A assistência psicossocial passou nas últimas décadas por mudanças fundamentais com objetivo de atender demandas sociais. O movimento pela reforma sanitária culminou em avanços frente ao cuidado de pacientes com transtornos mentais, com destaque para criação do Centros de Atenção Psicossocial e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O tratamento das patologias mentais inclui a utilização de medicamentos psicoativos (psicofármacos) que se apresentam como recurso determinante ao sucesso terapêutico. Todavia, seu uso prolongado pode trazer sérios riscos a saúde, sobretudo em idosos. Nesse sentindo, esta pesquisa teve o objetivo de avaliar a ocorrência de reação adversas relacionadas ao uso prolongado de psicofármacos em idosos assistidos pela RAPS do município de Ananindeua-PA. Trata-se de um estudo quali-quantitativo com dados coletados a partir questionários semiestruturados aplicados à pacientes atendidos na referida rede, com histórico de uso de psicofármacos e diagnosticados com algum transtorno mental. Foram abordados 105 pacientes de diferentes estabelecimentos de saúde que forneceram informações sociodemográficas, de condições e antecedentes em saúde e aspectos relacionados a assistência profissional e psicofarmacoterapia. O estudo apontou que 82% dos idosos acusaram já ter tido algum tipo de RAM, sendo em sua maioria vertigem (26,7%), cefaleia (24,42%) e incapacidade motora (18,6%). As classes mais utilizadas foram os antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos. Observou-se grande número de prescrição de medicamentos de uso impróprio para idosos sobretudo de Amitriptilina e Clonazepam, e falhas no alcance da assistência interdisciplinar. O estudo concluiu que houve alta prevalência de RAM entre os usuários idosos da rede municipal, bem como o uso recorrente de medicações inapropriadas. Observou-se um acompanhamento profissional frequente dos usuários apesar de uma desigualdade de oferta de assistência interdisciplinar.