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O grupo dos batóides apresenta uma variedade de adaptações para o sucesso na predação, como especializações no sistema sensorial e na morfologia dentária. Raias Myliobatiformes demonstram uma alta diversidade de ecomorfotipos, com espécies bentônicos e outros totalmente pelágicos. Assim o objetivo desse trabalho foi analisar a morfologia dentária e de linha lateral de três espécies de batóides, com ecomorfotipos, habitat e estilo de vida distintos. Os resultados foram obtidos através das análises de Microscopia Eletrônica de Varredura e Tomografia computadorizada para a descrição da morfologia dentária, e de dissecações da linha lateral para visualização e identificação dos canais da linha lateral das espécies estudadas. Aeotbatus narinari é uma raia bentopelágica que se alimenta de presas duras, e apresentou alta complexidade nos canais de linha lateral, tanto na região dorsal quanto ventral. O canal hiomandibular ventral tem um elevado número de poros, o que possibilita a essa espécie detectar jatos d’agua produzidos por moluscos, suas principais presas. A dentição de A. narinari é especializada para durofagia, com a placa dentária inferior com inserção mais profunda que a superior. Esta morfologia dentária auxilia a quebra e descarte de conchas dos moluscos. Os canais de H. marianae seguem o padrão descrito para a família Dasyatidae. Há uma concentração de canais mecanotáteis circundando a boca e focinho, que aliada á presença de poros na margem externa do canal hiomandibular ventral e presença de vesículas de Savi corroboram a dieta carcinofágica da espécie. A dentição de H. marianae é característica dos dasyatídeos, e a redução de dentes nas laterais das mandíbulas pode estar relacionado com sua menor importância na captura de presas. Essa espécie também apresentou dimorfismo sexual ontogenético, com os dentes sinfisiais dos machos adultos afilados. Essa característica não parece interferir na alimentação, mas com o fato do macho segurar a fêmea na cópula. Pseudobatos percellens não apresentou ramificações complexas em seus canais de linha lateral dorsal e ventral. Este achado pode estar relacionado tanto com a posição filogenética basal de P. percellens quando comparada com as Myliobatiformes deste estudo, quanto ao seu modo de locomoção axial. A presença de poros nos canais mecanotateis ventrais desse batóide pode estar relacionado a captura da presa através de sucção, sem remoção do substrato. Apesar de P. percellens apresentar dentição características para esmagamento, sua principal presa são os teleósteos. The batoid group presents a variety of adaptations for success in predation, such as specializations in the sensorial systems and dental morphology. Myliobatiformes rays show a high diversity of ecomorphotypes, including benthic species and other entirely pelagic. The objective of this work was to analyze the dental and lateral line morphology of three species of batoids, with different ecomorphotypes, habitat and lifestyle. The results were obtained through Scanning Electron Microscopy and Computed Tomography for the description of dental morphology, and lateral line dissections for visualization and identification of lateral line channels of the species studied. A. narinari is a benthopelagic species that feeds on hard prey, and presented high complexity in the lateral line channels, both in the dorsal and ventral regions. The ventral hyomandibular canal has a high number of pores, which allows this species to detect jets of water produced by mollusks, its primary prey. The A. narinari dentition is specialized for durophagy, with the lower dental plaque inserting deeper than the upper one. This dental morphology helps the crushing and discarding of mollusk shells. Hypanus marianae channels follow the pattern described for the Dasyatidae family. There is a concentration of mechanical channels surrounding the mouth and snout, which, together with the presence of pores on the outer margin of the ventral hyomandibular canal and the presence of Savi vesicles, corroborate the species carcinophagic diet. H. marianae dentition is characteristic of the dasyatids, and the lower teeth size at the end of the jaws lateral side may be related to its minor importance in the prey capture. This species also presented ontogenetic and sexual dimorphism, with sharp symphyseal teeth in adult males. This feature does not seem to interfere with feeding, but with the fact that the male holds the female in the copula. Pseudobatos percellens did not present complex ramifications in their dorsal and ventral lateral line channels. This finding may be related both to the P. percellens basal phylogenetic position when compared to the Myliobatiformes of this study, and its mode of axial locomotion. The pores present in the ventral mecanotactile channels of this batoid may be associated with prey capture through suction, without substrate removal. Although P. percellens presents dental morphology for crushing the prey, its primary prey are teleosts.

Morphological variations, according to the principles of ecomorphology, can be related to different aspects of the organism way of life, such as occupation of habitats and feeding behavior. The present study sought to examine the intraspecific variation in two populations of Poecilia reticulata Peters, 1859, that occur in two types of environments, a lotic (Maringá Stream) and a lentic (Jaboti Lake). Due to a marked sexual dimorphism, males and females were analyzed separately. Thus, the proposed hypotheses were that the populations that occur in distinct environments present morphological differences. The morphological variables were obtained using morphometric measurements and the ecomorphological indexes. The data were summarized in a Principal Component Analysis (PCA). A Multivariate Analysis of Variance (Manova) was made to verify significant differences in morphology between the populations. Males and females showed similar ecomorphological patterns according to the environment they occur. In general the population from Maringá Stream had fins with major areas, and the Jaboti Lake population eyes located more dorsally. Additionally, others morphological differences such as wider mouth of the males from Maringá Stream, wider heads on Jaboti Lake females and more protractible mouths on males from Jaboti Lake suggest a set of environmental variables that can possibly influence the ecomorphological patterns of the populations, as the water current, availability of food resources and predation. In summary, the initial hypotheses could be confirmed, evidencing the occurrence of distinct ecomorphotypes in the same species according to the environment type. RESUMO Variações morfológicas, de acordo com os princípios da ecomorfologia, podem ser relacionadas a diferentes aspectos do modo de vida dos organismos, como a ocupação de hábitats e comportamento alimentar. O presente estudo buscou analisar essas variações em nível intraespecífico em duas populações de Poecilia reticulata Peters, 1859, que ocorrem em dois tipos de ambientes, um lótico (ribeirão Maringá) e um lêntico (lago Jaboti). Por apresentar um acentuado dimorfismo sexual machos e fêmeas foram analisados separadamente. Assim, a hipótese proposta foi de que as populações, que ocorrem em ambientes distintos, possuem diferenças morfológicas. As variáveis morfológicas foram obtidas por meio de medidas morfométricas e índices ecomorfológicos. Os dados foram sumarizados em uma Análise de Componentes Principais. Também foi feita uma Análise de Variância Multivariada para verificar se existe diferença significativa na morfologia entre as populações. Machos e fêmeas mostraram padrões ecomorfológicos semelhantes de acordo com o ambiente em que ocorrem. No geral, a população do ribeirão Maringá apresentou nadadeiras com maiores áreas e a população do lago Jaboti apresentou olhos localizados em região mais dorsal. Adicionalmente, outras diferenças morfológicas como bocas mais largas nos machos do ribeirão Maringá, cabeças mais largas nas fêmeas do lago Jaboti e bocas mais protráteis nos machos do lago Jaboti, sugerem um conjunto de variáveis ambientais que possivelmente influenciam os padrões ecomorfológicos das populações, como, por exemplo, a corrente de água, disponibilidade de recursos alimentares e predação. Em síntese a hipótese inicial pode ser confirmada, evidenciando a ocorrência de ecomorfótipos distintos da mesma espécie de acordo com o tipo de ambiente.

In water bodies located in areas under anthropogenic impacts, the structural patters of fish assemblages can show peculiar characteristics according to the local environmental conditions. In this sense, it is needed to answer some questions about the consequences of human interference on these ecosystems, especially those questions related to the effects of urban and rural conditions on ecomorphological diversity and ecological structure of stream fish assemblages. The study was conducted in second and third order streams from the Pirapó River Basin, located close to the cities of Maringá and Astorga, Paraná state, Brazil, where it was selected nine samples sites along a rural and urban gradient. Different types of statistical methods were performed to test the hypotheses of this document. The results showed the influence of urban and rural conditions on ecomorphological structure of the ichthyofauna, revealing some adaptive answers. Therefore, this study presented the importance of the ecomorphological approach as a tool to provide information about adaptive patterns originated from changes in environmental conditions. Furthermore it confirms the need for actions to recover the riparian vegetation in hydrographic basins from small order streams. Em corpos d'água expostos às alterações ambientais antrópicas, o padrão estrutural das assembleias de peixes pode assumir características específicas, de acordo com as condições ambientais vigentes. Neste sentido, questões relacionadas às consequências da interferência humana sobre este ecossistema necessitam de maiores investigações, sobretudo em relação às implicações que as condições urbanas e rurais impõem sobre a diversidade ecomorfológica e a estrutura da ictiofauna dos corpos d'água de pequena ordem. O estudo foi conduzido em tributários de segunda e terceira ordens da bacia do rio Pirapó, nos municípios de Maringá e Astorga, Paraná, Brasil, sendo selecionados nove pontos de coleta entre córregos urbanos e rurais. Conjuntos distintos de procedimentos estatísticos foram utilizados para testar as hipóteses apresentadas neste documento. Os resultados evidenciaram a influência das condições urbana e rural sobre a estrutura ecomorfológica das assembleias de peixes, revelando respostas adaptativas da ictiofauna frente às condições ambientais dominantes da referida bacia de drenagem. Os dados indicaram a importância de abordagens ecomorfológicas como ferramenta para fornecer informações sobre as formas de adaptação e resposta das assembleias de peixes às modificações nas condições ambientais. Da mesma forma confirmou a necessidade de ações que busquem a recuperação da vegetação ripária nas bacias de drenagem dos córregos de pequena ordem. 85 f