O Eucalyptus saligna (E.saligna) é uma árvore nativa das regiões tropicais e subtropicais, com crescimento rápido, que atinge, para a mesma idade, comprimento e diâmetro do tronco maiores que os das espécies de Eucalyptus globulus (E. globulus), espécie comummente usada na indústria de pasta e papel nacional. Os objetivos deste trabalho foram essencialmente (i) a caraterização química da madeira E.saligna, (ii) avaliação experimental do desempenho no cozimento kraft e no branqueamento e (iii) potencial papeleiro do E. saligna proveniente do Haumbo (região do planalto central de Angola) usando como referência o E. globulus nacional. No presente trabalho foi usada madeira de E. saligna com 6 anos de idade. Para concretizar estes objetivos numa primeira fase procedeu-se ao destroçamento da madeira a fim de se obter aparas com dimensões uniformes. Após o destroçamento efetuou-se a crivagem em frações com 6 granulometria diferentes, sendo que a fração com granulometria 2 foi moída a 40-60 mesh e usada para a caraterização química da madeira. A caraterização química envolveu a determinação do teor de extratáveis em etanol: tolueno (1:2, v/v) (4,5% m/m), de lenhina Klason (28,9% m/m), de pentosanas (19,5% m/m) e celulose (47,9% m/m). Posteriormente, efetuaram-se cozimentos da madeira de E. saligna e de E. globulus ocorridos nas mesmas condições quer em relação a composição do licor branco (alcalinidade 24% e Índice de sulfureto 30%), quer em relação as condições processuais (temperatura 160ºC e tempo 197min). Os rendimentos depurados e a percentagem de incozidos obtidos foram 47,7% e 0,04% no caso do E. saligna, no caso do E. globulus foram 50,1% e 0,2 respetivamente. O rendimento em pasta do E. globulus foi mais elevado, isso deve-se essencialmente por ser a espécie com maior massa volúmica básica, maior teor de celulose e menor teor de lenhina. O valor do índice Kappa obtido para a pasta de E. saligna foi 15,6 e 11,9 para a pasta de E. globulus nas mesmas condições de cozimento, o que mostra que o E. globulus necessita de menos carga alcalina para atingir o valor de 15-16 IK, por outro lado, o E. saligna consome uma quantidade considerável de reagente (mais 6% de alcalinidade, AA) em relação ao E. globulus. Posteriormente a pasta de E. saligna foi submetida a branqueamento ECF, com uma sequência DEDED, atingindo no final uma brancura de 88% ISO e consumindo 56 kg de ClO2 como cloro ativo/tonelada de pasta. No caso do E. globulus, consome-se menos ClO2 (52 kg como cloroativo/tonelada de pasta) e obtem-se uma brancura maior 90% ISSO. No sentido de avaliar as propriedades papeleiras da pasta de E. saligna, comparativamente a pasta kraft de E. globulus, a pasta kraft branqueada de E. saligna foi sujeita a refinação no refinador PFI a 1500 revoluções e preparadas folhas laboratoriais com gramagem de 69 gseca/m2 . A pasta refinada de E. saligna apresenta maior drenabilidade (20ºSR) do que a pasta refinada de E. globulus a 1500 revoluções PFI (27ºSR), o que significa que a pasta de E. saligna é menos refinável que a do E. globulus, ou seja nas mesmas condições de refinação, gasta-se mais energia no caso da pasta de E. saligna. Em termos de propriedades papeleiras, verifica-se uma melhoria da pasta de E. saligna refinada para a não refinada, mas esta melhoria não é acentuada quando comparada a pasta refinada de E. globulus nacional, especialmente no que respeita as propriedades estruturais, de resistência e óticas da folha. Eucalyptus saligna (E.saligna) is a fast growing tree native to tropical and subtropical regions, reaching, for the same age, trunk length and diameter greater than those of Eucalyptus globulus (E. globulus), species commonly used in the national pulp and paper industry. The objectives of this work were essentially (i) the chemical characterization of E. saligna wood, (ii) experimental evaluation of performance in kraft cooking and bleaching and (iii) papermaking potential of E. saligna from Haumbo (central plateau region of Angola) using the national E. globulus as a reference. In the present work, wood from 6 years old E. saligna was used. In order to achieve these objectives, in the first phase, the wood was chipped in order to obtain chips with uniform dimensions. After the chipping, the sieving was carried out in fractions with 6 different particle sizes, and the fraction with particle size 2 was ground at 40-60 mesh and used for the chemical characterization of the wood. The chemical characterization involved the determination of the extractable content in ethanol: toluene (1:2, v/v) (4.5% m/m), Klason lignin (28.9% m/m), pentosans (19 .5% m/m) and cellulose (47.9% m/m). Subsequently, E. saligna and E. globulus wood was cooked under the same conditions both in relation to the composition of the white liquor (alkalinity of 24% and sulphidity of 30%) and in relation to the process conditions (temperature 160ºC and time 197min). The screened yields and the percentage of uncooked obtained were 47.7% and 0.04% in the case of E. saligna, in the case of E. globulus they were 50.1% and 0.2 respectively. The pulp yield of E. globulus was higher, this is essentially due to the fact that it is the species with the highest basic density, the highest cellulose content and the lowest lignin content. The Kappa index value obtained for the E. saligna pulp was 15.6 and 11.9 for the E. globulus pulp under the same cooking conditions, which shows that E. globulus needs less alkaline charge to reach the value of 15-16 IK, on the other hand, E. saligna consumes a considerable amount of reagent (plus 6% alkalinity, AA) compared to E. globulus. Subsequently, the E. saligna pulp was subjected to ECF bleaching, with a DEDED sequence, reaching in the end a whiteness of 88% ISO and consuming 56 kg of ClO2 as active chlorine/ton of pulp. In the case of E. globulus, less ClO2 is consumed (52 kg as active chlorine/ton of pulp) and a greater 90% brightness is obtained. In order to evaluate the papermaking properties of E. saligna pulp, compared to E. globulus kraft pulp, the bleached E. saligna kraft pulp was subjected to beating in the PFI refiner at 1500 revolutions and laboratory sheets were prepared with grammage of 69 g/m2. Beaten E. saligna pulp has greater drainability (20ºSR) than beaten E. globulus pulp at 1500 revolutions PFI (27ºSR), which means that E. saligna pulp is less refinable than E. globulus, that is, under the same refining conditions, more energy is used in the case of E. saligna pulp. In terms of papermaking properties, there is an improvement from refined to non-refined E. saligna pulp, but this improvement is not accentuated when compared to refined E. globulus national pulp, especially with regard to structural and strength properties and optic sheet properties. Mestrado em Engenharia Química