Este foi um estudo de natureza qualitativa, que teve como objetivo compreender, a partir da experiência de mulheres que se tornaram mães na adolescência, o significado da maternidade no contexto de vida destas mães. Participaram 14 mulheres na faixa etária de 20 a 24 anos, residentes na periferia de Maceió, capital do estado de Alagoas. A coleta de informação foi realizada por meio de entrevistas, utilizando a história oral temática como procedimento metodológico. Foram construídas narrativas, a partir das histórias de vida das mulheres, posteriormente, analisadas à luz do referencial de gênero. Observamos que as entrevistadas tiveram sua iniciação sexual durante o período de namoro quando não haviam recebido orientações prévias sobre sexualidade ou saúde reprodutiva. Algumas mulheres conviviam com seus parceiros quando aconteceu a gravidez, porém, mesmo assim, consideraram esse fato inesperado. Houve aceitação da gravidez pela maioria delas, e também ocorreu a união, ainda que não de maneira legalizada, de muitos casais que não viviam juntos. Tentativas de abortamento, quando da não-aceitação imediata do parceiro, foram relatadas. As questões de gênero mostram-se presentes nas relações conjugais, com os parceiros figurando como provedores da família e as mulheres mantidas sob sua dependência, centradas no ambiente doméstico, assumindo responsabilidade pelo cuidado da casa, dos filhos e do companheiro. Os homens agiam mais livremente, mantendo relações extraconjugais e chegavam a agredir suas mulheres, em casa. Apesar de ressentidas com essa atitude dos companheiros, elas mantinham o relacionamento com eles. As entrevistadas deixaram explícito que lamentavam a perda da liberdade, do lazer, da oportunidade de trabalho e de estudo ao assumirem a maternidade. Por outro lado, enfatizaram seu não-arrependimento por terem levado a gravidez até o fim. Assim o cotidiano dessas mulheres parece centralizado no cuidar dos filhos, conscientes de que são elas as principais responsáveis por eles, voltando todos os seus projetos de vida para este cuidado. A vida dessas mães é marcada pelas condições de desigualdade em que vivem, social-econômica-cultural e de gênero. Dessa forma, apesar de seus desejos manifestos elas encontram poucas oportunidades objetivas de romperem com o contexto de vida em que estão inseridas. A qualitative study, which aimed at comprehending, by the experiences of women who became mother in adolescence, the meaning of maternity in their context of life. Fourteen women from 20 to 24 years old, who lived in Maceio suburbs, capital of Alagoas State, took part in the study. The information collection was carried out through interviews, using thematic oral history as methodological procedure. We built narratives from these womens life history and, later, we analyzed these narratives based on gender referential. We observed that interviewees had their sexual initiation during dating period when they had received no previous orientation concerning sexuality or reproductive health. Some women lived with their partners when pregnancy occurred, even though they considered it to be unexpected. The great majority of them accepted pregnancy, and there were also unions, even if they were not legalized, of many couple who did not lived together. There were reports of abortion attempts when the partner did not accept the pregnancy immediately. Gender questions are present in conjugal relations, with the partners figuring as family providers and women dependent on them, focused on domestic environment, taking the responsible by home, kids and partners care. Men acted freely, maintaining extra-conjugal relations and hitting their wives at home. Although resentful with their partners attitude, they maintained the relation. The interviews made explicit the lamentation with the lost of freedom, working and studying opportunities when assuming maternity. On the other hand, they emphasized their non-regret for taking their pregnancy till the end. This way, their daily living seems to be centered on their kids caring and they are conscious that they are the main responsible by them, turning their projects of life for this care. These mothers lives are marked by inequality, social, economical, cultural and gender conditions in which they live. This way, despite their manifested desire, they find few objective opportunities of breaking with life context in which they are inserted.