Este estudo teve como objetivos identificar a frequência de interações medicamentosas (IM) potenciais do tipo fármaco-fármaco em pessoas atendidas em Estratégias de Saúde da Família (ESF) e classificá-las em relação à gravidade, à qualidade de evidências científicas e ao tempo de início; caracterizar em usuários de psicofármacos atendidos nas ESF, a adesão ao tratamento medicamentoso e a ocorrência de IM potenciais; avaliar a qualidade de vida (QV) dos pacientes atendidos nas ESF em relação ao Transtorno Mental Comum (TMC), o uso de psicofármacos e as IM; e elaborar um modelo de equações estruturais para identificar as variáveis associadas às IM, TMC, uso de psicofármacos e QV. Trata-se de estudo transversal de caráter correlacional descritivo, realizado em dez ESF de um município mineiro (n=452). Utilizou-se de questionário para coleta de dados demográficos, socieconômicos, farmacoterapêuticos, doenças clínicas e uso de psicofármacos, além de instrumento de rastreamento de TMC (SRQ-20), avaliação da adesão ao medicamento (MAT) e da QV (WHOQOL-brief). Uso de psicofármacos, IM, TMC e QV foram consideradas variáveis dependentes. Todavia, quando não ocuparam, na análise, a posição de desfecho, foram consideradas independentes. Para análise univariada foi utilizado o teste Qui-quadrado e para analisar as relações entre o conjunto de variáveis de interesse, utilizou-se Modelo de Equações Estruturais Generalizado. A IM foi prevalente em 66,59% da amostra. Em pacientes que consumiam cinco ou mais medicamentos tal prevalência foi de 85,37%. A prevalência de TMC foi de 24,56% e a de uso de psicofármacos foi de 77,65%, havendo maior frequência de IM potenciais nas prescrições dos usuários dessa classe de medicamentos. Ainda, 31,91% do total de usuários de psicofármacos utilizavam tais medicamentos sem prescrição médica. Houve maior porcentagem de IM potenciais classificadas como graves (47,47%) seguidas pelas moderadas (35,13%). As variáveis associadas à IM foram polifarmácia e renda. O uso de psicofármacos mostrou-se associado ao TMC, renda, diabetes e sexo. Na análise direta, o uso de psicofármaco e TMC influenciaram negativamente os padrões de QV em todos os domínios. A baixa renda foi indicativo de pior padrão de QV nos domínios psicológico, social e meio ambiente. A hipertensão arterial sistêmica e diabetes influenciaram de forma negativa a QV nos domínios psicológico e meio ambiente. Na análise indireta, renda, diabetes e TMC, mediado pelo uso de psicofármaco, influenciaram negativamente a QV em todos os domínios. O sexo, mediado pelo uso de psicofármaco, foi indicativo de pior padrão de QV nos domínios físico, social e meio ambiente. Os resultados apontam para a necessidade de implementação de estratégias direcionadas à segurança do paciente quanto à ocorrência de IM potenciais, prescrição racional de psicofármacos, bem como do rastreamento e intervenção para TMC, visto que este estudo identificou, na amostra investigada, que as referidas variáveis estão associadas à percepção de pior QV The purpose of this study was to identify the frequency of drug-drug-drug interactions (DDI) in people treated in Family Health Strategies (FHS) and to classify them in relation to severity, quality of scientific evidence and the time of start; characterize in users of psychopharmaceuticals attended in FHS, adherence to drug treatment and the occurrence of potential DDI; to evaluate the quality of life (QOL) of the patients treated in the FHS in relation to the Common Mental Disorder (CMD), the use of psychotropic drugs and the DDI; and to elaborate a model of structural equations to identify the variables associated with DDI, CMD, use of psychoactive drugs and QOL. This is a cross-sectional descriptive, cross-sectional study, carried out in ten FHS of a city of Minas Gerais (n = 452). A questionnaire was used to collect demographic, socioeconomic, pharmacotherapeutic, clinical and psychopharmacological data, as well as a CMD screening tool (SRQ-20), drug adherence assessment (DDA) and QOL (WHOQOL-brief ). The use of psychoactive drugs, DDI, CMD and QOL were considered dependent variables. However, when they did not occupy the position of outcome in the analysis, they were considered independent. For univariate analysis, the Chi-square test was used and to analyze the relations between the set of variables of interest, a Generalized Structural Equation Model was used. IM was prevalent in 66,59% of the sample. In patients who consumed five or more drugs such prevalence was 85,37%. The prevalence of CMD was 24,56% and the use of psychotropic drugs was 77,65%, with a higher frequency of potential MIs in the prescriptions of users of this class of drugs. Still, 31,91% of all users of psychoactive drugs used such drugs without a prescription. There was a higher percentage of potential DDI classified as severe (47,47%) followed by moderate (35,13%). The variables associated with DDI were polypharmacy and income. The use of psychoactive drugs has been associated with CMD, income, diabetes and gender. In the direct analysis, the use of psychotropic drugs and CMD negatively influenced the QOL patterns in all domains. Low income was indicative of a worse QOL pattern in the psychological, social and environmental domains. Systemic arterial hypertension and diabetes had a negative influence on QOL in the psychological and environmental domains. In indirect analysis, income, diabetes and CMD, mediated by the use of psychoactive drugs, negatively influenced QOL in all domains. Sex, mediated by the use of psychoactive drugs, was indicative of a worse QOL pattern in the physical, social and environmental domains. The results point to the need to implement strategies directed to patient safety regarding the occurrence of potential DDI, rational prescription of psychotropic drugs, as well as the screening and intervention for CMD, since this study identified, in the sample investigated, that said variables are associated with the perception of worse QOL