151. Aspectos da dinamica de populações da palmeira Attalea humilis Mart. ex. Spreng. em fragmentos de Floresta Atlantica sujeitos a fogo
- Author
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Souza, Alexandre Fadigas de, Martins, Fernando Roberto, 1949, Roces, Maria Elena Alvarez-Buylla, Ganade, Gislene Maria da Silva, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
- Subjects
Florestas tropicais ,Palmeira - Abstract
Orientador: Fernando Roberto Martins Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia Resumo: Um estudo da dinâmica de populações da palmeira acaulescente Attalea humilis Mart. ex. Spreng foi conduzido em três fragmentos (1,6; 6,4 e 9,9 ha) da Floresta Atlântica, no sudeste do Brasil, entre 1996 e 1999. Durante o período de estudo, os fragmentos foram atingidos por um incêndio antrópico que devastou parte da reserva na qual estão incluídos. o número de folhas e o comprimento da raquis da folha mais recentemente expandida foram medidos para todas as palmeiras encontradas em duas transecções perpendiculares de 10m de largura cruzando os fragmentos de borda a borda. Os seguintes aspectos da ecologia de populações da espécie foram estudados: 1) Caracterização de estádios ontogenéticos. Cinco estádios ontogenéticos foram distinguidos: Plântulas encontravam-se ligadas a restos seminais geralmente enterrados e apresentavam folhas inteiras; Juvenis apresentavam segmentação incompleta do limbo foliar. Indivíduos não reprodutivos com folhas pinatissectas foram divididos morfometricamente em dois grupos: os hnaturos, com menor número de folhas e comprimento da folha mais jovem menor e altamente variável, e os Virgens, com mais e maiores folhas, mas com comprimento da folha mais jovem mais constante. O tamanho crítico de copa para o qual imaturos e virgens puderam ser identificados variaram de acordo com o fragmento e o ano. Palmeiras Reprodutivas apresentavam estruturas reprodutivas. 2) Dinâmica da hierarquia de tamanhos. Não foram encontradas evidências consistentes de dependência da densidade no tamanho dos indivíduos das populações estudadas, avaliados através de analises de regressão entre variáveis ligadas ao tamanho da copa e a densidade das parcelas. Tanto para o número de folhas quanto para o comprimento da raquis da folha mais nova em todas as populações, diferenças de tamanho entre palmeiras em uma mesma categoria ontogenética tenderam a diminuir ao longo do processo de maturação da espécie. Palmeiras jovens foram danificadas heterogeneamente pelo fogo, enquanto a maioria das palmeiras imaturas tiveram 50 - 75% de sua copa destruída, e os adultos mostraram uma grande proporção de plantas sem nenhum sinal de destruição da copa. Dezoito meses após o incêndio os indivíduos tenderam a apresentar uma menor desigualdade em relação ao número de folhas entre categorias ontogenéticas em todos os fragmentos. Sugerimos que a heterogeneidade ambienta!, poderia agir como filtros ambientais selecionando os indivíduos que são recrutados para a categoria imatura. Estes indivíduos apresentariam crescimento e sobrevivência maiores e tamanhos menos desiguais: 3) Distribuirão espacial de estádios ontogenéticos. As palmeiras estavam significativamente agregadas em várias escalas, mas uma redução no grau de agregação ocorreu de plântulas para adultos em todos os fragmentos. o fogo aumentou temporariamente o grau de agregação dos jovens. Estádios ontogenéticos não foram encontrados nas mesmas parcelas com maior freqüência do que esperado ao acaso na maioria dos casos, mas uma associação positiva significativa de reprodutivos em diferentes anos foi encontrada em dois fragmentos. A distribuirão das palmeiras entre setores dos fragmentos variou de acordo com o estádio, fragmento e o ano, mas foi consistente no tempo sendo pouco afetado pelo fogo. Não foi encontrada uma relação geral entre a densidade de palmeiras e a distância da borda do fragmento, mas sim uma resposta complexa e esporádica. Sugerimos que a dispersão de sementes a curta distância por roedores pode resultar em agregados discretos e de baixa densidade de palmeiras jovens dissociados de plantas reprodutivas e que estádios posteriores ficam restritos a sítios mais abertos, perturbados e sujeitos ao fogo: 4) Demografia. Em todos os anos a densidade de palmeiras no fragmento de tamanho intermediário (750 - 900 palmeiras ha-l) foi significativamente maior e apresentou maio amplitude do que nos outros fragmentos (130 - 200 palmeiras ha-l e 120 - 150 palmeiras ha l).A estrutura de estádios das populações variou com o fragmento e o ano, mas em geral os estádios posteriores foram mais abundantes do que os iniciais. A população no fragmento mais denso estava concentrada em seu setor mais perturbado. Tanto a taxa de crescimento populacional (I..) projetada quanto a observada foram significativamente maiores do que a unidade no menor fragmento mas similar á unidade no fragmento maior. Taxas de crescimento populacional baseadas em modelos matriciais foram mais sensíveis a mudanças na sobrevivência de plântulas, virgens e imaturos, e relativamente insensíveis a mudanças no crescimento e fecundidade. Depois do fogo, as populações permaneceram estáveis em todos os fragmentos exceto no de tamanho intermediário, onde uma tendência decrescente foi observada. A estrutura de estádios de todas as populações foi marcadamente alterada pelo fogo através da concentração da maioria dos indivíduos no estádio imaturo, de tamanho intermediário, mas esta tendência foi parcialmente revertida no segundo ano após o incêndio. Estes resultados poderiam indicar que a habilidade de rebrota de A. humilis, juntamente com sua tendência de persistir e crescer em áreas perturbadas promovem o crescimento populacional em fragmentos florestais pequenos e impactados, mas este crescimento pode ser revertido pelo crescimento secundário denso que tem lugar após incêndios ocasionais Abstract: A study of the population dynamics of the acauIescent palm Attalea humilis Mart. ex. Spreng was conducted in three fragments (1.6, 6.4 and 9.9ha) of the AtIantic Forest, in southeastern Brazil, fiom 1996 to 1999. In late 1997, the fragments were damaged by a wildfire that burned part of the reserve they are part of. Leaf number and Ieaf rachis 1ength of the newest expanded Ieaf were measured for palms in two 10 m-wide transects which eut aeross eaeh fragment. The following aspeets ofthe popu1ation eco10gy ofthe species were studied: 1) Characterisation olontogenetic stages. Five ontogenetie stages were distinguished: Seedlings were attached fruit remains that were buried and presented entire Ieaves; Juveniles possessed incomp1ete segmentation of the bIade. Pinnatifid-Ieafed, pre reproduetive individuaIs were morphometrically divided in two groups: the Immature, with fewer Ieaves and smaller but highIy variable youngest leaf1ength, and Virginile, with more and Iarger Ieaves, but more constant youngest Ieaf Iength; the critic crown size by which immature and virginile could be identified varied with fragment and yearo Reproduetive palms presented reproductive structures. 2) Size hierarchy dynamicso We found scant evidence of density-dependent size in the populations studied, as measured by regression analysis between crown size variabIes and pIot densityo For both Ieaf number and newest Ieaf rachis Iength and alI populations, size differences among palms in the same ontogenetic category tended to diminish along the species' maturation processo Young palms were heterogeneously damaged by fire, while most immature palms had 50 - 75% of their crown destroyed, and aduIts showed a high proportion of pIants without any sign of crown destruction. Eighteen months after fire individuaIs tended to show reduced inequality in regard to the number of Ieaves among ontogenetic categories in alI fragments. We suggest that environmental heterogeneity could act as environmental sieves selecting individuals that are recruited to the immature category. These individuaIs would show enhanced growth and survival and less unequal slzes; 3) Spatial distribution of ontogenetic stages. Palms were significantly clumped in a range of scales, but a marked reduction in clumping degree occurred from seedling to the adult stage in alI fragments. Fire increased temporarily the clumping degree of the young. Ontogenetic stages were not found in the same plots more often than expected by chance in the majority of cases, but a significant positive association of reproductive palms between years was found in two of the :fragments. Palm distribution among fragments sectors varied with stage, :fragment and year, but was consistent between years, being little affected by tire. No general relationship between palm density and distance from fragment edge could be detected, bu a complex and sporadic response was found instead. We suggest that short distance seed dispersal by scatterhoarding rodents results in discrete, low-density clumps of young palms dissociated from reproductive plants and that later stages are mostly restricted to more open, disturbed and fire-prone sites; 4) Demography. For alI years, palm density in the medium-sized fragment (750 ¿ 900 palms ha-1) was significantly higher and varied in a broader range than in the two other fragments (130 - 200 palms ha-l and 120 - 150 palms ha-l). The stage structure of the populations was dependent on :fragment and year, but later stages were genera11y more abundant than initial ones. The population in the denser :fragment was concentrated within its disturbed sector. Both observed and projected population growth rates (Â.) were greater than one in the smallest fragment but similar to one in the largest fragment. Population growth rates based on matrix models were most sensitive to changes in survivaI of seedlings, virgins and the immature, and relatively insensitive to changes in growth and fecundity. After tire, populations remained stabIe in aII fragments but the medium-sized one, where a declining tendency took place. After tire, most individuaIs were concentrated in the medium-sized, immature stage, but by the second year after tire most popuIations had retumed to pre-fire stage structure. These results could indicate that the _esprouting ability of A. humilis, coupled with its tendency to persist and thrive in disturbed areas promote popuIation growth in disturbed small forest fragments, but this growth may be hindered by dense secondary regrowth following occasional tires Mestrado Mestre em Ecologia
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- 2021
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