CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior This research utilized an interdisciplinary theoretical and methodological apparatus and focused on social and racial disparities along the academic and professional way of female professors. Brazilian literature examined in Psychology field does not offer examples of qualitative researches about social and racial disparities with an emphasis on black and white individuals. This way, and in this context, this study was included and intended to answer the following questions: 1) are there elements which indicate social disparities structurally produced that are related to the academic and professional trajectories of individuals socially entitled as black, mulatto and white? 2) Are there elements indicating racial disparities when comparing the life trajectories of those socially entitled as blacks and mulattos to those of the ones socially called whites? Three female professors participated in this research: one socially defined as white and two socially designated as blacks (a black-skinned and a mulatto). They concluded post graduation and work in different departments in a Brazilian public university. A social demographic questionnaire and a list for completing phrases were used as information was collected. The information gathered was converted into data. Data organization included a categorization process. The results showed that poverty, indicative of social disparities, was a reality for the participants during some periods of their existential trajectories, though, when considering skin color, it was verified the existence of a connection between the participants level of poverty and her skin color, and between the participants level of poverty and career choices. The results also showed that the schooling process became their path through their professional course in life and ascending social mobility; adversities that emerged along the white, the black-skinned and the mulatto womens life were overcome through support offered by relatives and friends and through the use of personal strategies; that despite the black-skinned professor finished her academic cycle, is a qualified professional who graduated in two different courses and has a post graduation degree, she is still a target for racism, displayed either explicitly, either in disguised ways; that racism toward black individuals, expressed directly or indirectly, was addressed both to the blackskinned and the mulatto women in different episodes of their lives, while the white woman was only an observer of racial social interactions in daily basis situations; that school and family are consolidated institutions that reproduce racism against blacks; that school presented itself as a contradictory social place since, although it pursues the development of citizens, it promoted social ostracism toward the participants when they were poor children attending elementary school, putting them aside during amusing activities, collaborating to the reproduction of social disparities. The results also showed a paradox, from one hand the school is an institution responsible for the upbringing of citizens, on the other hand, it presents itself as a place for the materialization of racism expressed in social interactions among classmates or between the teacher and the student, regardless the grade in which the student is; that racism against blacks is part of a subjectivity (re)construction process, though the meanings they attribute to this process differ according to their phenotypes and experiences in social relations involving a race issue; that the participants points of view toward racism and engagement in social movements against racial discrimination are related to the way racism affected their lives, as well as to the visibility of this phenomenon in the social world and/or in their personal experiences; that being a target for racism against blacks generates singularities responsible for the constitution of the individual herself and for the construction of an ethnic identity. The results of this study will help us in the understanding of racisms social and psychological aspects, in theoretical constructions about this issue, in identifying psychological and social mechanisms of social inclusion that exclude the black, in identifying ones psychological mechanisms when facing racism, in the elaboration of strategies for racism research, in providing subsidies to the creation and execution of programs that fight racism at school through curricular and extracurricular activities. A pesquisa proposta empregou um aporte teórico-metodológico interdisciplinar e enfocou as desigualdades sociais e raciais no percurso escolar e profissional de professoras universitárias. A literatura brasileira consultada na área da Psicologia não fornece exemplares de pesquisas qualitativas sobre desigualdades sociais e raciais, focalizadas no negro e no branco. Nesse contexto, inseriu-se o presente estudo, que objetivou responder às seguintes questões: 1) há indicadores de desigualdades sociais, produzidas estruturalmente, que perpassaram a trajetória escolar e profissional da pessoa socialmente intitulada de preta, de parda e de branca? 2) há indicadores de desigualdades raciais, quando se compara o percurso de vida da pessoa socialmente intitulada de preta e parda com o da pessoa socialmente denominada de branca? Participaram do estudo três professoras universitárias: uma socialmente definida como branca e duas como negras (preta e parda), pós-graduadas e lotadas em diferentes departamentos de uma universidade pública brasileira. Na coleta de informações, empregou-se a entrevista narrativa, um questionário sócio-demográfico e uma lista de complementação de frases. As informações coletadas foram submetidas a tratamento, que as transformaram em dados. A organização dos dados incluiu o processo de categorização. Os resultados mostraram que a pobreza, indicador de desigualdades sociais, fez parte de momentos da trajetória existencial das participantes/informantes, mas, ao se considerar a cor, verifica-se que há uma relação entre grau de pobreza e a cor das mesmas e entre o grau de pobreza e as escolhas dos cursos que as levaram à profissionalização; que a escolarização foi via de profissionalização e de mobilidade social ascendente para as mesmas; que as adversidades, surgidas ao longo do percurso escolar da branca, da preta e da parda foram superadas, com o apoio social de parentes e/ou amigos e com emprego de estratégias pessoais de enfrentamento às dificuldades; que para a preta, o fato de completar o ciclo de estudos, e ser uma profissional qualificada por dois cursos de graduação e um de pós-graduação, não a eximiu de ser objeto do racismo, quer através de manifestações explícitas, quer através de formas camufladas; que o racismo contra o negro, expresso na discriminação direta ou indireta, foi dirigido à preta e à parda, em diferentes momentos dos seus cursos de vida, enquanto a branca foi apenas observadora de interações sociais racializadas, em situações do seu cotidiano; que a escola e a família consolidaram-se como reprodutoras do racismo contra o negro; que a instituição escolar apresentou-se como um espaço social contraditório, porque, apesar de objetivar a formação de cidadãos, promoveu a exclusão social das participantes/ informantes, quando eram crianças pobres e freqüentavam o ensino de primeiro grau, ao colocá-las à margem da participação em atividades recreativas, colaborando na reprodução das desigualdades sociais; que, paradoxalmente, enquanto formadora de cidadãos, a escola apresenta-se como local de materialização do racismo, expresso em interações sociais entre colegas ou entre professora e aluna, independentemente do grau de ensino; que o racismo contra o negro faz parte do processo de (re)construção da subjetividade das participantes/informantes, porém as significações que atribuem a esse fenômeno social diferem, em função dos seus fenótipos e experiências nas relações sociais racializadas; que os seus posicionamentos face ao racismo, e engajamento em movimentos sociais de combate à discriminação racial, relacionam-se ao modo como ele afetou as suas vidas, bem como à visibilidade desse fenômeno, no mundo social e/ou nas suas experiências pessoais; que ser objeto do racismo contra o negro gera singularidades constitutivas do si mesmo e da formação da identidade étnica. Os resultados do estudo poderão contribuir na compreensão de aspectos sócio-psicológicos do racismo, em construções teóricas sobre o tema, na identificação de mecanismos psicossociais de inclusão social excludente do negro, na identificação de mecanismos psicológicos de enfrentamento ao racismo, na elaboração de estratégias de pesquisa sobre o racismo; no fornecimento de subsídios para a elaboração e implementação de programas de combate ao racismo na escola, através de atividades curriculares e extracurriculares.