Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2015. Objetivos: Avaliar o conhecimento profissional e protocolo utilizado na realização de medidas de promoção de saúde bucal em unidades de terapia intensivas (UTIs) em Brasília-DF; avaliar a condição de saúde bucal de pacientes internados, associando a frequência de higienização bucal realizadas. Métodos: Amostra de conveniência composta por 71 profissionais da saúde que trabalham nas UTIs de 02 Hospitais Particulares responderam um questionário validado sobre as medidas de promoção de saúde bucal realizadas nas UTIs e características gerais. Realizou-se a avaliação da condição de saúde bucal de 104 pacientes, faixa etária de 34 a 93 anos, por conveniência, internados em uma UTI. Os dados gerais e informações sobre o quadro de saúde foram obtidos por meio dos prontuários e entrevistas. Os dados referentes, principalmente em relação à presença de saburra lingual, próteses e processo inflamatório gengival foram registrados em fichas individualizadas. Análise descritiva dos resultados e o teste t foi aplicado ao nível crítico (p ˂ 0,05). Testes múltiplos com ajustamento de Bonferroni foram empregados para uma melhor comparação quando a diferença entre os grupos eram detectadas. Uma correlação entre a frequência de higienização bucal realizada em pacientes conscientes (sem sedação) (n = 71), presença de saburra lingual e processo inflamatório gengival foi realizada. O teste Qui-quadrado de Pearson foi utilizado nessa análise e tabelas de contigência empregadas. Resultados: A maioria dos profissionais da saúde são enfermeiros e técnicos de enfermagem (80,3%), com experiência de atuação nesse setor hospitalar, em sua maioria (45,1%), entre 1 a 3 anos e 70% da amostra tem jornada de trabalho de 12 horas/dia. Esses profissionais têm conhecimento sobre saburra lingual (p = 0,0000) e pneumonia nosocomial (p = 0,0002). Atividades de higienização bucal são realizadas na UTI (p = 0,0000), em sua maioria, 02 vezes por dia (p ˂ 0,025). O método de controle mecânico do biofilme mais utilizado é a associação de espátulas de madeira, gaze e escovas dentárias e o químico é a clorexidina 0,12% (p ˂ 0,017). Medidas de higienização bucal, também, são realizadas em pacientes submetidos à intubação orotraqueal (p = 0,0000). Os profissionais têm tempo suficiente (80,3%, p = 0,0000) para realizar as condutas de higiene bucal nos pacientes na UTI, enfatizam que é uma prioridade para pacientes sob ventilação mecânica (p = 0,0000), porém concordam que essa medida é difícil de ser realizada (p = 0,03) e, quando realizada, utilizam a sucção à vácuo (p = 0,0000). Pacientes, em sua maioria, permanecem mais de 03 dias nesse ambiente (p ˂ 0,016), sendo a cirurgia cardíaca para troca de válvula aórtica (27,88%) o principal motivo. A maioria (68,27%) se encontrava consciente (sem sedação) (p = 0,0001), em condições normais (p ˂ 0,016) e com dieta oral (p = 0,0000). Condutas de higienização bucal na UTI, após a internação, não foram realizadas em 29 pacientes conscientes (p ˂ 0,005). A saburra em toda a extensão da língua esteve evidente na maioria, em 38 pacientes (p ˂ 0,008). Observou-se a ausência de processo inflamatório gengival em 35 pacientes (p ˂ 0,005) e 80,77% da amostra (p = 0,0000) são dentados. Pacientes conscientes (sem sedação), independente da frequência de higienização bucal, apresentam saburra lingual. Conclusões: É necessário capacitar os profissionais da saúde que trabalham nas UTIs sobre a associação entre biofilme e saburra lingual com condição sistêmica, padronizar protocolos preventivos e de cuidados específicos. Pacientes na UTI recebem assistência em relação à saúde bucal de maneira diferenciada em relação à metodologia e frequência. Não existem medidas padronizadas para as condutas de higienização lingual (saburra) na UTI. Aims: Assessing the professional knowledge and the protocol used in oral health promotion measures undertaken in intensive care units (ICUs) in Brasilia-DF; associating the oral health status of hospitalized patients correlating the frequency these oral hygiene procedures are performed. Methods: Convenience sample comprising 71 health professionals working in the ICUs of two private hospitals. They answered a validated questionnaire on oral health promotion measures undertaken in the ICUs and on general features. The study assessed the oral health status of 104 convenience ICU patients aged from 34 to 93 years. The general data and the information about their health status were obtained through medical records and interviews. The data, especially those regarding the presence of tongue coating, prostheses and gingival inflammation processes were recorded in individual files. The descriptive analysis of the results was performed and the t test was applied at critical level (p˂0.05). Multiple tests with Bonferroni adjustment for a better comparison were used when there was difference between groups. The correlation between the frequency of oral hygiene procedures performed on conscious patients (no sedation) (n = 71) and the presence of tongue coating and gingival inflammation process was performed. Pearson’s chi-square test and contingency tables were used in this analysis. Results: Most health professionals are nurses and nursing technicians (80.3%). Most (45.1%) of them have professional experience between 1 and 3 years in this hospital sector and 70% of the sample work 12 hours/day. These professionals are aware of tongue coating (p=0.0000) and nosocomial pneumonia (p=0.0002). Oral hygiene activities are carried out in the ICUs (p=0.0000), mostly 2 times a day (p˂0.025). The most used mechanical biofilm control method is the combined use of wooden spatulas, gauze and toothbrushes and the most used chemical biofilm control method is 0.12% chlorhexidine (p˂0.017, both). Oral hygiene measures are also applied to patients subjected to tracheal intubation (p=0.0000). The professionals have enough time (80.3%, p=0.0000) to perform oral hygiene procedures in the ICU patients. They emphasize that it is priority for mechanically ventilated patients (p=0.0000); however, they agree that this procedure is difficult to be performed (p=0.03) and, when it is performed, they use vacuum suction (p=0.0000). Most patients were hospitalized for more than 3 days (p˂0.016), and cardiac surgery for aortic valve replacement (27.88%) was the main reason for it. Most of them (68.27%) were conscious (no sedation) (p = 0.0001), presented standard conditions (p ˂ 0.016) and were fed with oral diet (p = 0.0000). Twenty-nine (29) conscious patients (p ˂ 0.005) were not subjected to oral hygiene procedures after their admission in the ICU. Coating was evident throughout the length of the tongue of most (38) patients (p˂0.008). Thirty-five (35) patients did not show gingival inflammation (p˂0.005) and 80.77% of the sample (p=0.0000) were toothed. Conscious patients (no sedation) showed tongue coating regardless of the oral hygiene frequency. Conclusions: It is necessary to train health professionals working in ICUs on the association among biofilm, tongue coating and systemic condition, as well as to standardize preventive and specific care protocols. The oral health assistance provided to ICU patients is performed through different methodologies and frequencies. There are no effective measures for lingual hygiene procedures (coating) in ICUs.