Formigas são insetos sociais e sedentários, essa condição confere certas particularidades no estudo de comunidades ecológicas. Graças à sua organização em colônias, o grupo possui, de forma geral, capacidade de dispersão limitada. Assim, comunidades mirmecológicas respondem facilmente a fenômenos na escala local, tornando-as valiosos bioindicadores, especialmente em ecossistemas amplamente impactados pela ação humana, como os Campos Sulinos. O pastejo por gado bovino, atividade muito comum nesses ambientes, está intrinsecamente ligado à biodiversidade local. Por meio da seleção alimentar, bem como os demais efeitos ligados à sua presença (e.g. pisoteio, deposição de urina), o gado modifica o campo, gerando complexidade estrutural no ambiente. Seu efeito sobre a vegetação, por sua vez, pode acarretar em mudanças nos recursos e condições disponíveis para a mirmecofauna. É bem estabelecido em mirmecologia que comunidades de formigas se estruturam, ao menos em parte, devido a processos competitivos, que se dão usualmente pelo fenômeno da dominância ecológica. Entretanto, sabe-se também que a dominância em formigas é geralmente regulada pelas condições ambientais, que afetam o estabelecimento e expansão das colônias. Uma possível maneira de explicar como o ambiente estrutura as comunidades ecológicas é a metáfora dos filtros ambientais, em que uma espécie deve ser capaz de tolerar as condições de um determinado ambiente para que possa se estabelecer. Nesta perspectiva, o presente estudo busca compreender por meio da metáfora de filtros ambientais, como se estruturam comunidades mirmecológicas em campos do bioma Pampa no sul do Brasil. Verificamos se as condições ambientais: condição hidrológica, heterogeneidade ambiental, abertura de microhabitat e diversidade de recursos, eram preditoras da composição de espécies de formigas definida pelas abundâncias ou pelas incidências. Também testamos se as mesmas 8 variáveis eram preditoras da riqueza e abundância total de formigas. Além disso, avaliamos se há segregação temporal das comunidades mirmecológicas entre os períodos diurno e noturno. Ants are social and sedentary insects, such condition ensures some particularities in the study of ecological communities. Due to colony organization, ants have in general, low dispersibility. Thus, myrmecological communities usually respond to local scale phenomena, which make them valuable bioindicators, especially in highly human impacted ecosystems, such as Campos Sulinos grasslands. Cattle grazing is a very common activity in those environments, also intrinsically linked to local biodiversity. Through feeding selection behavior, as well as other effects due to its presence (e.g. trampling, urine deposition), cattle modifies the vegetation, generating structural complexity, which can lead to changes in conditions and resources available to myrmecofauna. In myrmecology, it is well established that ant communities assembly, at least in part, due to competition outcomes, which usually occur through ecological dominance phenomena. However, it is also known that dominance in ants is restricted to environmental conditions that, in general, constraints colony establishment and expansion. A possible way to explain how the environment contributes in assembly process is by using the environmental filter metaphor, in which a species must be able to tolerate given environmental conditions in order to establish. Therefore, through the environmental filter metaphor, the present study aims to understand myrmecological community assembly in grasslands of the Pampa biome in southern Brazil. We verified if environmental conditions: hydrological condition, environmental heterogeneity, microhabitat openness and resource diversity, are predictors of ants species composition defined by abundance 9 and incidence. We tested as well, if the same variables are predictors of ants abundance and species richness. Further, we verified if there is temporal segregation between nocturnal and diurnal periods in those myrmecological communities.