Este estudo insere-se na Linha de Pesquisa Fundamentos da Educação e Processos Educativos do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Goiás. A ideia de intencionalidade da consciência, conceito basilar da fenomenologia de Edmund Husserl[1859-1938] e radicalizado por Jean-Paul Sartre [1905-1980], supera de maneira rigorosa qualquer dualidade que se tente impingir à relação entre a consciência e o mundo. A partir do argumento de que “toda consciência é consciência de alguma coisa”, o conceito puro de mundo, de realidade objetiva, separado da subjetividade, não passa de uma abstração tanto quanto o conceito de indivíduo separado do mundo e de seus coeficientes de adversidade. Homem e mundo não podem ser considerados entidades autônomas, independentes e não-recíprocas. Trata-se, na verdade, de duas dimensões que, embora diferentes em essência, são totalmente inseparáveis. Pela intencionalidade, consciência e mundo formam uma totalidade, constituindo-se mutuamente. Com esses pressupostos, essa tese se propõe a investigar o sentido da educação, sua natureza, fundamento e fins, para além do empírico, do senso comum e da atitude natural. Embora Sartre não tenha elaborado qualquer estudo ou teoria a respeito dessa questão, entendemos que sua obra filosófica pode ajudar-nos a pensar a educação como um fenômeno essencialmente humano, o seu sentido ontológico, como um movimento permanente de formação e constituição do homem, ánthrōpos, na relação entre a consciência e o mundo. Buscamos, então, esclarecer e aprofundar a compreensão e os fundamentos de uma concepção de educação que venha contribuir para a formação do sujeito numa perspectiva humanizadora, em contraposição às visões instrumentalistas voltadas ao atendimento dos interesses do capital, do consumo, do mercado e da eficiência. Para tanto, propomos investigar os conceitos de intencionalidade e ação na obra de Sartre, estabelecendo uma relação com o fenômeno educacional e enfatizando o seu ser como algo inerente ao paradoxo da liberdade: não há educação a não ser em situação, e não há situação a não ser em liberdade. Educar é a ação de fazer-se livre, considerando as várias dimensões da formação humana postas pela relação do homem com o mundo e no tempo, implicando a totalidade do ser e da existência que forma uma unidade sintética inseparável e afirma a dignidade e o sentido do conhecimento, da corporeidade, da imaginação, da emoção, do desejo, da temporalidade, da historicidade, da espacialidade e da intersubjetividade como expressões intrínsecas à realidade humana em constante formação. This study is part of the Line of Research Education Fundaments and Educational Processes of the Graduate Course Program in Education of Federal University of Goias. The idea of the intentionality of consciousness, basic concept of the Edmund Husserl’s phenomenology and settled for Jean-Paul Sartre [1905-1980], rigorously overcome any duality that tries to enforce the relation between the consciousness and the world. As of the argument that “every consciousness is consciousness of something”, the pure concept of world, of objective reality, separated from the subjectivity, is no more than an abstraction as well as the concept of the individual separated from the world and its coefficients of adversity. Man and world cannot be considered autonomic, independent and non-reciprocal entities. In fact, they are two dimensions that are totally inseparable, despite of being different in essence. By intentionality, consciousness and world they form a totality, they constitute each other mutually. With these assumptions, this thesis proposes to investigate the sense of education, its nature, foundation and purposes, apart from the empirical, the common sense and the natural attitude. Although Sartre has not elaborated any study or theory about this issue, we understand that his philosophical work can help us to think about the education as an essentially human phenomenon, its ontological sense, as a permanent movement of the formation and constitution of the man, ánthrõpos, in the relation between the consciousness and the world. Therefore, we seek to clarify and to deepen the comprehension and foundations of a conception of education that will contribute for the constitution of the subject in a humanizing perspective, in opposition to the instrumentalist visions that aim to attend the interests of the capital, consumption, market and efficiency. For this purpose, we propose to investigate the intentionality and action concepts in the Sartre’s work, establishing a relation with educational phenomenon and emphasizing its being as something inherent in the paradox of freedom: there is no education except in situation, and there is no situation except in freedom. Educating is the action of being free, considering the several dimensions of human formation posted by the relationof man with the world in time, implying the totality of being and existence that forms an inseparable synthetic unity and affirms dignity and the sense of knowledge, of corporeity, of imagination, of emotion, of desire, of temporality, of historicity, of spatiality and of intersubjectivity as intrinsic expressions of human reality in constant formation.