INTRODUÇÃO Os ambientes alimentares podem ser caracterizados de acordo com o nível de processamento dos alimentos comercializados, bem como desertos e pântanos. Os desertos são áreas onde existem poucos ou nenhum estabelecimento que comercialize alimentos saudáveis e os pântanos alimentares são áreas onde há o predomínio de estabelecimentos que comercializem alimentos ultraprocessados. Estudos internacionais têm demonstrado que a qualidade do ambiente alimentar e a presença de desertos alimentares está associada a maior presença de população negra na vizinhança. Porém no Brasil, esses dados são escassos. O objetivo do trabalho é descrever a presença de pântanos e desertos na cidade de Porto Alegre de acordo com presença de população preta, parda e indigena vivendo na vizinhança em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. MÉTODOS Trata-se de um estudo ecológico, sua unidade de análise será os setores censitários da cidade de Porto Alegre. Os dados de estabelecimentos alimentares foram disponibilizados pela Secretaria da Fazenda Estadual, do ano de 2020. Enquanto os dados sociodemográficos são provenientes do Censo de 2010. Os procedimentos metodológicos seguiram os seguintes passos: (1) mapeamento e classificação dos estabelecimentos alimentares conforme o grau de processamento dos produtos comercializados (In natura e minimamente processados, mistos, ultraprocessados, supermercados e hipermercados); (2) identificação dos desertos e pântanos alimentares; (3) caracterização dos setores de acordo o percentual de pessoas pretas, pardas e indigenas vivendo no setor; o percentual de pessoas pretas, pardas e indígenas foi classificado em quartis. RESULTADOS Foram incluídos na análise 2381 setores censitários, destes 48,3% (n=1150) foram considerados desertos alimentares, 75% (n=1786) foram considerados pântanos alimentares. A média percentual de pessoas pretas, pardas e indígenas por setor censitário foi de 18,27% (PD=14,39). Menores médias do total estabelecimentos, estabelecimentos que comercializavam alimentos in natura e minimamente processados, mistos, ultraprocessados, e supermercados e hipermercados foram encontradas nos setores censitários com maior população negra e indigena (p-valor <0,05). Os setores classificados como desertos alimentares exibem médias maiores no percentual de pessoas negras, pardas e indígenas. Já os setores classificados como pântanos apresentam padrão inverso. (p-valor: <0,001). CONCLUSÃO Pode-se concluir que setor censitários com maior percentual de população preta, parda e indígena apresentaram menor número de estabelecimentos de alimentos. Consequentemente, apresentam mais frequentemente desertos alimentares. Isso denota um claro padrão de desigualdades raciais em saúde, onde os indivíduos brancos acessam tem maior possibilidade de acesso a alimentos do que individuos negros e indígenas. Políticas de alimentação precisam considerar o peso da discrminação racial no acesso aos alimentos. [ABSTRACT FROM AUTHOR]