Orientadora: Profa. Dra. Estela Iraci Rabito Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Alimentação e Nutrição. Defesa : Curitiba, 09/07/2021 Inclui referências: p. 73-82 Resumo: A Dieta Mediterrânea (DM) é um padrão alimentar com maior evidência em saúde por suas características antiinflamatórias e antioxidantes, sendo que alguns nutrientes desse padrão já foram pesquisados quanto a sua eficácia na fertilidade. Essa correlação existe, pois, a inflamação e o estresse oxidativo estão amplamente relacionados com as principais causas da infertilidade. No entanto, há uma lacuna quanto a DM poder de fato melhorar marcadores e desfechos de fertilidade. Objetivo: Avaliar se uma maior adesão à DM é capaz de melhorar marcadores de fertilidade em homens e mulheres inférteis. Método: Revisão Sistemática em estudos observacionais prospectivos que contemplem a adesão a DM e desfechos de fertilidade em humanos. As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados: PubMed, Cochrane CENTRAL, Embase, CINAHL e Scopus, assim como na literatura cinzenta: Open Grey, DART-Europe (E-thesis), World Cat e Google Scholar, sem restrição de data ou linguagem. Foram investigados os seguintes desfechos de fertilidade: críticos (taxa de nascidos vivos e gravidez), essenciais (qualidade do esperma, qualidade do embrião, qualidade do ovócito, taxa de fertilização e implantação) e os de importância limitada (taxas hormonais e qualidade do líquido folicular). Foi realizada análise de viés e meta-análise. Resultado: Foram selecionados 10 artigos com base nos critérios de elegibilidade, houve alta heterogeneidade na análise de nascidos vivos (I2 = 83,16%, RR 0,652, 95% IC 0,408-3,194) e na taxa de gravidez (I2 = 93,83%, RR 1,192, 95% IC 0,349;4,325) quando comparado a baixa e alta adesão. Em relação ao esperma, pode-se observar: menor anormalidades no grupo de alta adesão a DM quanto a concentração < 39 x 106 ml (I2 = 32.97%, RR 2,862, 95%, IC 1,583; 5,174), contagem 15 x 106 ml (I2 = 48,1%, RR 2,543, 95% IC 1,319; 4,904) e volume < 1,5 ml (I2 = 12,29%, RR 1,06, 95% IC 0,585;1,926). Nesse sentido tem-se na alta adesão um menor risco para oligospermia, hipospermia e oligozoospermia. Houve menos anomalias no sêmen do grupo de alta adesão a DM (I2 =0 %, RR 3,175, 95% IC 1,565;6,440) e melhor progressão dos espermatozoides (I2 =0 %, RR 3,831, 95% IC 1,872;7,842), porém ambos apresentam imprecisão. Pela variedade de desfechos e falta de padronização nos marcadores femininos não foi possível chegar a uma comparação nos principais desfechos. Uma maior adesão a DM não demonstrou afetar os níveis de FSH (I2 =0 %, RR -0,018, 95% IC -0,179;0,139) ou do AMH (I2 =0 %, RR 2,554, 95% IC -4,637;9,744). No líquido folicular houve aumento de B6 na alta adesão a DM mas só um estudo avaliou esse desfecho. Os demais resultados não apresentaram significância estatística. Conclusão: Embora a presente revisão aponte indícios positivos entre a alta adesão a DM e alguns marcadores de fertilidade, principalmente quanto a qualidade do esperma, as incertezas permanecem pelo fraco grau de evidência. Mais pesquisas, com melhor padronização dos métodos, devem ser realizadas para que se possa chegar a uma resposta mais precisa. Abstract: The Mediterranean Diet (DM) is a dietary pattern with greater evidence in health for its anti-inflammatory and antioxidant characteristics, and some nutrients of this pattern have already been researched for their effectiveness in fertility. This correlation exists because inflammation and oxidative stress are largely related to the main causes of infertility. However, there is a gap as to whether DM can actually improve fertility markers and outcomes. Objective: To assess whether greater adherence to DM is able to improve fertility markers in infertile men and women. Method: Systematic review of prospective observational studies that address adherence to DM and fertility outcomes in humans. Searches were performed in the following databases: PubMed, Cochrane CENTRAL, Embase, CINAHL and Scopus, as well as in the gray literature: Open Grey, DART-Europe (E-thesis), World Cat and Google Scholar, without date or restriction language. The following fertility outcomes were investigated: critical (live birth rate and pregnancy), essential (sperm quality, embryo quality, oocyte quality, fertilization and implantation rate) and those of limited importance (hormonal rates and fluid quality follicular). Bias analysis and metaanalysis were performed. Results: 10 articles were selected based on eligibility criteria, there was high heterogeneity in the analysis of live births (I2 = 83.16%, OR 0.652, 95% CI 0.408-3.194) and in the pregnancy rate (I2 = 93.83%, OR 1.192, 95% CI 0.349;4.325) when compared to low and high adherence. Regarding sperm, it can be observed: lesser abnormalities in the group with high adherence to DM regarding the concentration < 39 x 106 ml (I2 = 32.97%, OR 2.862, 95%, IC 1.583; 5.174), count 15 x 106 ml (I2 = 48.1%, OR 2.543, 95% CI 1.319; 4.904) and volume < 1.5 ml (I2 = 12.29%, OR 1.06, 95% CI 0.585;1.926). In this sense, high adherence has a lower risk for oligospermia, hypospermia and oligozoospermia. There were fewer semen abnormalities in the DM high-adherence group (I2 =0%, OR 3.175, 95% CI 1.565;6.440) and better sperm progression (I2 =0%, OR 3.831, 95% CI 1.872;7.842), but both are imprecise. Due to the variance of possible analyzes in the female markers, it was not possible to reach a comparison in the main outcomes. Greater adherence to DM has not been shown to affect FSH levels (I2 =0%, OR -0.018, 95% CI - 0.179;0.139) or AMH (I2 =0%, OR 2.554, 95% CI -4.637;9.744). In follicular fluid, there was an increase in B6 in high adherence to DM, but only one study evaluated this outcome. The other results were not statistically significant. Conclusion: Although this review points to positive evidence between high adherence to DM and some fertility markers, especially regarding sperm quality, uncertainties remain due to the low level of evidence. More research, with better standardization of methods, must be carried out in order to arrive at a more precise answer.