OBJETIVO: Idosos usam a rede pública ou privada de atendimento de saúde de acordo com a sua situação econômica, social, demográfica e epidemiológica. Analisar como esses fatores influenciam a escolha do local de atendimento e comparar o impacto das rendas individual e familiar do idoso nessa decisão são os objetivos do estudo. MÉTODOS: Foram utilizados dados de um estudo realizado pelo Conselho Estadual do Idoso do Rio Grande do Sul, em 1995, com 7.920 idosos, com idade acima de 60 anos. A coleta de dados foi feito mediante questionário que incluía questões sobre influência do gênero, idade, escolaridade, renda individual e familiar, tamanho da família, participação na renda familiar e auto-avaliação da saúde do idoso. As chances de uso da rede privada de atendimento de saúde foi medida pela regressão logística. RESULTADOS: No acesso à rede privada de atendimento a renda familiar do idoso teve um impacto muito mais expressivo do que a individual. Com um aumento na renda familiar em um salário mínimo, as chances do idoso utilizar a rede privada aumentam 20% contra um acréscimo de apenas 7% no mesmo aumento na renda individual. Também influenciaram positivamente: gênero feminino, idade, escolaridade e tamanho menor da família. CONCLUSÕES: As decisões sobre onde o idoso recebe cuidados de saúde dependem das necessidades e recursos da família e não somente da situação individual do idoso. Conseqüentemente, a saúde do idoso de família de renda baixa recebe prioridade menor e é desproporcionalmente prejudicada pelo pouco recurso familiar e deficiências do sistema público de atendimento. OBJECTIVE: Elderly choose between utilizing private or public health care providers based on their socioeconomic, demographic, and epidemiological condition. The purposes of this study was to evaluate how these factors affect the choice of health care provider and to compare the impact of their choice on individual and family income. METHODS: Data from 7,920 elders interviewed in a study of the State Committee for the Elderly of the state of Rio Grande do Sul in 1995 was used to evaluate the impact of elders' gender, age, educational level, individual income, family income, family size, participation in the family total income, and health self-assessment when choosing private or public health care providers. The statistical analysis was carried out using logistic regression. RESULTS: To have access to private health care providers, family income had a much more significant impact than individual income. When family income increased in one minimum wage, the odds of using private providers increased by 20% while it was only 7% when there was a similar increase in individual income. Other variables had also a positive impact: female, age, schooling, and smaller family size. CONCLUSIONS: Elderly choices' on health care depend on the family's needs and resources and not on the individual's condition. Therefore, low-income elderly health is a lower priority in the family and it is disproportionately impaired by reduced family resources and deficiencies of public health care.