Resumen Esta etnografía, llevada a cabo en uno de los barrios más peligrosos de la capital ecuatoriana, constituye el resultado de un trabajo de campo desarrollado durante un año, en el que seguí de cerca la vida cotidiana de microtraficantes y consumidores de pasta base de cocaína, para describir la economía política subyacente, así como las formas en la que esta es consumida y la fuerte adicción que genera. Utilizo como recurso narrativo el relato de vida de uno de mis principales interlocutores: "Fabián", quien migró a la ciudad de Quito para escapar de la violencia y pobreza que vivía en la provincia de Esmeraldas. También describo las circunstancias que forjaron su migración a partir de su trayectoria personal, económica y urbana, y enfatizo en las múltiples estrategias de supervivencia que tuvo que afrontar hasta conseguir una mediana estabilidad económica, emocional y familiar en la ciudad. Mi principal objetivo es mostrar al lector la trayectoria y cotidianidad del sufrimiento, la subalternidad y la violencia estructural, que están representadas en un joven afrodescendiente migrante, a su vez, esta narrativa permite un mejor conocimiento sobre el ascendente consumo de pasta base de cocaína en el Ecuador del siglo XXI. Así mismo, expongo las estrategias, las prácticas, las tecnologías y los rituales de supervivencia que los habitantes de calle suelen desarrollar para sostener en el tiempo su acceso a drogas, alimentos, hospedaje y dinero, por medio de economías mixtas (informales/ formales, legales/ilegales). Finalmente presento otra serie de factores que amplían las diferentes formas de entender cómo socialmente algunos sujetos determinan su vinculación al mundo de las drogas, la calle y la violencia, por razones contrarias a los estereotipos con los que política y socialmente suele ser estigmatizada la población habitante de la calle. Descriptores: economía ilegal, estupefacientes, etnografia, tráfico de estupefacientes. Abstract This ethnography, carried out in one of the most dangerous neighbourhoods of the capital of Ecuador, is the result of one year of fieldwork, during which I closely followed the daily life of drug dealers and consumers of coca paste, in order to describe the underlying political economy, as well as the ways in which the paste is consumed and the strong addiction it generates. As a narrative resource, I use the life story of "Fabián", one of my main interlocutors, who migrated to Quito in order to escape the violence and poverty he experienced in the province of Esmeraldas. I also describe the circumstances leading to his migration, on the basis of his personal economic and urban trajectory, emphasizing the multiple survival strategies he had to resort to in order to achieve an average economic, emotional, and family stability in the city. My main objective is to show the reader the daily suffering, the subaltern condition, and the structured violence embodied in a young, Afro-descendant migrant, while, at the same time, providing a greater understanding of the rising consumption of coca paste in 21st century Ecuador. Likewise, I discuss the strategies, practices, technologies, and survival rituals commonly adopted by homeless persons to ensure their access to drugs, food, lodging, and money over time, through mixed economies (informal/formal, legal/illegal). Finally, I introduce another series of factors that expand our understanding of this problem, social factors that determine the entry of certain subjects into the world of drugs, the streets, and violence, which contrast with the stereotypes according to which homeless people are usually stigmatized politically and socially. Resumo Esta etnografia, realizada em um dos bairros mais perigosos da capital equatoriana, constitui o resultado de um trabalho de campo desenvolvido durante um ano, no qual observou de perto a vida cotidiana de microtraficantes e consumidores de pasta-base da cocaína, para descrever a economia política subjacente, bem como as formas na qual é consumida e a forte dependência que gera. Utilizo como recurso narrativo o relato de vida de um de meus principais interlocutores, "Fabián", que migrou à cidade de Quito para fugir da violência e da pobreza com as quais vivia na província de Esmeraldas. Também descrevo as circunstâncias que forjaram sua migração a partir de sua trajetória pessoal, econômica e urbana, e enfatizo nas múltiplas estratégias de sobrevivência que teve que enfrentar até conseguir uma estabilidade econômica, emocional e familiar média na cidade. O principal objetivo é mostrar ao leitor a trajetória e cotidianidade do sofrimento, da subalternidade e da violência estrutural encarnadas num jovem afrodescendente migrante, que, por sua vez, permita um melhor conhecimento sobre o crescente consumo de pasta-base da cocaína no Equador do século XXI. Além disso, exponho as estratégias, práticas, tecnologias e rituais de sobrevivência que os moradores de rua costumam desenvolver para sustentar ao longo do tempo seu acesso a drogas, alimentos, hospedagem e dinheiro, por meio de economias mistas (formais e informais, legais e ilegais). Finalmente, apresento outros fatores que ampliam as diferentes formas de entender como alguns sujeitos determinam socialmente sua vinculação ao mundo das drogas, da rua e da violência por razões contrárias aos estereótipos com os quais, político e socialmente, a população moradora de rua é estigmatizada.