Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Blaise Pascal is not a thinker who is concerned with any proof of the existence of God. However, in his apology, he presents several fragments intending to persuade his readers of the supposed advantages of believing in His existence. Contrary to the evidence presented at different times by different theologians and philosophers, he makes use of an unprecedented argumentation, based not on empirical or metaphysical evidence, but on probability theory, in order to expound his argument, known as Pascal’s wager. This was developed entirely in the ‘Infinite-nothing’ fragment, chosen exactly to highlight the abyssal and insurmountable distance between the Creator and its creature. Its aim was not to rationally prove the necessary existence of God, but to convince insecure Christians and, above all, nonbelievers that there were advantages in betting: not on the existence of some God, but on a hidden God, that is, One who is concealed for all eternity an at an immeasurable distance from man, who, in a perverse desire for self-sufficiency, was deceived into transgressing the only rule he was determined not to break, under penalty of his perishing. Even so, man’s desire prevailed. Since then, man has fallen from a supposed state of absolute knowledge of God-albeit in due proportion-to a state of blindness whereby he and his descendants were barred from any access to divinity without the aid of a mediator. The objective of this dissertation is to carry out a systematic study of the concept of the hidden God and its relationship with Pascal’s wager, in an attempt to find indications in Pascal’s work of what would be the true reconciliation of the fallen man with the hidden God and how this would be brought about. Therefore, we stand by the hypothesis that the wager, as it is presented, must be understood from a dialectical perspective, in which theology and philosophy, faith and reason, the emotional and the rational engage with each other, seeking to uncover the paths that lead to the reconciliation of man with God through the recovery of his lost dignity. Thus, in order to expound Pascal’s ideas dealing with this subject, we analyze, in four chapters: the context of the appearance of pascalian apologetics; the tragic existence of man after the original sin, the fall of man, and the grounds for believing in the existence of a hidden God; Christianity as the true religion and Christ the true mediator; the role of the wager and its relationship with the idea of a hidden God, a legacy of prophet Isaiah, appropriately borrowed by Pascal to symbolize the absence, the transcendence, the abyss and the incommunicability between the ‘finite’ and the ‘Infinite’ Blaise Pascal não é um pensador preocupado com as provas da existência de Deus. Mesmo assim, em sua apologia fornece vários fragmentos visando persuadir seus interlocutores das supostas vantagens de acreditar na Sua existência. Mas, contrariamente às provas apresentadas em diversas épocas por diversos teólogos e filósofos, serve-se de uma argumentação nunca antes experimentada, baseando-se não em evidências empíricas ou metafísicas, mas, na teoria das probabilidades para expor seu argumento conhecido como a aposta pascaliana. Esta foi desenvolvida integralmente no fragmento ‘Infinito-nada’, escolhido exatamente para marcar a distância abissal e intransponível entre Criador e criatura. Seu objetivo não era provar racionalmente a existência necessária de Deus, mas, convencer os cristãos inseguros e, sobretudo, os incrédulos de que era vantajoso apostar: não na existência de um Deus qualquer, mas em um Deus absconditus, ou seja, aquele que encontra-Se encoberto desde a eternidade e, a uma distância incomensurável do homem, pois, em virtude do seu desejo perverso de autossuficiência foi ludibriado a transgredir a única regra que lhe foi determinada a não violar, sob pena do seu perecimento. Mesmo assim, seu desejo prevaleceu. Desde então, decaiu de um suposto estado de absoluto conhecimento de Deus, ainda que, guardando as devidas proporções, para o estado de cegueira em que foi vedado a ele e sua descendência qualquer acesso a divindade sem auxílio de um mediador. O objetivo dessa tese é realizar um estudo sistemático em torno do conceito de Deus absconditus e sua relação com a aposta pascaliana, na tentativa de encontrar em Pascal, as pistas que sugerem o que seria e como se daria a verdadeira reconciliação do homem decaído com o Deus absconditus. Sendo assim, sustentamos a hipótese de que a aposta, como é apresentada deve ser entendida a partir de uma perspectiva dialética em que a teologia e a filosofia, a fé e a razão, o emocional e o racional dialogam, buscando desvendar os caminhos que levam à reconciliação do homem com Deus através do resgate da sua dignidade perdida. Assim, no intuito de expor as ideias pascalianas que versam sobre o tema, analisamos em quatro capítulos: o contexto do aparecimento da apologética pascaliana; a trágica existência do homem após o pecado original, a queda e os fundamentos para acreditar na existência de um Deus absconditus; o cristianismo como sendo a verdadeira religião e Cristo o verdadeiro mediador; o papel da aposta e sua relação com o Deus absconditus, uma herança do profeta Isaías, devidamente apropriado por Pascal para simbolizar a ausência, a transcendência, o abismo e a incomunicabilidade entre o ‘finito’ e o ‘Infinito’