Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2017. Os supermercados assumem papel de destaque na aquisição de alimentos por consumidores. Nesses locais estão disponíveis os mais variados tipos de alimento, tanto frescos e saudáveis como alimentos processados com altos teores de sal, açúcar e gordura. Enquanto os dois primeiros tipos estão disponíveis com certa desvantagem em termos de quantidade, os dois últimos são alvo de estratégias de marketing que incentivam ainda mais a sua escolha. Estímulos sutis (primes) que direcionem as escolhas alimentares dos indivíduos nesses locais podem ser eficazes para aumentar a aquisição de alimentos mais saudáveis. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito de um estímulo sutil (prime) auditivo sobre as escolhas alimentares de consumidores adultos, com alto e baixo interesse por saúde, em supermercado. Em um desenho experimental 2x2, 100 indivíduos foram randomizados em um dos quatro grupos (alto interesse por saúde - AIS ou baixo interesse por saúde - BIS, com e sem prime) e orientados a realizar uma compra simulada em um supermercado para preparar uma refeição para duas pessoas. Os alimentos escolhidos foram categorizados conforme a classificação NOVA em quatro categorias: 1. Alimentos in natura ou minimamente processados IN/MP; 2. Ingredientes culinários processados ICP; 3. Alimentos processados P e 4. Alimentos ultraprocessados UP. A amostra foi composta por indivíduos de 18 a 59 anos, 52% do sexo feminino, 96% haviam completado o ensino médio. Foram escolhidos pelos participantes 1172 alimentos, 322 por cada grupo dos indivíduos com AIS, 303 e 225 pelos grupos dos indivíduos com BIS, com e sem prime, respectivamente. Os indivíduos com AIS que receberam o prime escolheram 78% dos alimentos IN/MP, 9% UP e os que não receberam escolheram 64% IN/MP e 16% UP. Já os indivíduos com BIS que receberam o prime escolheram 66% IN/MP e 16% UP, e que não receberam 47% IN/MP e 31% UP. Teste de Kruskall-Wallis e post-hoc de Dunn com correção de Bonferroni evidenciou que os indivíduos com AIS quando receberam o prime escolheram significativamente menos alimentos P (p=0,01) e UP (p=0,02) e os indivíduos com BIS escolheram significativamente mais alimentos IN/MP (p=0,003), embora não de maneira significativa também reduziram a escolha por alimentos UP. Assim, observou-se efeito positivo do prime nas escolhas alimentares dos indivíduos tanto com AIS ou BIS, embora de maneira distinta. Destaca-se assim a importância do uso e viabilidade desse tipo de intervenção para promover escolhas saudáveis em supermercado. Abstract : Supermarkets play a prominent role in the purchase of food by consumers. In these places are available the most varied types of food, both fresh and processed. While the first is available with some disadvantage in terms of quantity, the latter are promoted by marketing strategies to encourage choices. Subtle reminders that direct the individuals' food choices at these locations can be effective in increasing the acquisition of healthier foods. The objective of the present study was to evaluate the effect of an auditory prime on the food choices of adult consumers, with high and low health interest, in the supermarket. In an experimental design 2x2, 100 subjects were randomized into one of four groups (high or low health conscious HHC /LHC, with and without prime) and instructed to select food items in a supermarket in order to prepare a meal for two people. The selected foods were categorized according to the NOVA classification in four categories: 1. Unprocessed or minimally processed foods U/MP; Processed culinary ingredients - PCI; 3. Processed - P; 4. Ultra-processed - UP. The sample was composed of individuals aged 18-59, 52% female, and 96% had completed high school. The participants selected 1172 foods, 322 by each group of subjects with HHC, 303 and 225 by the groups of individuals with LHC, with and without prime, respectively. Primed individuals with HHC chose 78% of the U/MP foods, 9% UP, and those not primed chose 64% U/MP and 16% UP. On the other hand, individuals with BIS who were primed chose 66% U/MP and 16% UP, and those not primed chose 47% U/MP and 31% UP. Kruskal-Wallis test and Dunn s post-hoc test with Bonferroni correction evidenced that HHC individuals who received the prime chose, significantly, less P (p=0,01) and UP foods (p=0,02) and LHC individuals chose significantly more U/MP foods (p=0,003), but not significantly less UP foods. We observed a positive effect of priming on the choices of HHC and LHC individuals, although in a different way. The importance of the use and feasibility of this type of intervention to promote healthy choices in the supermarket is highlighted.