Orientador: Alessandro Batezelli Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências Resumo: Integração entre métodos da sedimentologia e da paleopedologia tem auxiliado a análise paleoambiental e estudos de evolução de bacias sedimentares continentais. Solos e paleossolos refletem complexa inter-relação entre sedimentação, erosão e não-deposição, além de registrarem as condições ambientais durante seus processos evolutivos, por se constituírem sistemas abertos. Paleossolos também têm contribuído e permitido estudos mais completos de natureza estratigráfica, por indicarem estabilidade nas paisagens e descontinuidade temporal no registro sedimentar. A maioria das sucessões sedimentares que se formou em ambientes continentais é caracterizada por uma interestratificação vertical e horizontal de paleossolos e sedimentos. Estudos de interação entre paleossolos e sedimentos são valiosos instrumentos na reconstituição paleoambiental e estratigrafia de bacias sedimentares continentais, uma vez que os solos, além servirem como registros das condições ambientais, representam momentos de estabilidade da paisagem, podendo ser utilizados como proxies estratigráficos. O objetivo da presente tese foi elaborar um modelo de evolução paleoambiental do Maastrichtiano da Bacia Bauru, através do estudo da interação entre sedimentos e paleossolos, em sistemas deposicionais continentais. Foram descritas onze seções da Formação Marília (S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S9, S10 e S11), compreendendo quarenta e três perfis. As análises micromorfológicas, mineralógicas e geoquímicas foram feitas de acordo com a literatura especializada. Foram identificadas três litofácies principais: arentito (S), conglomerado (G) e lamito (F). Os paleossolos da Formação Marília apresentaram horizontes argílicos (Btkm, Bt, Bss) e cálcicos (Bk) com distintos graus de cimentação, constituindo-se calcretes em sua maioria. Paligorskita, quartzo e calcita foram os minerais dominantes. Pedofeições texturais de revestimentos, distribuições relativas porfíricas, quitônicas e gefúricas, associadas com fábricas birrefringentes cristalíticas, granoestriadas, poroestriadas e salpicadas foram identificadas nos paleossolos. Na Bacia Bauru, a sedimentação da Formação Marília ocorreu durante o Maastrichtiano, a partir de depósitos de sistemas fluviais dominados por rios entrelaçados. Sedimentação, erosão e pedogênese foram processos que ocorreram de forma conjunta na Formação Marília. Os ciclos deposicionais, intercalados com processos erosivos, tiveram taxas de sedimentação variando entre altas e baixas, contínuas e lentas, episódicas e rápidas e controlaram a freqüência de avulsões. Na Formação Marília, os paleossolos, exumados e soterrados, constituídos por horizontes argílicos e cálcicos, e definidos como poligenéticos, compostos e cumulativos, indicam o término de ciclos deposicionais, com taxas, intensidades e duração diferenciadas. Os paleossolos compreendem pedotipos bem drenados, moderadamente drenados, hidromórficos, indicativos de sazonalidade climática e pedotipos de condições mais secas. A Formação Marília corresponde a trato de sistemas deposicionais distributivos de clima semiárido, de baixa taxa de acomodação, dominados por depósitos de rios entrelaçados em zonas proximais a distais, depósitos de planície de inundação e depósitos eólicos limitados na porção intermediária e compreendidos por dunas sand sea isoladas. Os paleossolos, com horizontes cálcicos (Bk) e argílicos (Btk, Bt, Bss), são reflexos das paradas na sedimentação e da dinâmica de avulsão e erosão, indicando momentos de estabilidade da paisagem e das condições paleodeposicionais e sugerindo ciclicidade climática, com variação na umidificação do clima semiárido, acompanhada por mudanças na circulação hidrológica durante o Maastrichtiano da Bacia Bauru Abstract: Integration between methods of sedimentology and paleopedology has helped paleoenvironmental analysis and studies of evolution of continental sedimentary basins. Soils and paleosols reflect a complex interrelationship between sedimentation, erosion and non-deposition, in addition to registering the environmental conditions during their evolutionary processes, since they are open systems. Paleosols have also contributed and allowed more complete studies of stratigraphic nature, since they indicate stability in the landscapes and temporal discontinuity in the sedimentary record. Most of the sedimentary sequences that formed in continental environments are characterized by vertical and horizontal interstratification of paleosols and sediments. Studies of interaction between paleosols and sediments are valuable instruments in the paleoenvironmental reconstruction and stratigraphy of continental sedimentary basins, since the soils, besides serving as records of the environmental conditions, represent moments of stability of the landscape, and can be used as stratigraphic proxies. The objective of this thesis was to elaborate a paleoenvironmental evolution model of the Maastrichtian of the Bauru Basin, through the study of the interaction between sediments and paleosols, in continental depositional systems. Eleven sections of the Marília Formation (S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S9, S10 and S11) were described, comprising forty three profiles. The micromorphological, mineralogical and geochemical analyzes were done according to the specialized literature. Three main lithofacies were identified: sandstone (S), conglomerate (G) and mudstone (F). The paleosols of the Marília Formation presented argillic (Btkm, Bt, Bss) and calcic (Bk) horizons with different degrees of cementation, constituting calcretes in their majority. Palygorskite, quartz and calcite were the dominant minerals. Textural pedofeatures of coatings, porphyric, chitonic and gefuric c/f-related distributions, associated with crystallitic, granostriated, porostriated e speckled b-fabrics were identified in the paleosols. In the Bauru Basin, the sedimentation of the Marília Formation occurred during the Maastrichtian, from deposits of fluvial systems dominated by braided rivers. Sedimentation, erosion and pedogenesis were processes that occurred together in the Marília Formation. The depositional cycles, interspersed with erosive processes, had sedimentation rates varying between high and low, continuous and slow, episodic and quick controlled the frequency of avulsions. In the Marília Formation, paleosols, exhumed and buried, constituted by argillic and calcic horizons, and defined as polygenetic, compound and cumulative, indicate the end of depositional cycles, with differentiated rates, intensities and duration. The palaeosols comprise well drained, moderately drained, hydromorphic pedotypes, indicative of climatic seasonality and pedotypes of drier conditions. The Marília Formation corresponds to the tracts of distributive fluvial systems of semi-arid climate, low rate of accommodation, dominated by deposits of braided rivers in proximal and distal zones, floodplain deposits and eolic deposits limited in the intermediate portion and comprised of dunes isolated. The paleosols, with calcic (Bk) and argillic (Btk, Bt, Bss) horizons, are reflections of the non-sedimentation and avulsion and erosion dynamics, indicating moments of landscape stability and paleodepositional conditions and suggesting climatic cyclicity, with variation in the humidification of the semi-arid climate, accompanied by changes in the hydrological circulation during the Maastrichtian of the Bauru Basin Doutorado Geologia e Recursos Naturais Doutor em Ciências