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No dia 29 de outubro de 2019, um grupo de intelectuais se reuniu no Departamento de Sociologia da usp, sob iniciativa do editor da Tempo Social, para entrevistar Patricia Hill Collins, intelectual norte-americana internacionalmente reconhecida, que abriu novas perspectivas para o pensamento feminista negro como teoria social crítica. O ponto de partida foi o novo livro de Collins, intitulado Intersectionality as Critical Social Theory (Interseccionalidade como Teoria Social Crítica), em que ela explora os paralelos entre os desafios enfrentados pelos ativistas intelectuais que criaram o conceito de interseccionalidade e os que estão colocados pelo presente. Durante a conversa, outros temas surgiram, explorando a agenda de pesquisa da Autora e seus livros anteriores, assim como os novos desafios para os estudos sobre relações raciais e a militância antirracista. El 29 de octubre de 2019, un grupo de intelectuales se reunió en el Departamento de Sociología de la USP, por iniciativa de Tempo Social, para entrevistar a Patricia Hill Collins, intelectual estadounidense de renombre internacional, quien abrió nuevas perspectivas para la El pensamiento feminista negro como teoría social crítica. La entrevista comenzó con el nuevo libro que había publicado el autor, titulado Interseccionalidad como teoría social crítica. En él Patricia Collins busca explorar los paralelismos entre los desafíos que enfrentaron aquellos activistas-intelectuales que contribuyeron al surgimiento de la noción de interseccionalidad, y esos nuevos desafíos que enfrentamos hoy. A lo largo de la conversación, se exploraron otros temas, que surgen tanto de la agenda de la autora como de sus libros anteriores, así como de los desafíos que enfrentan los estudiosos de las desigualdades raciales y los activistas antirracistas. Le 29 octobre 2019, un groupe d'intellectuels s'est réuni au département de sociologie de l'USP, à l'initiative de l'éditeurTempo Social, pour un entretien avec Patricia Hill Collins, une intellectuelle américaine de renommée internationale, qui a ouvert de nouvelles perspectives à lapenséeféministe noire, en tant que théorie sociale critique.Le point de départ était le nouveau livre de Collins, intituléIntersectionality as Critical Social Theory, où elle explore les parallèles entre les défis auxquels sont confrontés ces militants-intellectuels qui ont developpé la notion d'intersectionnalité, et les nouveaux défis auxquels sont confrontés aujourd'hui.Au cours de la conversation, d'autres thèmes ont émergé, explorant le programme de recherche de l'auteur et ses livres précédents, ainsi que les défis actuels pour les études sur les relations raciales et pour le militantisme antiraciste. On October 29, 2019, a group of intellectuals met at the Sociology Department of usp, at the initiative of the Tempo Social editor, for an interview with Patricia Hill Collins, an internationally renowned American intellectual, who opened new perspectives for Black feminist thought, as a critical social theory. The departure point was Collins new book, entitled Intersectionality as Critical Social Theory, where she explores the parallels between the challenges faced by those activists-intellectuals who coined the notion of intersectionality, and the new challenges faced today. During the conversation, other themes emerged, exploring the author’s research agenda and her previous books, as well as the current challenges for the studies on racial relations and for the anti-racist militance.

This thesis investigates the possibilities and forms of subaltern politics through an empirical study of Brazilian domestic workers’ mobilisations. Domestic work, often described as a legacy of slavery in Brazil, is characterised by the intersection of gender, race and class matrices of oppression, which makes domestic workers a subaltern group. As a result of their subaltern status and characterisation as ‘non-standard’ workers they are expected to be harder, or even impossible, to organise and represent. Yet, Brazilian domestic workers have been organising since 1936; they formed their own autonomous trade unions, and won partial recognition in 2015 when the Brazilian Congress approved a law extending basic labour rights to them. Thus, my thesis examines how this subaltern group has been able to organise, and argues that instead of considering subalternity as an impediment to collective action it should be understood as a potential resource for mobilisation. I have identified three paradoxes of subaltern politics. First, I show how the professional identity ‘domestic worker’ is both necessary for political recognition in the Brazilian corporatist state, but also rejected, as it re-inscribes domestic workers into the raced-gendered power relations they want to challenge. Furthermore, I find that while the intersecting nature of their oppression is what has constructed domestic workers as a subaltern group, it has also enabled the formation of broad-based alliances with women, black and workers’ movements, thereby turning subalternity into a resource for collective action. Finally, domestic workers have used their perceived vulnerability to force recognition from the Brazilian state, yet, this has led to a paternalistic mode of recognition and a certain demobilisation of the domestic workers’ local unions. As domestic workers gained partial recognition as workers, they were also forced into an industrial relations model that did little to respond to the complex and multi-sided forms of oppressions they face, posing new challenges to their modes of organising.

Cet article propose une analyse des luttes des travailleuses domestiques au Brésil, à partir de deux recherches de terrain. Nous considérons l’imbrication du racisme, du sexisme et de l’inégalité de classe dans leurs vies et luttes, et dans leur rapport avec les mouvements noir, féministe et les syndicats de travailleurs. Si cette imbrication des rapports sociaux produit des formes d’oppression multiples, elle est également un ressort pour les luttes collectives des travailleuses domestiques leur permettant de former des alliances qui ont mené à la promulgation d’une loi garantissant des droits à la catégorie en 2015. Cependant, le caractère intersectionnel de leurs revendications a également produit des tensions et des conflits avec leurs alliés, limitant la portée de leur succès.

Nesta tese, em que apresento como objeto de estudo o trabalho doméstico remunerado, busco discutir os significados atrelados às representações do feminino a partir de narrativas de mulheres de grupos populares moradoras do município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Os objetivos do estudo foram refletir analiticamente em torno do estatuto da esfera doméstica, explorando dimensões do entendimento de trabalhadoras domésticas sobre família, experiência feminina e aprendizado doméstico, trabalho e direitos. O estudo, desenvolvido a partir de uma etnografia, utilizou, como estratégias metodológicas para o trabalho de campo, a observação participante e as entrevistas. O universo de pesquisa com o qual trabalhei foi composto por 60 mulheres oriundas de camadas populares, trabalhadoras domésticas remuneradas e moradoras do município de Nova Iguaçu. Para a realização das entrevistas, utilizei três caminhos diferentes: um curso de capacitação de Cuidador (a) de Idosos e Babá, oferecido pelo Centro Social São Vicente, dois Sindicatos de Trabalhadoras Domésticas e uma rede de mulheres, que constituí por meio da indicação das primeiras entrevistadas. Ao longo da discussão, exploro temas específicos como a relação do emprego doméstico com a escravidão, os avanços e as descontinuidades na legislação, a inserção e as contribuições de um novo campo de serviço, com a revisão de literatura sobre os estudos de care, e a relação das trabalhadoras domésticas entrevistadas com seus patrões e patroas, com o espaço doméstico e com outras gerações em suas famílias. Atravessando todos esses temas, abordo as formas de resistência dessas trabalhadoras, tanto em seus espaços de trabalho quanto no cotidiano dos sindicatos de trabalhadores domésticos, entendidos aqui como importantes espaços de luta da categoria. Em termos mais gerais, trata-se de uma tese de doutorado sobre a prática do trabalho doméstico remunerado em um país com um quadro de desigualdades sociais severas, que entende que as narrativas de empregadas domésticas iluminam importantes dimensões dessas desigualdades.