Resumen: Para contrarrestar la ausencia de paradigmas que expliquen las transformaciones religiosas latinoamericanas desde modelos propios, el presente artículo propone un diálogo exploratorio entre dos marcos interpretativos asumidos como antagónicos: la teoría del mercado religioso desarrollada en el sistema capitalista y el enfoque de religión vivida. Las reflexiones se ilustran en dos casos diferentes del amplio espectro pentecostal peruano: Monte de Oración, una iglesia independiente, empresa familiar ubicada en un barrio marginal limeño, y el Movimiento Misionero Mundial, una megaiglesia transnacional de origen portorriqueño y de pretensiones panperuanas. El abordaje de la religión vivida permite adentrarse en una cosmovisión encantada fuera de la lógica de separación en esferas y, por lo tanto, posibilita adaptar la teoría del mercado religioso a un entorno que sigue funcionando de manera tradicional como empresa familiar o hacienda, a pesar de algunas características de mercado globalizado. Además, esta aproximación muestra cómo el apego a ciertas tradiciones y la búsqueda existencial en contextos cambiantes, elementos aparentemente ajenos a la lógica comercial, acaban configurando un mercado dinámico. Estas teorías nos llevan a adentrarnos en el pentecostalismo popular, poco estudiado y objeto de debate, que destruye ciertas costumbres, reinterpreta otras y crea nuevas fórmulas. Este movimiento religioso logra conjugar un enraizamiento local atractivo para sus potenciales miembros con conexiones internacionales que lo legitiman en una sociedad en transición. Abstract: To counteract the absence of paradigms that explain Latin American religious transformations from their own models, this article proposes an exploratory dialogue between two interpretative frameworks assumed to be antagonistic: the religious market theory developed in the capitalist system and the lived religion approach. The reflections are illustrated in two different cases from the broad Peruvian Pentecostal spectrum: Monte de Oración, an independent church, a family business located in a Lima slum, and the World Missionary Movement, a transnational megachurch of Puerto Rican origin with pan-Peruvian aspirations. The lived religion approach leads to an enchanted worldview outside the logic of separation into spheres. It therefore allows the theory of the religious market to be adapted to an environment that continues to function traditionally as a family business or farm, despite having some of the characteristics of a globalized market. This approach also reveals that attachment to certain traditions and the existential quest in changing contexts -elements apparently alien to commercial logic- end up shaping a dynamic market. These theories lead us towards the little studied and debated popular Pentecostalism, which destroys certain customs, reinterprets others, and creates new formulas. This religious movement manages to combine an attractive local rootedness for its potential members with international connections that legitimize it in a society in transition. Resumo: Para contrabalançar a ausência de paradigmas que expliquem as transformações religiosas latino-americanas a partir de modelos próprios, neste artigo, propõe-se um diálogo exploratório entre dois referenciais interpretativos assumidos como antagônicos: a teoria do mercado religioso desenvolvida no sistema capitalista e a abordagem de religião vivida. As reflexões são ilustradas em dois casos diferentes da ampla gama pentecostal peruana: o Monte de Oração, uma igreja independente, empresa familiar localizada num bairro marginal de Lima, e o Movimento Missionário Mundial, uma megaigreja transnacional de origem porto-riquenha e de pretensões panperuanas. A abordagem da religião vivida permite se aprofundar numa cosmovisão encantada fora da lógica de separação em esferas e, portanto, possibilita adaptar a teoria do mercado religioso a um entorno que continua funcionando de maneira tradicional como empresa familiar ou fazenda, apesar de algumas características de mercado globalizado. Além disso, essa abordagem mostra como o apego a certas tradições e a busca existencial em contextos oscilantes, elementos aparentemente alheios à lógica comercial, acabam configurando um mercado dinâmico. Essas teorias nos levam a aprofundar-nos no pentecostalismo popular, pouco estudado e objeto de debate, que destrói certos costumes, reinterpreta outros e cria fórmulas. Esse movimento religioso consegue conjugar um enraizamento local atrativo para seus potenciais membros com conexões internacionais que o legitimam numa sociedade em transição.