A medicina veterinária transfusional desempenha um papel importante na estabilização do paciente crítico. Infelizmente, patógenos como Mycoplasma haemocanis, uma bactéria pleomórfica, pode estar presente no sangue do doador e serem transmitidos na transfusão. Os mycoplasmas hemotrópicos podem causar doença subclínica, onde portadores assintomáticos podem ser identificados como doadores de sangue saudáveis, aumentando o risco de infecção iatrogênica. O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de M. haemocanis em concentrado de eritrócitos canino, utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase quantitativa (qPCR), correlacionando-se com o metabolismo eritrocitário durante o armazenamento. Foram selecionados oito cães negativos (Grupo Controle) e oito positivos (Grupo Mycoplasma) para M. haemocanis, previamente confirmados pela técnica de qPCR, clinicamente saudáveis, que atendiam aos critérios de inclusão como doadores. Uma bolsa de sangue (390 a 450 mL) contendo 63 mL de CPDA-1 foi coletada de cada animal selecionado e centrifugadas para obter o concentrado de eritrócitos. Alíquotas do concentrado de eritrócitos nos dias 1, 7, 18 e 29 durante o armazenamento a 4°C foram analisadas por qPCR para determinar a presença de M. haemocanis e foi padronizado o número de cópias/μL de sangue, usando um controle interno sintético. Adicionalmente, foram avaliados os parâmetros pH, bicarbonato (HCO3-), potássio (K+), sódio (Na+), cloro (Cl-), glicose, lactato e amônia. Os dados foram analisados por ANOVA entre os grupos Controle e Mycoplasma e correlação de Pearson para determinar as interações entre as variáveis. M. haemocanis foi detectado em concentrado de eritrócitos nos dias 1, 7, 18 e 29 de armazenamento. Diferenças significativas nos parâmetros bioquímicos entre os grupos foram observadas ao longo do período de armazenamento. Não foram identificadas correlações entre o número de cópias/μL de M. haemocanis e os parâmetros bioquímicos avaliados. Mais estudos são necessários para avaliar o potencial de infecção de M. haemocanis. No entanto, os dados do presente estudo são uma grande contribuição, demonstrando o risco de transmissão a traves da transfusão de concentrado de eritrócitos. Veterinary transfusion medicine plays an important role in stabilizing the critically ill patient. Unfortunately, pathogens such as Mycolasma haemocanis may be present in the donor's blood and be transmitted during the transfusion. Haemotropic mycoplasmas can cause subclinical disease, where asymptomatic carriers can be identified as healthy blood donors, increasing the risk of iatrogenic infection. The aim of this work was evaluating the survival of M. haemocanis in canine packed red blood cell, using the quantitative polymerase chain reaction (qPCR) technique, correlating with erythrocyte metabolism. Eight negative (Control group) and eight positive (Mycoplasma group) dogs for M. haemocanis, previously confirmed by qPCR, clinically healthy, which met the inclusion criteria as blood donors were selected. Blood transfusion bags (390 to 450 mL) containing 63 mL of CPDA-1 were collected from the selected animals and centrifuged to obtain packed red blood cells. Sampling were performed on days 1, 7, 18 and 29 during storage at 4°C and samples were analyzed by qPCR for determinate the presence of M. haemocanis. Log copy number/μL blood in real-time PCR assay was standardize using a synthetic gene as internal control. The parameters evaluated included pH, bicarbonate (HCO3-), potassium (K+), sodium (Na+), chlorine (Cl-), glucose, lactate and ammonia. Statistical analyzes were performed using the SAS 9.4 software by ANOVA between the negative and M. haemocanis positive groups, and finally a Pearson correlation were made to determine interactions between variables. M. haemocanis was detected in pRBC on days 1, 7, 18 and 29 of storage. Significant differences in biochemical parameters between the pRBC control and Mycoplasma group were observed over the course of storage. Correlations analysis were not identified between qPCR copy number/μL and biochemical parameters evaluated. Further studies are needed to assess the potential for M. haemocanis infection. However, the data from the present study are an important contribution, demonstrating the risk of transmission through the transfusion of canine packed red blood cell.