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A arte e a cultura são campos laborais complexos, constituídos por trajetórias profissionais especialmente fluidas. Os performers, ou artistas de palco, são, usualmente, desvalorizados enquanto profissionais, nos quais a interação trabalho família constitui um dos principais fatores de conflito entre os dois domínios. Paralelamente, são muito motivados para o seu trabalho e o conceito de engagement tem vindo a ganhar terreno no domínio da Psicologia Positiva, sendo definindo como um dos mecanismos de produtividade e motivação para o trabalho. Perante a escassez de estudos relativos a esta profissão, este trabalho tem como objetivos conhecer os níveis de conflito trabalho-família e de engagement em performers, bem como identificar a associação entre estas variáveis, e ainda verificar como variam em função de variáveis sociodemográficas e laborais. Para tal, usou-se um questionário de autopreenchimento constituído por questões sociodemográficas, pela Utrecht Work Engagement Scale e pelo Survey Work Home Interaction NijmeGen, aplicado a uma amostra de 104 performers, com idade média de 30 anos e sendo 58% do sexo masculino. Os resultados revelaram nível baixo de conflito trabalho-família e nível elevado de engagement. Além disso, o sexo feminino apresenta valores ligeiramente superiores para o conflito negativo e para a dedicação e vigor, enquanto o sexo masculino apresenta um valor mais elevado no conflito família-trabalho positivo. Não foram encontradas correlações entre conflito e engagement, o que significa que não se influenciam. As varáveis sociodemográficas são preditoras da dimensão negativa do conflito, e as laborais são preditoras da dimensão positiva do conflito. O estudo pode contribuir para alertar para a motivação destes profissionais e para as dificuldades que encontram para conciliar trabalho e família, numa profissão ainda pouco investigada pela Psicologia.