiculturalismo, de interculturalidade e as perspectivas pós-coloniais. Buscamos artigos que contivessem esses termos no título e/ou no resumo, publicados em quatro periódicos consolidados, cobrindo todo o período de publicação, o que resultou em um total de 33 artigos. Procuramos compreender, a partir do nosso quadro teórico, como os estudos concebem ou analisam abordagens curriculares que envolvem a ciência e outras culturas em função dos objetivos, referenciais teóricos e dos autores mobilizados, destacando como é entendida a relação entre a diversidade cultural e o currículo. Nossa análise permitiu descrever quatro tipos de relação: diálogos harmônicos entre culturas, diálogos interculturais, abordagens críticas da interculturalidade e abordagens pós-estruturalistas da diferença cultural. Pelo número inexpressivo de trabalhos encontrados sobre esses temas, foi possível supor que a pesquisa em educação em ciências ainda privilegia a ciência moderna ocidental como cultura pretensamente universal. O conjunto majoritário e polissêmico de abordagens interculturais mostrou que encontros da ciência com outras culturas enfrentam desafios para o ensino de ciências que são resolvidos de diferentes formas. Quando esse encontro se dá com base em paradigmas pós-estruturalistas, a ciência é colocada em igualdade com perspectivas heterodoxas e soluções precisam ser inventadas. Este exercício pode causar estranhamento e desconforto, mas também pode nos levar a lugares nos quais as relações entre a humanidade e o mundo natural tenham mais chances.

O conceito de futuro tem aparecido de forma recorrente em textos de políticas curriculares, nacionais e internacionais, bem como em documentos de organismos multilaterais. No contexto da educação em ciências, essa recorrência é influenciada por demandas relacionadas a direcionar a educação para o papel de alicerce à construção de futuros planetários sustentáveis. Tal reconhecimento motiva o interesse na investigação das formas pelas quais este conceito é tratado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o documento que normatiza o desenvolvimento de currículos brasileiros desde a formação docente até a construção de livros didáticos. Esse interesse se justifica pela relevância de um olhar territorializado para possíveis tendências em emergência no cenário global, a fim de identificar particularidades, bem como potenciais e limitações locais no trabalho com problemáticas que ultrapassam o nível nacional. Nesta investigação, foi realizada uma análise textual pautada no referencial teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD) com base em trechos da BNCC que recrutam o futuro voltados especificamente a tratar da formação para a contemporaneidade. Os resultados discutem formulações e aspectos textuais da BNCC em relação à conjuntura em que se dá sua elaboração e promulgação, as influências neoliberais sobre o documento, bem como demandas educacionais em ascensão diante de um cenário de crise global. Em particular, percebe-se que, no que tange os objetivos relacionados à sustentabilidade ambiental, privilegia-se o empreendedorismo e a inserção laboral em detrimento do bem-comum ou da valorização da diferença.

Em meio a uma sociedade cada vez mais rápida e efêmera, a inserção da leitura de clássicos da literatura entre os jovens é desafiadora, porém é um estímulo para o desenvolvimento de cidadãos críticos. Assim, considera-se a literatura como aliada ao processo de ensino-aprendizagem por promover o desenvolvimento cognitivo e social. Este estudo teve como objetivo identificar os aspectos científicos implícitos na obra de Rachel de Queiroz, O Quinze, para utilizá-la na educação em ciências no Ensino Médio, com vistas à alfabetização científica. Para tal, foi analisado se o livro possuía conteúdos científicos de acordo com as três esferas do conhecimento científico sistematizado, por meio da análise de conteúdo da obra. Na esfera conceitual-fenomenológica, foram identificados temas pertencentes às categorias saúde, meio ambiente e bioquímica. A esfera histórico-metodológica permite uma discussão epistemológica. Por fim, a esfera sociopolítica exibiu temas relacionados à Ciência e Sociedade. Conclui-se que a obra apresenta um extenso potencial para a educação científica.

Esse trabalho tem como objetivo buscar identificar a relação entre as concepções epistemológicas dos estudantes e o seu desempenho em uma atividade investigativa, realizada em duplas, por meio de uma simulação computacional. O desempenho dos estudantes foi avaliado segundo um conjunto de fatores: o total de experimentos realizados, a exploração do campo experimental, a percentagem de variáveis independentes pesquisadas; e a quantidade e/ou percentagem de testes válidos e conclusivos realizados. Participaram desta pesquisa quantitativa 184 alunos do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública federal de Belo Horizonte. Os resultados sugerem que, no geral, alunos que apresentam crenças epistemológicas mais sofisticadas sobre a natureza da ciência tendem a apresentar estratégias mais adequadas de controle de variáveis e de experimentação. Com base nos resultados obtidos, são discutidas as implicações educacionais e propostas novas possibilidades de pesquisa na área.

Neste trabalho nós apresentamos os resultados de uma pesquisa na qual nós investigamos a utilização de um método de ensino e aprendizagem conhecido como Peer Instruction (PI). O contexto da pesquisa é um curso de introdução à Física oferecido em uma escola de ensino profissionalizante de nível médio. O PI é um método no qual os estudantes são estimulados a explicar sua compreensão dos conteúdos aos seus colegas e podem ser confrontados com a compreensão de seus pares. Nossa questão de pesquisa era: as discussões entre estudantes aumentam o número de estudantes que escolhem a resposta certa e afetam o nível de confiança desses sujeitos em suas respostas? Os dados que obtivemos mostram um aumento bastante expressivo no número de respostas certas e um efeito muito significativo das discussões entre pares sobre a confiança dos estudantes em suas respostas.

The clitoris is still a significantly underrepresented organ in today's society, especially in education. In light of this, the central objective of this work was to propose a didactic sequence that highlights the underrepresentation of the clitoris in science and education. To achieve this, historical and anatomophysiological aspects of the clitoris were systematized through bibliographic research in studies related to the organ. This allowed us to highlight aspects of the nature of science in this context and (re)contextualize aspects of clitoral anatomy and physiology for teaching. Furthermore, the analysis of textbooks and videos that claim to be educational materials made it evident that the (sub)representation of clitoral anatomophysiology and scientific knowledge is a prevalent issue. Based on these findings, we argue that discussing the anatomophysiological and historical aspects of the clitoris can be a means to address the nature of science in science and biology classes. Finally, we proposed a didactic sequence about the clitoris, aimed at Science and Biology teachers. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

O texto discorre sobre o referencial teórico-metodológico de uma experiência de implementação de um dos núcleos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Federal do Paraná. O núcleo “Pibid – Ciências” foi composto por 24 estudantes de Ciências Biológicas e 03 professores supervisores de Ciências do ensino fundamental, os quais foram instigados a se lançar em um processo formativo a partir de experiências estéticas, com referenciais fenomenológicos e hermenêuticos, para suas ações nas escolas. A travessia foi desafiadora, porém, com rupturas de paradigmas e cicatrizações de dualidades modernas, dentre elas, ciências e artes. O artigo não intenciona analisar a experiência, mas compor um ensaio teórico que percola as/os autoras/es que inspiraram a caminhada.

Resumo: Esse artigo-parecer pretende continuar o diálogo com o artigo Especulações foucaultianas sobre uma Neociência Ubuesca. Inspirada na discussão apresentada por Isabelle Stengers (2023) sobre a importância do desacelerar das ciências, discuto a publicação parcial de resultados de pesquisas, a relação ciências e grande público e algumas considerações sobre educação em ciências. Assim, argumento que as pessoas não separam os ensinamentos das ciências de suas implicações, de forma que as relações ciências com público, consideradas por muitos responsáveis pelo crescimento do negacionismo, são marcadas por valores, contexto e histórias de vida. E, em diálogo com pesquisadores da educação em ciências, defendo que tempos de pós-verdade nos desafiam a construir práticas pedagógicas capazes de problematizar as desigualdades de raça, gênero, classe e ambientais estabelecidas no Brasil e produzir ações que tensionem as pessoas para a criação de sentido coletivo, uma vez que não há mudanças sem os movimentos sociais

A abordagem convencional do tema das drogas nas escolas tende a se limitar às substâncias em si, negligenciando os importantes fatores histórico-sociais provenientes da colonialidade que permeia o assunto. Entre esses fatores estão o encarceramento em massa da população negra, o apagamento dos conhecimentos tradicionais (epistemicídio), a natureza subjetiva das políticas proibicionistas e a devastadora guerra às drogas. Diante desse cenário, os estudos decoloniais emergem como uma perspectiva crucial, buscando descolonizar estruturas de poder, conhecimentos e identidades, ao reconhecer e valorizar perspectivas e experiências historicamente marginalizadas e colonizadas. Partindo da indagação 'Como os estudos decoloniais podem contribuir para a Educação sobre drogas?', nosso objetivo é “Realizar uma reflexão sobre como os estudos decoloniais podem contribuir nas discussões sobre o tema drogas na Educação em ciências”. Para tal, articulamos o conceito de colonialidade, um panorama das políticas proibicionistas e referências que embasam uma Educação em Ciências decolonial.

Resumo: O Cenário Integrador (CI), desenvolvido a partir de temas de relevância social no contexto escolar, apresenta como diferencial a Ação Ativista. Este estudo analisa a influência da Comunidade de Prática na elaboração da Ação Ativista em CI. Foram realizadas entrevistas videogravadas com duas licenciandas pioneiras na implementação de CI em escolas públicas, posteriormente transcritas e analisadas via Análise Textual Discursiva, resultando em: planejamento do Cenário Integrador e o diálogo com a escola e Ação Ativista na realidade da escola e a repercussão na formação do discente. Dificuldades foram apontadas, como a elaboração remota na pandemia, a transição para a implementação presencial com o retorno às escolas em 2022 e, também, poucos estudos na literatura sobre ativismo escolar no Brasil. A Ação Ativista nas comunidades de prática investigadas demonstrou o potencial da escola como ambiente para promover o ativismo sociocientífico, e sua contribuição na formação ativa dos futuros professores e estudantes.

O clitóris é um órgão bastante invisibilizado ainda nos dias atuais, especialmente no ensino. Em vista disso, este trabalho teve como objetivo central propor uma sequência didática que evidencie a sub-representação do clitóris na ciência e no ensino. Para tanto, foram sistematizados aspectos históricos e anatomofisiológicos do clitóris, por meio de pesquisa bibliográfica em estudos que tratam do órgão, o que permitiu evidenciar aspectos de natureza da ciência nesse contexto, bem como (re)contextualizar aspectos da anatomia e fisiologia do clitóris para o ensino. Além disso, a análise de livros didáticos e de vídeos que se dizem aula tornou evidente a (sub)representação da anatomofisiologia do clitóris e de seu conhecimento científico. A partir dessas constatações, sustentamos que discutir os aspectos anatomofisiológicos e históricos do clitóris pode ser um meio para a abordagem da natureza da ciência em aulas de ciências e de biologia. Por fim, propôs-se uma sequência didática sobre o clitóris, destinada a professores de Ciências e de Biologia.

O presente trabalho visa compreender os saberes científicos e pedagógicos de conteúdo de professoras do Programa Residência Pedagógica em Química, da Universidade Federal de Mato Grosso, identificando quais e como esses saberes influenciam o fazer pedagógico. Apresenta-se como construto teórico os saberes na perspectiva de Pimenta (2012), Gauthier et al., (2013), Shulman (2014) e Tardif (2014). O método de pesquisa consiste na abordagem qualitativa, a partir da Pesquisa Narrativa, tendo como instrumentos investigativos questionário e entrevista semiestruturada, para análise de adotou-se a Análise Textual Discursiva. Os resultados evidenciam a legitimidade dos saberes científicos nas metodologias do trabalho pedagógico das professoras, no entanto, podem estar sendo utilizados, de forma reducionista ou de forma a proporcionar obstáculos epistemológicos. Por fim, esta pesquisa contribui para Educação em Ciências ao evidenciar necessidades que devem ser advertidas na formação inicial de professores, por exemplo, vigilância epistemológica, mobilização e entrelaçamento dos saberes necessários a atuação docente.

The field of Science Teaching (ST) seeks different alternatives to enhance its practices in the classroom. In this context, the use of music in the teaching process appears as a possibility. The bibliographical research presented here searched in the annals of the Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências held from 2011 to 2021 and in periodicals in the area of Science Education in the QUALIS A1 or A2 stratum for works that addressed this theme, in order to draw an overview about of the way in which researchers in the field explore the relationship between music and ST. 33 works were found that were subdivided into three major categories, constructed based on the observed thematic recurrence: exploration of scientific concepts; creation and use of parodies and analysis of the lyrics of songs with scientific themes, in which 11 different motivations were identified as justification for their use. The works that used song lyrics were subdivided according to the type of composition approach. Finally, the analysis of recurring authors who worked on song lyrics was carried out with the aim of verifying recurrences and absences of musical genres, in an attempt to understand the use of music as an instrument or cultural object. The absence of the samba-enredo genre and the tendency to use music as a teaching instrument and not as a cultural object stood out. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

This article presents a literature review focusing on the trajectories, stories and experiences of black scientists and students in physics and the natural sciences. Based on Critical Race Theory and the Decolonial Perspective, the study problematizes the Eurocentric, colonial, racist and patriarchal structures of contemporary science, as well as the under-representation of black people, especially black women, in the natural and physical sciences. The review aimed to investigate and analyze how the stories and experiential knowledge of black people have been discussed in the area of Physics/Science Teaching research. The period 2003-2021 was set for searching the articles. The research stemming from a master's thesis classified the findings into five thematic categories using the Documentary Analysis methodology. The thematic category chosen to be covered in this article concerns the trajectories and experiences of black scientists and students in Physics and the Sciences and brought together 11 articles. The literature points to a research gap on this issue, especially in the Brazilian literature. The articles present African scientific contributions, the narratives of black women in the United States and the challenges faced by black students, pointing to the need for epistemic decolonization and equitable inclusion in physics/science education. The results show that black people at university suffer from historical barriers in the area, and black women have particular challenges that intersect race and gender. Some of the obstacles reported by black students were: lack of belonging or feelings of isolation, reduced self-efficacy, little representation of black people in the sciences and reproduction of gender and racial stereotypes. The fight against racism and other oppressions in academia must involve valuing, welcoming, including, encouraging and disseminating the work of black scientists and students in the history of science. The literature also highlights the need to combat systemic inequalities through a process of epistemic decolonization in Physics/Science Teaching, placing the experiential knowledge of black people at the center of the discussion so that oppressive structures can be critically understood. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

One of the emerging challenges in science education involves the sharing of epistemic responsibilities between teachers and students in the knowledge construction processes. In this context, the construct of epistemic agency has been mobilized as a promising proposition among researchers in the field of science education. With the purpose of discussing the meanings of the concept in the area, we address how researchers have interpreted and investigated epistemic agency, focusing on the meanings attributed to the two components of the construct: "agency" and "epistemic." To do this, we seek to position the notion of agency in the broader educational field, considering research that explores relationships between agency as a broader and intersectional construct and learning. In a cohesive manner, we discuss epistemic aspects commonly considered in analyses of epistemic agency. Finally, we discuss the relationships between epistemic agency and power, which seems particularly relevant for advancements in the field, given the already established discussions about the active role of the student in learning. We argue that research on epistemic agency would benefit from a more solid grounding in power theories, which would allow for: i) situating the aspects considered relevant in the analyses, ii) operationalizing concepts from power theories for analysis; iii) linking theoretical propositions about power to notions of science learning used in the field; and iv) advance understanding of transformations in learning contexts. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

The Critical Race Theory (CRT) plays a fundamental role in helping to understand the dynamics of racial relations in the country. This work consists of a literature review on the articulation and use of CRT in science education. The main objective was to map, identify, and analyze academic production in science education that adopted CRT as a theoretical and/or methodological framework from 1995 to 2021, in order to understand the debates in the field of research and teaching of Science Education, both in the Brazilian and international contexts. The search was carried out by consulting articles in the electronic databases ERIC (Educational Resource Information Centre), CAPES (Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel) Journal Portal, and SciELO (Scientific Electronic Library Online). The search result was 40 articles, published in 24 international journals. After selection, reading, and analysis of the articles, the works were organized into three categories: (i) commitment of science education to racial issues; (ii) education of youth from a racial perspective; (iii) teacher perception in race-centered training. The research highlights the need for more studies and research efforts regarding CRT in the Brazilian context, especially in Science Education and in the physical sciences, where it is still not widely disseminated. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

O artigo é um ensaio a respeito das pesquisas desenvolvidas dentro da área de Educação em Ciências, particularmente focalizando os estudos associados à Educação CTS. Utilizando a epistemologia lakatosiana, caracterizamos os elementos básicos de um programa de pesquisa e, em seguida, examinamos o desenvolvimento da Educação CTS, com especial olhar para o contexto brasileiro e latino-americano. Apontamos que temos um programa de pesquisa progressivo, com um núcleo irredutível muito bem estabelecido e discutimos alguns aspectos relativos ao seu cinturão protetor e ao trabalho que acontece dentro de seus limites. Ao assinalarmos que temos um programa de pesquisa progressivo, argumentamos que seu desenvolvimento teórico parece caminhar mais aceleradamente do que o desenvolvimento empírico, mas isso significa também que há muito trabalho ainda a ser feito, sobretudo no campo empírico-prático, com impacto potencialmente positivo para a educação científica em nosso país.

Este artigo assenta numa Revisão Sistemática de Literatura (RSL), sobre Educação em Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) promotora do Pensamento crítico (PC), tendo como questão de investigação “Que quadros de referência sustentam propostas didáticas com orientação CTS promotoras do PC?”. Os objetivos consistem em caracterizar a perspetiva do processo de ensino e aprendizagem (ensino/papel do Professor, aprendizagem/papel do Aluno, conceção de: a Ciência, o cientista, a Tecnologia) e explorar os elementos de concretização do processo de ensino e aprendizagem (estratégias, atividades de ensino, recursos e materiais, ambiente de sala de aula). Definiram-se termos de pesquisa nas bases de dados SCOPUS, Web of Science, RCAAP, critérios de inclusão/exclusão seguindo o protocolo PRISMA. Constituiu-se corpus de 12 artigos recorrendo à análise de conteúdo. Resultados revelam a necessidade de construir, validar e implementar novos recursos didáticos CTS/PC, em contexto de sala de aula. Estes deverão: (i) ser concebidos e implementados em contexto real de educação em ciências; (ii) resultar de um processo reflexivo de desenvolvimento e melhoria das propostas didáticas; (iii) promover, intencional e explicitamente, o PC dos alunos e (iv) envolver todos os participantes no desenvolvimento das propostas didáticas. Este artigo contribui para a discussão/reflexão acerca das orientações e especificações de desenvolvimento de propostas didáticas CTS/PC, operacionalização e implementação, para a formação de cidadãos conscientes, participativos, com literacia científica (LC), numa sociedade democrática.

Nesta pesquisa é trilhado um caminho em busca de compreensões sobre o funcionamento do Ensino Médio em vigor a partir da Lei nº 13.415/2017. Objetiva-se responder: como as mudanças no Ensino Médio que são propostas nos documentos curriculares estão sendo desenvolvidas pelos professores e compreendidas pelos coordenadores pedagógicos da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (CNT) das escolas de Ensino Médio da Rede Básica de Ensino do RS pertencentes à 14ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul (CRERS)? O corpus de análise é composto pelos dados obtidos através de respostas a um questionário semiestruturado, que foi disponibilizado na plataforma Google Forms a professores da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e coordenadores que trabalham em escolas estaduais da 14ª CRERS. Sendo a Análise Textual Discursiva a metodologia de análise, que resultou em duas categorias: necessidades junto às mudanças no Ensino Médio e planejamento e desenvolvimento de atividades na área da CNT, as quais serão discutidas ao longo deste trabalho. Percebe-se que os olhares tanto do professor quanto do coordenador não destoam, mas demonstram as mesmas dúvidas diante das mudanças propostas. Mesmo que alguns tenham deixado claro que veem a importância destas mudanças, não as compreendem no todo. Sobre os estudantes, são discutidos apontamentos e respostas que mostram a diferença entre o protagonismo que lhes foi prometido e evidências de um processo antidemocrático.

Neste trabalho, apresentamos os principais argumentos que têm sido utilizados pelos modernos defensores do terraplanismo, bem como o contexto histórico relativo ao desenvolvimento de algumas obras essenciais para esse movimento. Em seguida, apresentamos um breve resgate historiográfico acerca dos modelos propostos para o formato da Terra, identificando como diferentes civilizações chegaram à conclusão que o modelo esférico é mais apropriado. Por fim, apresentamos uma série de evidências observacionais, algumas selecionados por sua simplicidade, outras por sua relevância histórica, fundamentais para qualquer discussão em sala de aula sobre o formato do nosso planeta.

RESUMO: Este artigo-parecer origina-se dos comentários críticos feitos ao artigo original de autoria de Carlos Sérgio Leonardo Junior, publicado no volume 25 de 2023 da revista Ensaio. É proposta uma discussão crítica de aspectos das reflexões ontológicas e epistemológicas da ciência discutidos pelo autor em sua revisão bibliográfica. É aprofundado o debate crítico iniciado no parecer sobre a aproximação feita pelo autor entre o materialismo dialético e concepções intituladas de realismo e concepções do chamado marxismo ocidental. São feitos apontamentos que contribuem para melhor definição das concepções do materialismo dialético visando desenvolver seu uso na Educação em Ciências. Demonstra-se que a concepção do realismo transcendental de Bhaskar, cuja revisão sugere aproximações ao materialismo dialético, guarda mais afinidades com o dualismo metafísico neokantiano. As reflexões contribuem para elevar a compreensão sobre o uso do materialismo dialético como referencial na Educação em Ciências.

A presente pesquisa pretende identificar as principais tendências que cercam a temática Experimentação. Para tanto optou-se por um estudo do tipo exploratório, perpassando uma revisão bibliográfica feita na Plataforma Lattes a respeito das lideranças da área de Ciências da Natureza que tem como foco em suas pesquisas a Experimentação atrelada a outros temas. Para as análises, seguimos a Análise Textual Discursiva (ATD) e assim encontramos quatro categorias que se delineiam ao longo da escrita. Durante as análises, chegamos a resultados que apontam tendências significativas ao longo do tempo (2018-2022), estas caminham junto ao contexto da Experimentação, na tentativa de ampliar as possibilidades do trabalho experimental, rumo a novos desafios para cursos de formação de professores e pesquisadores da área de Educação em Ciências.

As necessidades formativas podem ser definidas como saberes percebidos ou não pelos professores, que são demandados no processo de ensino. A sua identificação pode contribuir para reflexões e discussões sobre os processos de formação inicial e continuada de professores, bem como para a formulação de políticas educativas. O objetivo deste trabalho é compreender as necessidades formativas dos professores de Ciências para o ensino dentro da realidade camponesa. Para isso, foi realizada a Revisão Sistemática de Literatura dos trabalhos publicados nas edições do Seminário Internacional e Fórum de Educação do Campo, por este ser um evento de projeção nacional e internacional com foco nas discussões sobre a Educação do Campo. A análise seguiu as etapas da Análise Textual Discursiva. Os resultados apontaram necessidades formativas, destacando-se a de saber contextualizar o ensino e a adoção de metodologias alternativas.

Este trabalho tem como objetivo apresentar a Fenomenologia da Percepção e da Corporeidade de Merleau-Ponty e suas influências na Educação (em Ciências). Iniciamos apresentando a Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty, elaborada a partir de suas compreensões sobre a obra Ideias II de Husserl e sua influência da teoria Gestalt. Para Merleau-Ponty, a percepção do mundo só pode acontecer a partir do Corpo, por isso, sua fenomenologia é conhecida como Fenomenologia da Corporeidade. Nela Merleau-Ponty apresenta três tipos de Corpo: o corpo objeto, o Corpo sujeito e o Corpo próprio ou vivido, este último, é um Corpo que sente, percebe, vive e experiencia, por isso, é primordial nas nossas relações com o mundo. Uma vez que é pelo Corpo que experienciamos o mundo, mostramos como ele se apresenta na Educação (em Ciências). Percebemos nela, a necessidade da corporeidade em sala de aula para aproximar os fenômenos percebidos à existência dos alunos. Assim, defendemos que abordagem fenomenológica é um caminho educacional que possibilita a percepção do mundo-escola-vida a partir das nossas experiências corporais, da nossa interação com o outro e com o mundo em que vivemos.

This research presented the mapping of "state of the art" research presented at the National Research Meetings in Science Education (ENPEC), in the period between 1997 and 2021. Methodologically, this work can be defined as a state of the art research, which collected data from the Minutes of the ENPEC editions, compiled it into an excel spreadsheet and analyzed the information. In the 13 editions of ENPEC, 8209 works were presented, 773 of which were about the state of the art theme. The results show that there are, basically, 3 specialist authors on the state of the art who methodologically base the works presented. And most of the state of the art works presented in ENPEC editions carry out research on the works presented in the ENPEC events themselves, instead of theses and dissertations. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

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In this work, it is considered that the assumptions of Liberating Education and STS Education, when articulated, contribute to the democratization of decisions about social issues involving science and technology and to a science teaching that provides a critical view of the world. Aiming to corroborate the studies on the articulation of these perspectives, this work was carried out with the objective of analyzing publications on the articulation between Liberating Education and STS Education in the area of Science teaching in the Brazilian context. Based on an integrative literature review, over a ten-year period (2012-2022), the following were considered as research data: minutes of the National Research Meeting in Science Education (ENPEC); six academic-scientific journals from the A1 and A2 strata of the Science teaching area defined by CAPES Qualis, in the 2017-2020 quadrennial evaluation; and the IBICT repository at the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD). The integrative review shows that the articulation between Liberating Education and STS Education: has different purposes, among which, the political redirection in Science teaching; it is carried out in different ways, such as, for example, through Thematic Investigation; it promotes possibilities, such as curricular reconfigurations based on a critical perspective and social context; and it contains limitations such as the gap between Freire's assumptions and scientific literacy. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

O campo de Ensino de Ciências (EC) busca diferentes alternativas para potencializar suas práticas em sala de aula. Nesse contexto, a utilização da música no processo didático surge como uma possibilidade. A pesquisa bibliográfica aqui apresentada buscou nos anais dos Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências realizados de 2011 a 2021 e em revistas da área de Educação em Ciências no estrato QUALIS A1 ou A2 trabalhos que abordassem essa temática, a fim de traçar um panorama acerca da maneira pela qual pesquisadores do campo exploram a relação entre música e EC. Foram encontrados 33 trabalhos que se subdividiram em três grandes categorias, construídas a partir da recorrência temática observada: exploração de conceitos científicos; criação e utilização de paródias e análise das letras das canções de temáticas científicas, nos quais foram identificadas 11 motivações diferentes como justificativa para a utilização. Os trabalhos que utilizaram letras das canções foram subdivididos em relação ao tipo de abordagem da composição. Por fim, a análise dos autores recorrentes e que trabalharam letras de canções foi realizada com o intuito de verificar recorrências e ausências de gêneros musicais, na tentativa de compreender acerca da utilização da música como instrumento ou objeto cultural. Destacou-se a ausência do gênero samba-enredo e a tendência à utilização da música como um instrumento de ensino e, não, como um objeto cultural.

A Teoria Crítica da Raça (TCR) desempenha um papel fundamental ao ajudar a compreender a dinâmica das relações raciais no país. Este trabalho consiste em uma revisão da literatura sobre a articulação e a utilização da TCR na educação científica. O objetivo principal foi mapear, identificar e analisar a produção acadêmica na área da educação científica que adotou a TCR como referencial teórico e/ou metodológico, no período de 1995 a 2021, a fim de compreender os debates no campo da pesquisa e do ensino da Educação em Ciências, tanto no contexto brasileiro quanto internacional. A pesquisa foi realizada por meio da consulta de artigos nas bases de dados eletrônicas ERIC (Educational Resource Information Centre), Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). O resultado da busca foi de 40 artigos, publicados em 24 periódicos internacionais. Após a seleção, leitura e análise dos artigos, os trabalhos foram organizados em três categorias: (i) Compromisso da educação científica com as questões raciais; (ii) Educação de jovens na perspectiva da raça; (iii) Percepção docente na formação centrada na raça. A pesquisa destaca a necessidade de mais estudos e esforços de pesquisa em relação à TCR no contexto brasileiro, especialmente na Educação em Ciências e nas ciências físicas, onde ainda é pouco difundida.

RESUMO: Neste editorial apresentamos as perspectivas de ciência aberta adotada pelo periódico dando destaque para as práticas de dados abertos e dados compartilhados. A disponibilização de dados de pesquisa pode aprimorar a transparência, a colaboração, a reprodutibilidade, a replicação, o reuso e o enriquecimento da produção científica no campo da Educação em Ciências. Por isso, neste editorial, trazemos novas perspectivas à temática com base em nossos aprendizados ao longo de 2023 na implementação de uma editoria de dados, a qual detalhamos o trabalho em um fluxograma. Além disso, abordamos algumas das possíveis implicações do compartilhamento ético de dados na área e relatamos alguns dos frutos das interações entre nossa equipe editorial, pessoas autoras e a comunidade acadêmica envolvida nas discussões sobre ciência aberta e sintetizamos os caminhos que temos trilhado nessa seara.

RESUMO: Neste editorial resgatamos a história da revista Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências evidenciando acontecimentos chave que marcaram a trajetória do periódico como importante veículo de comunicação científica da área de Educação em Ciências. Esse resgate é uma homenagem a todas as pessoas editoras que passaram por nossa revista e deram efetivas contribuições à pesquisa no campo da Educação em Ciências. Diante de uma série de desafios, alguns presentes desde o nascimento da revista e outros novos, também é uma forma de situar nosso periódico diante das tendências e demandas editoriais vigentes, delineando perspectivas e vislumbrando novos horizontes para a Ensaio.

Professores/as que trabalham com a Educação em Ciências, mais especificamente com o ensino de Biologia, apresentam dificuldades em estabelecer relações entre o ensino das Ciências Biológicas e a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) em suas aulas, o que tem sido resultado marcante da ausência de uma Pedagogia Antirracista na formação inicial. Atualmente Instituições de Ensino Superior tem ofertado componentes curriculares voltadas a ERER nos cursos de licenciatura das diversas áreas do conhecimento. Assim, buscamos verificar em que medida discentes da Licenciatura em Ciências Biológicas que cursaram a ERER enquanto componente curricular têm identificado e compreendido as possíveis relações entre ensino de Ciências e Biologia para a Educação Básica, e as discussões que configuram o educar para as relações étnico-raciais propostas durante sua formação inicial. Para isso recorremos à abordagem qualitativa de pesquisa por meio de um Estudo de Caso realizado em uma universidade federal do nordeste brasileiro que é pioneira em institucionalizar a ERER enquanto componente obrigatório nos currículos dos cursos de licenciatura, cujos dados foram coletados por meio de um questionário e submetidos à análise de conteúdo. Os resultados revelam que os/as discentes identificam e compreendem as relações entre ERER e ensino de Ciências e Biologia na medida em que o curso de formação inicial oferta o estudo de conceitos neste campo, permitindo-os/as compreender as relações étnico-raciais no Brasil, e identificar elementos da Biologia que possibilitam o planejamento de práticas docentes antirracistas, promovendo uma articulação de cunho epistemológico entre o ensino da Biologia e o ensino das Relações Étnico-Raciais.

Apesar de um interesse renovado da área de ensino sobre os impactos da internet e das tecnologias digitais em diferentes contextos educacionais a partir de um olhar antropológico, não há muitas revisões da literatura que discutem as principais contribuições dessas pesquisas. Portanto, investigamos, na presente revisão, artigos publicados em periódicos da área de ensino de Qualis A3 ou superior que usam explicitamente os referenciais dos estudos antropológicos e etnográficos relacionados à internet. Para isso, baseamo-nos nas orientações de Gregg B. Jackson (1980) e Harris M. Cooper (1982) para as revisões integrativas de literatura. Os termos de busca foram “antropologia digital”, “antropologia AND ciberespaço”, “antropologia AND cibercultura”, “etnografia digital”, “etnografia virtual”, “netnografia” e, em inglês, “digital anthropology”, “anthropology AND cyberspace”, “anthropology AND cyberculture”, “digital ethnography”, “virtual ethnography” e “netnography”. Nas buscas realizadas no Periódicos CAPES e no Scopus, após filtrar por área e extrato de qualidade, além de outros critérios de exclusão, chegamos a 42 trabalhos. Como um panorama da literatura revisada, destacamos que os trabalhos que não focam nas questões antropológicas é porque focam mais em outros aspectos educacionais, enquanto os trabalhos que não focam nas questões educacionais assim o fazem por causa dos seus referenciais teórico-metodológicos ou porque abordam temas mais gerais como ética ou métodos de pesquisa.

Neste trabalho considera-se que os pressupostos da Educação Libertadora e da Educação CTS, quando articulados, contribuem para a democratização das decisões acerca de questões sociais que envolvem a ciência e a tecnologia e para um ensino de Ciências que proporcione uma visão crítica do mundo. Visando corroborar com os estudos sobre a articulação dessas perspectivas, este trabalho foi conduzido com o objetivo de analisar publicações sobre a articulação entre Educação Libertadora e a Educação CTS na área de ensino de Ciências no contexto brasileiro. A partir de uma pesquisa de revisão integrativa da literatura, no período de dez anos (2012-2022), foram considerados como dados da pesquisa: anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC); seis periódicos acadêmico-científicos dos estratos A1 e A2 da área de ensino de Ciências definidos pelo Qualis da CAPES, na avaliação quadrienal de 2017-2020; e o repositório do IBICT na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). A revisão integrativa evidencia que a articulação entre a Educação Libertadora e a Educação CTS: tem diferentes propósitos, dentre os quais, o redirecionamento político no ensino de Ciências; é realizada por diversas maneiras, como, por exemplo, por meio da Investigação Temática; promove possibilidades, tais como, reconfigurações curriculares balizadas na perspectiva crítica e no contexto social; e encerra limitações como o distanciamento entre pressupostos freireanos e alfabetização científica.

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Neste artigo objetivou-se analisar e discutir os turnos de fala produzidos em uma intervenção pedagógica, no processo de formação antirracista de jovens periféricos, buscando refletir sobre a apropriação de elementos científicos e dos meios comunicacionais. Apresenta-se o estudo desde o planejamento, design e desenvolvimento de uma Intervenção Pedagógica (IP) para educação das relações étnico-raciais e a discussão conhecimento químicos, utilizando como estratégia a comunicação crítica e popular, pressuposto da Escola Popular de Comunicação Crítica. Com elementos de uma pesquisa participante, a IP contou com a participação de cinco jovens negros/as e de baixa renda da periferia da grande Goiânia, alunos de iniciação científica júnior no projeto Afrocientista. Os resultados revelaram que a citada estratégia pode ser promissora e que possibilita a percepção dos jovens participantes do racismo na mídia ainda que, contraditoriamente, os alunos têm dificuldades de superar o mito da democracia racial. A pesquisa ainda mostrou que é possível, através do paradigma da potência, favorecer o letramento racial concomitantemente ao ensino de ciências/química.

Neste trabalho, argumentamos ser a proposta historiográfica de Ubiratan D’Ambrosio (1932-2021), presente em seu Programa Etnomatemática, capaz de nos apoiar nos processos de valorização da historicidade e da diversidade cultural brasileiras. Partindo de uma pesquisa teórica, de abordagem qualitativa e bibliográfica, utilizamos alguns aspectos da perspectiva de D’Ambrosio para fazer o estudo de um episódio histórico do século XVII, baseado na tradução de um livro publicado em 1614 por um missionário francês, que participou do projeto de colonização do Brasil no que ficou conhecido como França Equinocial. Nesse sentido, ao final, apresentamos uma discussão de três trechos dessa tradução que evidenciam conhecimentos astronômicos de um grupo Tupinambá que vivia no Maranhão nessa época. Com isso, buscamos oferecer subsídios para que docentes de Ciências e Física implementem propostas na Educação Básica na perspectiva das Histórias das Ciências especializadas, buscando evitar estereótipos e abordagens ingênuas, de modo a ir ao encontro, por exemplo, da Lei 11.645/2008, a qual exige a inclusão de estudos sobre história e cultura afro-brasileira e indígena em todo o currículo escolar do Brasil.

Este artigo analisa, pela perspectiva de professores formadores de cursos de licenciatura, o uso e a integração de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em práticas curriculares de Educação em Ciências no que diz respeito: i) à contribuição desses recursos para a aprendizagem e a formação de professores críticos e reflexivos; ii) ao papel do docente na construção do pensamento crítico e da cidadania no mundo digital. Trata-se de estudo de cunho qualitativo que tem por base dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com nove professores formadores de uma universidade federal do sul de Minas Gerais. Os dados foram analisados a partir de temas emergentes das falas dos participantes. Os resultados indicam que a maioria dos entrevistados entende as TDIC como “ferramentas” a serviço do currículo e da aprendizagem, bem como destacam o papel motivador das TDIC. Entretanto, a visão geral dos professores formadores desconsidera essas tecnologias como bens culturais que interferem diretamente nos processos de ensinar e aprender na cultura digital. O conceito de “cidadania digital” é compreendido em direta articulação com a noção mais ampla de cidadania. Essa, trazida como elemento importante da formação inicial de professores pela maioria dos entrevistados.

Este texto se faz ao modo de um manifesto, por meio de uma escrita-oficina (Pontin; Godoy, 2017), provocando uma tessitura que instaura a urgência de se pensar e agir na construção de relações outras com a educação em ciências da natureza nos espaços educativos. Mobilizando, assim, ensinagens e aprendizagens que se tecem nas brechas de observações simpáticas, experimentações atentas e processos autoeducativos, com/em meio à/pela vida, que cultivem múltiplos modos de habitar e constituir o mundo. Emerge, desse manifesto, a partir de um fazer escritural-oficineiro, um convite aos/às educadores/as, não menos desassossegador, mas banhado de vitalidade, alegria e boa sorte, de que criem circunstâncias e pensamentos com-vida na educação e nas ciências da natureza.

O trabalho em questão trata-se de uma imersão na pesquisa narrativa baseado na perspectiva de Clandinin e Connelly (2015) trazendo a constituição do pesquisador e sua relação com a temática Divulgação Científica a partir da metáfora do costurar que constitui o espaço tridimensional o qual engloba o indivíduo e suas narrativas. A pesquisa narrativa aparece nesse âmbito tornando-se um contar e recontar de histórias que trazem à tona sentimentos e angústias do pesquisador. Esses ultrapassam o narrar dessa história e enriquecem o texto de detalhes, que permitem ao leitor se embeber na realidade do pesquisador, onde o texto molda-se às experiências e interações. Desta forma, trago o meu constitutivo (auto)biográfico como pesquisador, perpassando da infância até a constituição docente e profissional.

O conceito de teorias da conspiração se tornou uma matéria de interesse nas discussões, acadêmicas e midiáticas, sobre negacionismo científico, sendo associado a distintas formas culturais: desconfiança vacinal, suposições sobre fraudes eleitorais etc. Neste artigo, nos firmamos em metodologias de mapeamento de controvérsias no intuito de seguir como o conceito de teorias da conspiração foi mobilizado em controvérsias sobre o terraplanismo, investigando como os atores produziram associações em uma mídia social (Facebook). Concluímos que o conceito de teorias da conspiração foi transformado, pela ação de atores específicos, em uma categoria depreciativa a englobar fenômenos negacionistas, como o terraplanismo.

RESUMO: Este artigo apresenta uma revisão sistemática da produção de conhecimentos sobre o conceito de Comunidade de Prática (CoP) vinculado à formação de professores de ciências nos últimos 20 anos, em pesquisas realizadas no Brasil e em Portugal. A pesquisa sistemática foi realizada através de levantamentos em bases de dados e repositórios, com o objetivo de identificar as principais características das pesquisas que abordam o conceito de CoP como cenário formativo de professores da educação em ciências. Procedeu-se à análise de conteúdo (BARDIN, 2011) baseada nas seguintes categorias: características da produção acadêmica; sentidos produzidos sobre a formação de professores; abordagens metodológicas mobilizadas e problemáticas levantadas nas pesquisas; bem como os objetivos e resultados alcançados. Nossas análises apontam que as pesquisas sobre o tema consideram as CoP como uma ferramenta teórica-analítica, mas também como uma estratégia projetada para promover aprendizagens, constituindo-se como um espaço mais democrático e horizontal de formação de professores de ciências.

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Este estudo consiste em uma imersão analítica, em diálogo com a teorização foucaultiana, nos discursos acerca da Tabela Periódica dos elementos químicos no campo pedagógico-escolar. Para tanto, foram eleitos artigos sobre o tema veiculados em dois periódicos acadêmicos voltados ao ensino da Química e de expressiva circulação no Brasil: Química Nova na Escola e Revista Brasileira de Ensino de Química. Os textos selecionados, recobrindo o período de 1995 a 2020, foram categorizados de acordo com seis campos temáticos: (1) Atualização e informação; (2) Periodicidade química; (3) História da ciência; (4) Jogo didático; (5) Sequência didática contextualizada; e (6) Outros. A análise do material evidenciou as arraigadas problemáticas inerentes ao ensino da referida disciplina, bem como algumas diretivas a cargo das pedagogias contemporâneas — sobretudo sob o signo do construtivismo — para saná-las. Nessa direção, é patente o paulatino esmorecimento do emprego da Tabela Periódica, a partir de 2013, nas estratégias de ensino propostas ao ensino da Química nos dois periódicos analisados.

Este estudo investiga as finalidades da disciplina escolar Biologia e como essas vêm sendo reconfiguradas no Brasil desde 1996 até a presente década. Para isso, utiliza como material empírico textos de políticas curriculares produzidas após a LDBEN/1996, no período de redemocratização da sociedade brasileira após a ditadura militar. Para o estudo, mobilizam-se referências curriculares da história das disciplinas escolares de Ivor Goodson, em diálogo com o exame das finalidades dessa disciplina tratados por Dorothy Rosenthal e pelos estudos críticos de Gert Biesta. A análise evidencia a influência crescente das orientações neoliberais na elaboração das políticas curriculares brasileiras, as quais delineiam alterações nas finalidades da disciplina escolar Biologia. Nas décadas recentes, a ação neoliberal voltada à educação se intensifica, transmutada na presença e na densidade da ressignificação do capitalismo mundializado e operado por atores sociais tais como fundações filantrópicas, grupos empresariais e movimentos organizados. O efeito anunciado sobre as finalidades da disciplina escolar Biologia indica sua dissolução, integrando-a à área de Ciências da Natureza e suas tecnologias. A análise sugere que se trata de uma ameaça à estabilidade disciplinar dessa disciplina com desdobramentos sobre a formação docente, a produção de livros didáticos e sobre sociedades científicas e profissionais organizadas em prol desta formação. O estudo pondera, entretanto, que o futuro que se anuncia também é sujeito a insurgências e resistências operadas pela construção cotidiana dos docentes no interior de suas escolas.

Apresenta-se uma reflexão crítica sobre três problemáticas pertinentes da educação em ciências - orientação do ensino, reconceptualização curricular e pesquisa/inovação – visando estimular o seu debate e sugerir caminhos possíveis para a sua melhoria no quadro de uma educação em ciências para a cidadania. O estudo está ancorado em princípios epistémicos da Complexidade de Morin, em particular, a multidimensionalidade, multirreferencialidade e incompletude do conhecimento. Dirige-se sobretudo aos professores de ciências (ensino não superior) e formadores de professores de ciências tendo em vista o seu desenvolvimento profissional. O estudo adota uma abordagem da pesquisa qualitativa de natureza interpretativa de dados oriundos de fontes diversas. Na discussão sobre estratégias para a mudança, o estudo debruça-se sobre o debate em curso sobre as orientações STEM/CTS (orientação do ensino), sobre alternativas à arquitetura curricular (currículo) e sobre a reorientação do papel da pesquisa como inovação, estratégias a levar a cabo de forma articulada.

Discutimos relações mínimas de consistência e coerência em processos de ensino e aprendizagem na interface da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) e do Ensino de Ciências pela Pesquisa (ECP). Para isso, analisamos trabalhos que, explícita ou implicitamente, tenham realizado tal amálgama nas edições de 2013, 2015 e 2017 do ENPEC/ABRAPEC, ambiência que promove e dissemina conhecimentos acadêmicos de relevância e impacto; procedimentalmente, utilizamos a Análise Textual Discursiva (ATD) em uma abordagem descritiva de uma revisão narrativa, em que a busca das fontes não é sistemática e é usualmente menos abrangente, embora útil como exploração primária ao campo de pesquisa. Cinco categorias argumentativas foram identificadas: (i) autores de referência com relação à TAS; (ii) abordagens metodológicas; (iii) alfabetização científica e suas potenciais contribuições ao ensino de ciências; (iv) o estudante como sujeito ativo/participativo no seu aprendizado; e o (v) uso de tecnologias digitais como estratégia de qualificação ao ensino de ciências. Os resultados indicaram que os autores mais frequentes foram Ausubel, Novak e/ou Gowin; as abordagens metodológicas dos trabalhos não foram mormente definidas, embora mencionados ações/instrumentos; quanto à alfabetização científica, houve ênfase nos estudantes, constatando-se que a mera apropriação de recursos midiáticos não subjaz fundamentos do conhecimento especializado que o ensino de natureza científica requer; em relação ao estudante como sujeito ativo/participativo, isso se pôde ver induzido pelo uso de metodologias na configuração de espaçostempos que privilegiaram a reflexão/problematização de saberes e fazeres; quanto às tecnologias digitais, elas foram recorrentemente recomendadas em abordagens didáticas, mediadas diretivamente pelo professor com ênfase em participação, cooperação e pesquisa.

In this paper we present a literature review study based on Brazilian articles in the area of Science Education that employ the construct of Epistemic Practices (EPs). The corpus is comprised by eighteen articles from journals classified as Qualis A1 or A2, published between 2008 and 2021. The analysis is based on the thematic foci of the studies, the definitions of EPs presented, the dialogue with the work of Gregory Kelly and the methodologies used. The results demonstrate that: i) the construct has been explored more frequently in studies that deal with Inquiry-based Science Teaching; ii) in addition to the definition of EPs, most national articles make use of other ideas conceived and supported by Kelly; iii) the most common aspect is that the construction of scientific knowledge within a community involves proposition, communication, evaluation and legitimation, and that the promotion of engagement in EPs should figure among the didactic objectives of science classes; iv) the analyzed production does not share theoretical-methodological references that guided Kelly's work on EPs, such as Interactional Ethnography. We argue that EPs have the potential to contribute to advances in discussions in the field of Science Education in Brazil in the sense of delimiting the assumptions of theories and empirical studies, as well as indicating new research directions and adding new members to the knowledge-producing community. [ABSTRACT FROM AUTHOR]

This study aims to identify the Portuguese curricular contents related to the theme "Education for Health", focusing on the 1st and 2nd cycles of Basic Education. The research question is: which areas of health are being addressed in Portuguese curriculum documents? For this purpose, a document analysis was carried out focusing on the Portuguese curriculum documents concerning the Essential Learning (2018 and 2021) of all curriculum areas (47 documents). The document analysis method involves skimming (superficial examination), reading (thorough examination), and interpretation. The results indicate the presence of Education for Health in Portuguese curriculum documents, but without interconnecting the different areas of knowledge and with little exploration of certain categories defined in international documents guiding Health Education. Consequently, it seems that Portugal considers Health Education as an integral part of the curriculum, but it can still improve the approach and distribution of its areas. [ABSTRACT FROM AUTHOR]