Esta pesquisa propôs discutir como é que, na compreensão dos treinadores brasileiros, o desporto paralímpico expressa a diversidade humana. Desta forma, tomamos como objetivo geral analisar a compreensão de treinadores paralímpicos brasileiros sobre a dialética diversidade humana e Pessoa com deficiência, com o envolvente socioantropológico. A pesquisa assumiu a abordagem qualitativa, de caráter exploratório, participando do estudo treinadores de seleções paralímpicas do Brasil do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro vinculados ao Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB, localizado na cidade de São Paulo - SP e, treinadores de clubes ligados à Associação Paradesportiva do Norte - APAN na cidade de Manaus - AM. Para recolha de dados, realizamos as entrevistas com guião semiestruturado, de observação participante, com anotações descritivas e reflexivas em um diário de campo. Com isto, buscamos os registros de os fenômenos/acontecimentos no próprio contexto de estudo, nos locais enunciados. Realizamos também uma pesquisa documental em estatutos, regimentos, normas. A técnica utilizada para recolha dos dados foi de documentação direta, para o material documental e para as entrevistas. Para análise de dados dos documentos e de observação participante, utilizamos a análise do conteúdo proposta por Bardin. Já para os dados recolhidos através das entrevistas, desenvolvemos a análise do discurso proposta por Pêcheux e Orlandi. Os resultados da pesquisa apontam que: 1) os treinadores percebem os atletas paralímpicos sob um olhar de diversidade e não de diferença; 2) os treinadores referem do ponto de vista do SER humano, a existência das diferenças entre o atleta olímpico e o atleta paralímpico impostas pelo discurso social sobre a deficiência; 3) o tipo de relacionamento existente entre treinadores e atletas dá ênfase em palavras comuns, como amizade, confiança, respeito, cumplicidade, compreensão, parceria, amor e profissionalismo; 4) a maioria dos treinadores modificaria algo em suas ações e atitudes em relação aos atletas paralímpicos, evidenciando a necessidade de formação continuada; 5) os treinadores concebem as Pessoas com deficiência praticantes do desporto paralímpico como seres humanos comuns, com dedicação ao treino, no enfrentamento de todas as dificuldades; 6) os treinadores referem os atletas paralímpicos como qualquer desportista, na busca do melhor desempenho e dos objetivos dentro do desporto, defrontando-se com as restrições individuais; 7) os treinadores desvelam as características e os comportamentos necessários, adquiridos pelos atletas paralímpicos dando ênfase em palavras como superação, comprometimento, paciência, resiliência, disciplina, persistência e força de vontade, como característica do atleta paralímpico; 8) o papel dos treinadores no processo de desenvolvimento do desporto de alto rendimento para Pessoas com deficiência é não pensar só no rendimento desportivo; é se especializar em diversas áreas interdisciplinares para criar as condições necessárias para desenvolvimento do atleta; é compreender que o trabalho de treinador vai muito além das quadras, piscinas e tatames; é compreender ser fundamental o seu papel, no desenvolvimento dos atletas de alto rendimento, por intermédio de estudos, de análises e de diversos outros fatores técnicos, táticos e psicológicos; é motivar, incentivar e, ajudar o atleta na sua performance diária; 9) o treino de atletas paralímpicos deve, na compreensão dos treinadores, ser organizado num ambiente facilitador da aprendizagem, com ajustes no alcance das necessidades dos atletas e, com modificações de acordo todos os princípios fisiológicos de treinamento; 10) a maioria dos treinadores referem aos preconceitos e estigmas vivenciados pelas Pessoas com deficiência sem a superação no contexto do desporto paralímpico e; 11) as tecnologias assistivas são fundamentais para os atletas do alto rendimento, no contexto desportivo paralímpico. This research proposed to discuss how does, through the understanding of Brazilian coaches, Paralympic sport express human diversity. In this way, we take as a general objective to analyze the understanding of Brazilian Paralympic coaches on the dialectic of human diversity and People with disabilities, with the socioanthropological environment. The research took a qualitative approach, with an exploratory character, participating in the study of coaches of Brazilian Paralympic teams from the Brazilian Paralympic Training Center linked to the Brazilian Paralympic Committee - CPB, located in the city of São Paulo - SP and coaches of clubs linked to the Associação Paradesportiva do Norte - APAN in the city of Manaus - AM. For data collection, we conducted interviews with a semi-structured script, of participant observation, with descriptive and reflective notes in a field diary. With this, we searched for the records of the phenomena/events in the context of the study, in the places mentioned. We also carried out documentary research on statutes, regulations, norms. The technique used for data collection was direct documentation, for the documentary material and for the interviews. For data analysis of documents and participant observation, we used the content analysis proposed by Bardin. As for the data collected through the interviews, we developed the discourse analysis proposed by Pêcheux and Orlandi. The research results indicate: 1) coaches perceive Paralympic athletes from a perspective of diversity and not of distinction; 2) the coaches refer, from the point of view of the human BEING, to the existence of distinctions between the Olympic athlete and the Paralympic athlete imposed by the social discourse on disability; 3) the type of relationship existing between coaches and athletes emphasizes common words, such as friendship, trust, respect, complicity, understanding, partnership, love and professionalism; 4) most coaches would change something in their actions and attitudes towards Paralympic athletes, evidencing the need for continued education; 5) coaches see people with disabilities who practice Paralympic sport as ordinary human beings, dedicated to training, in facing all difficulties; 6) coaches refer to Paralympic athletes as any sportsman, in search of the best performance and goals within the sport, facing individual restrictions; 7) coaches reveal the characteristics and necessary behaviors acquired by Paralympic athletes, emphasizing words such as overcoming, commitment, patience, resilience, discipline, persistence and willpower, as a characteristic of the Paralympic athlete; 8) the role of coaches in the process of developing high performance sport for people with disabilities is not just thinking about sports performance; it is to specialize in several interdisciplinary areas to create the necessary conditions for the athlete's development; it is to understand that the work of a coach goes far beyond the courts, swimming pools and mats; it is to understand that its role is fundamental in the development of high performance athletes, through studies, analysis and various other technical, tactical and psychological factors; it is to motivate, encourage and help the athlete in his daily performance; 9) the training of Paralympic athletes must, in the understanding of the coaches, be organized in an environment that facilitates learning, with adjustments to meet the athletes' needs and, with modifications in accordance with all the physiological principles of training; 10) most coaches refer to the prejudices and stigmas experienced by people with disabilities without overcoming them in the context of Paralympic sport and; 11) assistive technologies are essential for high-performance athletes in the Paralympic sports context.